No dia 31 deste mês, um dos heróis da última conquista nacional do Vasco vai dar adeus ao clube. O contrato de Eder Luis se encerra e não será renovado. Em tom de despedida, o atacante de 32 anos deixa São Januário grato pelo que viveu, mas ciente de que a última temporada foi longe do que ele esperava.
Eder recebeu, inclusive, homenagem na última partida do Vasco do ano. O técnico Zé Ricardo, a quem o atacante elogiou bastante, o colocou no segundo tempo da partida contra a Ponte Preta. Foi uma espécie de tributo ao atacante, que teve dificuldade para segurar a emoção.
- O último jogo, da forma que vi São Januário... Você começa a imaginar as coisas que já passou ali, tantas coisas que você fez. Já começa a sentir saudade. Acho que é momento de gratidão, de tudo que o Vasco fez por mim, desde 2010, quando abriu as portas. A partir disso consegui fazer algo pelo Vasco e me firmar no futebol.
Eder jogou pouco em 2017. Mais por questões técnicas do que por físicas. Ele faz questão de ressaltar que está curado da grave lesão no joelho que o atrapalhou durante a carreira. Com Zé, voltou a ter mais espaço, mas, com Milton Mendes, ele não se sentiu respeitado: chegou a treinar até como zagueiro.
Confira a entrevista com Eder:
GloboEsporte.com: O Vasco foi o clube mais importante da sua carreira?
Eder Luis: Se torna, sim, porque foi o lugar em que vivi mais tempo. Todos os clubes eu me identifiquei muito. Com o Vasco foi maior pela conquista que eu tive (Copa do Brasil de 2011), era um clube que não ganhava há muito tempo, consegui ajudar a equipe a vencer, participando diretamente. Foi uma conquista que marcou muito, eu sou feliz porque antes de sair eu falei numa roda lá que a gente tem oportunidade de passar por um clube grande e tem que fazer história, porque é isso que conta, esses clubes grandes que dão oportunidade.
Deu para aproveitar o último ano?
Soube aproveitar bem, queria ter aproveitado mais, mas graças a Deus consegui cumprir meu contrato até o final. Eu olho tudo o que fiz e me sinto orgulho. Meus companheiros, as pessoas que estavam do meu lado, viram que independente de jogar, a forma que eu treinava era a mesma coisa. Se não joguei, foi opção. Mas eu sempre encarava que um dia eu teria oportunidade. Foram poucos minutos, mas tentei aproveitar ao máximo possível. Não foi um ano fácil, joguei muito pouco, tive pouca participação, poderia ter ajudado mais, mas infelizmente não foi possível.
Algumas pessoas têm dúvida sobre minha lesão, e eu não tenho mais lesão. Esse ano se for procurar saber eu parei duas vezes no Caprres. Graças a Deus o mais importante na minha carreira eu superei, que foi minha lesão, isso tem que ficar bem visível.
Você foi pouco aproveitado durante este ano. Chegou até a treinar como zagueiro. Como foi isso?
Eu queria ter oportunidade de falar, queria que as pessoas entendessem. Faltou respeito na minha visão. Quando você pega o jogador que marcou história no clube e sequer respeita a posição dele, é coisa para chatear. Eu fiquei muito chateado, para baixo, mas tentei superar todos os meus momentos. Treinei de lateral, de zagueiro, lateral-esquerdo, volante, só não passei de goleiro.
Encarei isso como uma lição de vida, creio que vão vir coisas pela frente. Esse ano foi de aprendizado na minha vida. Não sei o que aconteceu nem procuro saber, a única coisa que deixo é que em todos os momentos eu sempre me empenhei ao máximo, sempre deixei bem claro, não tem como falar de mim. Sempre fui grande profissional, procurei fazer o melhor.
Como foi sua relação com o Milton?
Complicado falar, sabe? Às vezes a gente entra em coisas que não tem necessidade. Até na despedida tem que escutar que ele me ajudou. Como um cara que te ajudou põe você na lateral, de zagueiro, se você sequer tem oportunidade de disputar com igualdade jogadores da posição? Vida que segue. A vida dele seguiu, a minha também. Espero ter aprendido.
O que mudou com a chegada do Zé Ricardo?
Foi um cara que me deu felicidade, esperança, me respeitou. Acreditou em mim, independente de poucos minutos, mas foram importantes para a equipe. A última preleção antes do jogo ele colocando a minha importância, depois num jogo falando q eu merecia jogar pela importância pelo clube. Foi um cara que me valorizou muito. Fiquei feliz pela declaração dele de que valorizou meus treinos, isso para mim foi muito importante. Quero somente agradecer. Não sei se vou trabalhar com ele, mas vou levar para o resto da minha carreira. Desde que chegou me respeitou muito.
Como foi entrar naquele último jogo contra a Ponte Preta?
Estava curtindo. Pensei: "Vou curtir todos esses minutos que posso, tentar fazer aquilo que sempre gostei, que é jogar em velocidade". Depois que acabou o jogo eu chorei muito, porque é um clube que eu não queria que terminasse assim, da forma que foi esse último ano. Quero pedir desculpas para algumas pessoas que eu fiz algum mal, foi um ano muito dificil, sofri muito, queria ter feito mais, ajudado mais. Chorei de alegria porque foi um clube que eu me doei ao máximo, mas ao mesmo tempo triste porque não pude ajudar naquilo que podia. Foram sensações opostas de alegria e tristeza.
Acredita que ainda pode jogar em alto nível?
Me vejo muito bem, treinando bem. Preciso de um pouco de ritmo. Se pegar pré-temporada desde o início e tiver sequência boa, acredito que tenho muito a dar ainda. Não quis falar nada, comentar nada, entrar em negociação, o que eu queria era focar no Vasco e terminar bem as coisas. A gente é atleta, fica naquela expectativa de quem sabe renovar. Eu quis viver o Vasco. Agora vou esperar o contrato chegar no final, tenho dezembro todo, acredito q meu empresário deve me dar alguma notícia.
O que você leva de mais marcante do Vasco?
Quando cheguei, eu vi um Vasco muito difícil. Foi quando tive um meio do ano muito bem, até cheguei a representar o Vasco no Craque do Brasileirão. Foi a Copa do Brasil, não teve outro momento diferente desse. Foi o mais importante para mim não só por ter feito gol. O torcedor estava precisando de um título importante. Igual a essa conquista q tivemos de pré-Libertadores. Isso é conquistada de clube grande. Mas, para mim, (o mais marcante) foi a Copa do Brasil.