Os holofotes, por muito tempo, iluminaram os seus passos em campo. Os cantos das torcidas quase sempre tinham os nomes deles nas letras. Seus rostos costumavam estampar as capas dos jornais. Marcão e Valdir entraram para história do clássico entre Fluminense e Vasco e o amor pelos dois times segue intacto. Há anos, porém, que a atmosfera deste duelo - como o deste domingo, às 18h30, no Engenhão - está só na memória. Auxiliares-técnicos em seus clubes, eles reviveram, fora das quatro linhas, a rivalidade e o passado de glórias.
Marcão chegou às Laranjeiras em 1999, o ano mais dramático da história do Fluminense, prestes a disputar a Terceira Divisão do Brasileiro. Com raça no meio de campo, o ex-volante logo conquistou a torcida. Pelo Tricolor, ganhou a Série C e os Cariocas de 2002 e 2005, tornou-se ídolo, ficou até 2006, criou raízes e até hoje é lembrado pelos torcedores. Contra o Vasco, ele cita o clássico da semifinal da Taça Rio de 2005, vencido pelo Fluminense, nos pênaltis, após empate em 1 a 1, como o mais marcante.
“O Vasco tinha um timaço e nos deu força para chegarmos bem à final com o Flamengo e, depois, contra o Volta Redonda”, lembrou Marcão, disposto a passar sua experiência para o atual elenco: “Nos bastidores tentamos deixá-los com a cabeça boa para fazer um grande jogo.”
A relação de Valdir com o Vasco é ainda mais intensa. Revelado na Colina, o ex-atacante estreou entre os profissionais após conquistar a Copa São Paulo de Juniores, em 1992, e foi fundamental no então inédito tricampeonato carioca (1992-93-94), com direito a jogos memoráveis contra o Fluminense.
“Foram tantos jogos bons, mas destacaria aquela decisão de 1994. Não fiz gol (Jardel marcou duas vezes), mas fechamos um objetivo que buscávamos há três anos”, ressaltou.
Dono de um exuberante bigode, sua marca registrada no futebol, Valdir, ídolo dos vascaínos, voltaria a São Januário anos depois para mais uma decisão. Em 2003, outra vez levou a melhor sobre o Fluminense, no último título estadual conquistado pelo Vasco.
“Não me considero carrasco, mas tive um pouquinho de sorte contra eles (risos)”, brincou o ex-atacante: “O cara que tem uma história no clube pode passar o algo a mais e é isso que tento fazer hoje com o grupo.”
Em campo, Marcão e Valdir chegaram a se enfrentar algumas vezes, mas ambos garantem que a rivalidade ficava em campo. “Valdir é meu parceiro, irmão, vizinho de Santíssimo. Vamos combinar um refrigerante depois do clássico, mas vai dar Fluminense”, disse Marcão.
“Ele é meu camarada, mas essa o Vasco não perde. Vai dar 2 a 1”, rebateu Valdir.