Ídolo do Vasco como jogador, Ramon Menezes ainda gera um ponto de interrogação no torcedor vascaíno sobre suas características como treinador. Promovido oficialmente ao cargo na última segunda-feira (30) para substituir Abel Braga, o ex-auxiliar fixo, porém, conta com a confiança e a admiração de profissionais que trabalharam com ele recentemente no clube.
O técnico Alberto Valentim, por exemplo, que comandou a equipe de janeiro até abril de 2019, destacou sua personalidade e dedicação no dia a dia, além de sua capacitação — Ramon tem a Licença PRO da CBF e é formado na Associação Brasileira de Técnicos de Futebol.
"Foi uma experiência muito bacana que nós vivemos juntos no Vasco, no ano passado. Fomos campeões invictos da Taça Guanabara. O Ramon teve uma parcela muito importante para essa conquista. Muito honesto, correto, participativo, procurando ajudar o tempo todo. Muito estudioso, procurando sempre conversar, dialogar, fazer o papel que é de um integrante da comissão técnica. Agora, como treinador, tenho certeza de que irá colocar suas ideias, será abraçado pelos jogadores do Vasco, porque eles o conhecem bem, sabem da capacidade dele, mas sabem também como ele é como homem, o caráter que ele tem. Quero te desejar, Ramon, toda felicidade do mundo, sucesso e que você tenha muitas conquistas nesse novo desafio", disse Valentim ao UOL Esporte.
Auxiliar-fixo de Vanderlei Luxemburgo, Maurício Copertino também conhece bem Ramon, com quem fez uma dobradinha no Vasco de maio até dezembro de 2019. Hoje no Palmeiras com Luxa, o profissional destacou o bom relacionamento que o treinador tem com o atual elenco cruzmaltino:
"Achei uma ótima escolha da diretoria do Vasco. É um ótimo profissional, um ex-atleta que se preparou muito e tem uma ideia muito clara do que quer dentro do futebol. Além disso, tem um ótimo relacionamento com os jogadores e conhece eles, características que são pilares para um treinador ter sucesso dentro de um clube. Torço para que as coisas andem da melhor maneira possível e desejo muito sucesso ao Ramon".
Levado ao Palmeiras por indicação de Luxemburgo, o fisiologista Daniel Gonçalves foi quem conviveu mais tempo com Ramon durante toda a temporada de 2019. A dupla, no entanto, é companheira de longa data e fez praticamente junta os cursos da CBF e da ABTF.
"Eu já tinha trabalhado quando ele era jogador, e ali já tinha percebido que era um atleta que tinha uma condição, um perfil para depois se tornar um profissional da área técnica. Tanto é que a gente já se mantinha em contato sobre os cursos, tinha esse desejo. Ele tinha uma visão mais estratégica como jogador, era líder com o exemplo, se preocupava muito com o dia a dia do clube. Além disso é um cara muito querido, não é um cara de conseguir pela imposição, preza pelo diálogo", destacou.
Das características como treinador, além da parte teórica, Gonçalves enalteceu também a intensidade e o foco em questões técnicas, táticas e de fundamentos individuais dos atletas, algo que o fez ganhar a admiração do experiente Vanderlei Luxemburgo.
"Como treinador, é muito antenado às questões de jogo, estuda bastante, está sempre lendo. Como ex-atleta, ele tem uma situação que é o desenvolvimento individual do jogador, não só da parte técnica, como tática do jogador. A estratégia individual do atleta para a situação que irá surgir, o posicionamento do corpo, como é o domínio, como fará para aproveitar a característica do companheiro... Ele fazia muito isso nos trabalhos de complemento. Ele era muito atento nisso. O Vanderlei gostava muito disso e deixava ele trabalhando. Quando tinha atividade dos não relacionados [para os jogos], ele que dava o treinamento e era muito intenso sempre. É um sujeito preparado. Ainda está em desenvolvimento da carreira, mas esse casamento com o Antônio Lopes [novo coordenador técnico do Cruz-Maltino], por ser um profissional consagrado, ter um perfil de comando, de vestiário, tende a ser muito proveitoso".
A reportagem também tentou obter a opinião de Vanderlei Luxemburgo, mas o treinador não está concedendo entrevistas neste período de paralisação do futebol por conta da epidemia do coronavírus.