Habilidosa, X., de 17 anos, fazia embaixadinhas com os pés descalços na quadra do Educandário Santos Dumont (ESD), na Ilha do Governador, pouco antes do jogo do Brasil, ontem. Uma das 29 jovens da única unidade de internação feminina para menores infratores do Rio, ela leva o futebol a sério. Cabelo curto, pulseiras nos dois braços e andar gingado, a garota já fez parte de equipes de divisão de base do Vasco.
Torcedora fanática do time da Cruz de Malta, ela quer voltar a jogar. Mas não faz média. Diz que prefere o futebol da seleção argentina ao do Brasil, nesta Copa:
Dunga não escalou a seleção bem reclama.
Como X., as internas do ESD, entre 13 e 20 anos, assistiam ao jogo numa TV instalada no refeitório da unidade. Sentadas em cadeiras plásticas e atentas às jogadas, elas se levantavam a cada gol do Brasil para comemorar. Por alguns segundos, podiam esquecer que estão afastadas do convívio com os demais brasileiros. No intervalo do jogo, parte delas vai para a quadra ensaiar dribles e chutes.