Barrados do baile e da festa de campeão. Um grupo de aproximadamente 30 vascaínos foi impedido de acompanhar a final do Campeonato Carioca no Maracanã e passou praticamente toda a partida do lado de fora, grudado no portão 3, ao lado do Setor Norte, destinado à torcida do Botafogo. Entre eles estavam pessoas com ingressos duplicados, que ao tentarem acessar o estádio tiveram seus bilhetes acusados pelas catracas como já utilizados, e outros que chegaram a entrar na arquibancada onde era a concentração de botafoguenses, mas foram retirados pelo Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe). Segundo a Polícia Militar, tinha gente até de Brasília que veio ao Rio de Janeiro para a decisão.
A concentração em frente ao local começou antes do jogo e foi crescendo durante o primeiro tempo. A esperança de todos ali era de poder passar pelo portão, seja para ir à arquibancada ou ter acesso ao Juizado Especial Criminal (Jecrim-RJ), localizado na parte interna do estádio, para prestar reclamação. Mas o tempo foi passando... Alguns foram falar com um dos seguranças particulares que tomava conta da ala Norte e retrucaram a explicação de que ali só era permitida a entrada de botafoguenses.
- Por que venderam para a torcida do Vasco então?
Na metade do primeiro tempo, uma pequena entrada chegou a ser aberta, mas poucos foram liberados e encaminhados ao Jecrim, mais mulheres e crianças. A maioria, com ingressos na mão, permaneceu para fora, e policiais e seguranças precisaram conter uma ameaça de invasão momentânea. O portão voltou a ser fechado, deixando os vascaínos revoltados. Sentimento só amenizado pelos berros de dentro do estádio. Era o gol de Rafael Silva, aos 45 minutos, abrindo o placar para o Cruz-Maltino. Gritos de "Uh, pula ae, deixa o caldeirão ferver, oh" seguidos de "por favor, deixa a gente entrar". O policiamento pediu que eles formassem uma fila e aguardasem esvaziar o juizado para serem liberados, o que não aconteceu enquanto a reportagem esteve no local, até parte da etapa final.
Os que foram retirados do Setor Norte disseram que receberam a promessa de que seriam levados para o lado destinado aos vascaíos e que teriam sido enganados quando terminaram de descer a rampa de acesso à arquibancada. Comandante do Gepe, o tenente-coronel João Fiorentini, negou a alegação. Segundo ele, todos foram removidos em segurança para evitar conflito com a torcida do Botafogo e frisou que, quem se sentir lesado, tem o direito de procurar o Juizado do Torcedor. Outro problema encontrado na final foram os ingressos falsificados. De acordo com funcionários do Maracanã, as falsificações são bizarras. Em um dos papéis, bastava passar os dedos para que a tinta com dados da partida decisiva saísse.