No esporte em geral, especialmente no futebol, o craque tem a incumbência de desequilibrar. Porém, quando este vive mau momento, a equipe pela qual atua, num claro sinal de dependência, costuma cair clamorosamente de rendimento. O efeito inverso também acontece quando um grande jogador desperta para a boa fase. Automaticamente os bons resultados começam a aparecer.
Em um levantamento feito com base nas notas do Troféu Armando Nogueira - comparando médias do fim do primeiro turno com as de agora, após a 36ª rodada -, algumas conclusões foram tiradas. Com campanha apenas regular na primeira metade do Brasileirão, quando Fred tinha a baixa média de 5,80, o Fluminense cresceu de forma meteórica e conciliada com o agora excelente momento do camisa 9. Dos 20 gols marcados pelo vice-artilheiro do Brasileiro, 85% foram no segundo turno. O fato levou o jogador à média de 6,72 e deu ao Tricolor carioca a possibilidade de estar entre os clubes que brigam pelo título a duas rodadas do fim. Vale lembrar que para a seleção parcial do campeonato, Fred tem a média de 6,92, já que ganhou bônus de 0,05 em cada uma das quatro vezes que foi eleito o craque da rodada.
Na contramão dessa história estão o Flamengo e o São Paulo, muito por conta da queda de rendimento de Ronaldinho Gaúcho e Lucas, respectivamente. Já fora da luta pelo título, mas ainda sonhando com Libertadores, Rubro-Negro carioca e Tricolor paulista acreditavam chegar mais longe. Para isso, ambos contavam com um melhor desempenho de seus craques. R10 chegou a liderar a corrida pelo prêmio de melhor do campeonato, ostentando a excelente média 7. Porém, o mau desempenho no returno, com direito a mais de dois meses sem marcar sequer um gol, desceu para 6,46. Já Lucas teve variação de - 0,43 do fim do primeiro turno até a rodada do último fim de semana, numa curva tão descendente quanto a do São Paulo no decorrer da competição.
O Botafogo teve parcela de culpa de sua queda compartilhada entre seus principais jogadores. Bruno Cortês, Elkeson e Loco Abreu não conseguiram manter o bom nível que vinham apresentando na primeira parte da competição e desceram a ladeira juntamente com o restante do time alvinegro. Além de Fred, citado acima, o Fluminense deve um pouco de seu momento mágico ao bom desempenho de Deco e Rafael Sobis nos últimos meses.
O líder Corinthians não tem grandes variações quando o assunto é o rendimento de seus atletas. Isso explica a campanha equilibrada que o time treinado por Tite vem fazendo até aqui. A única evolução sensível foi a do zagueiro Paulo André, que subiu a sua avaliação em mais de um ponto na média e conquistou a titularidade ao lado do sempre regular Leandro Castán. Outro que mantém o bom nível no início do Brasileiro é o volante Paulinho, o melhor entre todos os concorrentes da posição. Algo parecido acontece justamente com o vice-líder, o Vasco. Dedé e Diego Souza se mantiveram em bom nível durante toda a competição e ainda contaram com a recente melhora de desempenho do craque Felipe
Lincoln, do Avaí, e Julio Cesar, do Grêmio, são dois casos de jogadores que subiram de produção depois que mudaram de clube. Antes de se transferir para o futebol catarinense, o meia defendeu o Palmeiras em seis partidas e teve a baixa média de 5,08. No Avaí desde o fim do primeiro turno, subiu o seu conceito para 5,91. Julio Cesar não fica atrás e também goza de uma curva ascendente desde que trocou o Tricolor carioca pelo gaúcho. Sua média elevou de 5 para 5,83 a partir da mudança de ares.
Apesar de não ter brigado pelas primeiras posições em nenhum momento, o Santos tem o melhor jogador do campeonato. O alto nível das atuações de Neymar foi coroado pela nota 10 que recebeu diante do Atlético Paranaense, já no segundo turno. A média do craque variou em mais de 0,30 da metade do torneio em diante. Praticamente livre de uma situação que parecia irreversível, o Atlético-MG deve parte de sua ascensão à fase espetacular do volante Pierre. O volante é um dos pilares da reação do time comandado por Cuca.