A estreia do Desafio das Torcidas, ontem, em Brasília, foi uma verdadeira festa. A prova de cinco quilômetros foi diferente das tradicionais corridas de rua de Brasília. Além de correr atrás de mais saúde e qualidade de vida, os participantes tinham o objetivo de, em equipe, defender o seu time do coração.
Na corrida, cerca de 700 corredores-torcedores vestiram a camisa dos clubes que amam. Mas, ao contrário do que muitas vezes se vê nos estádios de futebol, não houve disputas e rixas entre as torcidas. Aliás, como resumiu o organizador do evento, Leandro Naves, a ideia era reunir as pessoas que amam os esportes e promover a união e a confraternização das torcidas.
E parece que deu certo. Claro que as piadas entre torcedores de preferências distintas não foram deixadas de lado. E nem podiam, afinal, fazem parte do espírito esportivo. Marcelo Alves, 33 anos, Rafael Fernandes, 33, e Fábio Augusto, 29, são amigos há muitos anos. Só divergem na hora do futebol. Pela ordem, torcem por Vasco, Botafogo e Flamengo e participaram da corrida vestidos a caráter. Marcelo e Fábio correm há mais tempo. Rafael disputou uma prova do gênero pela primeira vez, com uma motivação extra. Me sinto defendendo meu time, brincou.
Como costumam fazer sempre, a médica Marinã Ramthum, 29, e a enfermeira Helena Ramthum, 52, correram juntas no desafio. Mas ontem o clima foi diferente. Mãe e filha torcem para times diferentes Marinã é flamenguista e Helena, Fluminense. Nós fomos muito democráticos em casa e ela acabou escolhendo esse time, disse a mãe, entre risos.
As duas amam futebol, não perdem os jogos e chegam a chorar pelos seus times. A rixa é saudável, mas Marinã admite que, quando pequena, ficava muito irritada com as brincadeiras da mãe quando o Flamengo não ia bem. Ontem, mais rápida que a filha na prova, Helena não perdeu a chance de cornetar a filha, afirmando quem havia vencido a corrida: O Fluminense, é claro.
União entre os torcedores
Acima da paixão pelo time de futebol, o Desafio das Torcidas provou que atletas, sejam amadores e profissionais, adoram os esportes acima de tudo. O técnico de atletismo do Cruzeiro, Alexandre Minardi, inscreveu cinco atletas de elite na prova. Viemos mostrar que essa união de torcidas é importante, comentou Minardi.
Uma prova de que a harmonia é possível entre torcedores de clubes diferentes foi o alvoroço provocado pela presença de Franck Caldeira. Campeão da Corrida de São Silvestre em 2006, o atleta do Cruzeiro é um dos mais conhecidos do país. Dono de vários títulos, Caldeira é bicampeão da Corrida de Reis, disputada em Brasília.
Ontem, entre os atletas, as preferências futebolísticas foram deixadas de lado. Os amantes da corrida queriam mesmo era fazer fotos com o campeão da São Silvestre. Na fila, havia vascaínos, flamenguistas, palmeirenses, são-paulinos e torcedores de vários outros clubes. Esse evento mostra mais uma vez que a corrida sai na frente quando o assunto é unir as pessoas, disse Caldeira, segundo a concluir a prova, com apenas um segundo de diferença do companheiro de time, o atleta Luis Paulo da Silva Antunes.
Classificação final
» Primeira divisão
1° lugar: Flamengo 621 pontos
2° lugar: Botafogo 604 pontos
3° lugar: Fluminense 574 pontos
4° lugar: Vasco 559 pontos
5° lugar: São Paulo 534 pontos
» Segunda divisão
1° lugar: Palmeiras 714 pontos
2° lugar: Cruzeiro 681 pontos