O Vasco, enfim, conseguiu a liberação de público em São Januário. Depois de 83 dias de interdição, o clube e o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, assinaram, na manhã desta quarta-feira, o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o objetivo de liberar o estádio de São Januário a receber a presença de público.
A assinatura do TAC aconteceu na sede do Ministério Público do Rio de Janeiro ainda durante esta manhã, em reunião entre representantes do Vasco e o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos. Agora, o documento será enviado ao Poder Judiciário para homologação e encerramento da ação judicial que proibia a presença de torcedores em São Januário.
No TAC, que foi apresentado pelo próprio Vasco na última semana, o clube assume uma série de compromissos para melhorar o acesso e segurança dos torcedores no estádio de São Januário. Entre as medidas, estão o aumento no número de catracas, implementação do acesso com biometria e reconhecimento facial e aumento na quantidade de câmeras dentro do estádio.
O último passo para a assinatura do TAC foi a vistoria realizada Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro na última sexta-feira. O laudo foi finalizado na terça-feira e enviado ao Ministério Público.
Com a liberação do público em São Januário, o Vasco espera contar com a presença da torcida na partida contra o Coritiba, no próximo dia 21 de setembro, pela 24a rodada do Campeonato Brasileiro. O jogo contra o São Paulo, no começo de outubro e que estava marcado para o Mané Garrincha, pode voltar para São Januário.
Vasco foi punido em decisão polêmica e com relato preconceituoso
Desde a confusão na partida contra o Goiás, pelo Campeonato Brasileiro, no fim de junho, o Vasco vinha sofrendo com punições esportivas e pela justiça comum. O Vasco foi punido pelo STJD com quatro jogos sem público – já cumpridos. Além disso, com uma decisão polêmica e baseada num relato preconceituoso de um juiz sobre a Barreira do Vasco, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro interditou inicialmente o Estádio de São Januário para receber qualquer tipo de evento esportivo. Em seguida, a Justiça liberou o local para receber jogos, mas sem público. Assim, São Januário já estava fechado para o público há 82 dias. Neste período, o clube teve seis jogos como mandante e ainda vai realizar o clássico com o Fluminense, no próximo sábado, no Nilton Santos.
Além das medidas de segurança e de logística em São Januário, o Vasco promoveu uma grande mobilização para conseguir a liberação do estádio. Vereadores, deputados, senadores, o prefeito Eduardo Paes e, depois de um tempo, o governador Cláudio Castro também se pronunciaram pedindo a liberação. Os deputados estaduais Tarcísio Motta (PSOL) e Dani Monteiro (PSOL) fizeram um abaixo-assinado e conseguiram mais de 16 mil assinaturas solicitando o fim da interdição da Colina. O clube também recebeu o importante apoio da Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que se posicionou pela liberação do estádio.
Vasco também lançou um manifesto criticando a decisão e pedindo a liberação do estádio. Além disso, há cerca de dez dias, durante a partida contra o Bahia, na Arena Fonte Nova, milhares de torcedores do Vasco se reuniram em São Januário para acompanhar a partida e se manifestarem pela liberação da Colina para a torcida.
Entre outras medidas, o Vasco também se reuniu com as torcidas organizadas do clube no começo desta semana. Os torcedores assinaram um termo de compromisso em relação ao “ao cumprimento das normas vigentes expedidas pelas autoridades públicas, respeito, igualdade, inclusão, transparência, não violência, preservação da história, dos ideais, do patrimônio e das conquistas do Vasco da Gama”. O documento foi anexado pelo clube no TAC.