A eliminação para o maior rival na semifinal do Carioca ainda dói, mas em um recorte geral, o saldo do Vasco no estadual também tem pontos positivos. Hoje o time tem uma identidade e é competitivo, mas ainda carece de material humano e mais talento para brigar no topo do futebol brasileiro.
O Vasco terminou o Carioca em terceiro, voltou a vencer clássicos e, apesar das duas derrotas na semifinal, fez duelos equilibrados contra o Flamengo. O rival, no entanto, teve mais qualidade e opções na hora de decidir. Além disso, fora um tropeço para a boa equipe do Volta Redonda, o time de Maurício Barbieri passou tranquilo pelos clubes pequenos do Rio.
Era possível conquistar o Campeonato Carioca? Em determinado momento da competição, foi possível vislumbrar o título. Mas hoje o projeto do Vasco ainda está muito atrás de Flamengo e Fluminense. A terceira colocação condiz mais com o atual momento do clube.
O time de Maurício Barbieri cumpriu seu papel no Carioca. Encerrou um longo jejum de nove derrotas seguidas em clássicos, venceu Botafogo e Flamengo e teve momentos de bom futebol. A eliminação na Copa do Brasil para o ABC, na segunda fase, no entanto, é que fugiu totalmente do script e manchou o primeiro trimestre do Vasco.
Identidade
Barbieri não passou ileso a críticas por uma escolha ou outra nos jogos decisivos do Carioca, mas é impossível não reconhecer os méritos do trabalho do treinador até agora. O Vasco rapidamente ganhou uma identidade. É um time que propõe jogo, explora amplamente os avanços dos laterais e cria muitas chances.
Ainda falta mais poder de criação pelo meio e mais qualidade nas finalizações, mas isso também passa pelo material humano disponível. Fato é que, por vezes com dificuldades e apesar de suas limitações, o Vasco hoje é um time que cria muito e incomoda.
Competitividade
Por ser um time que conseguiu criar até mesmo contra equipes consideradas mais fortes, o Vasco é competitivo. Ganhou e perdeu, mas bateu de frente e fez jogos duros nos clássicos contra seus três rivais cariocas. O jogo fora da curva ocorreu contra o ABC, quando a equipe de Barbieri atuou muito mal, não criou chances e foi eliminada nos pênaltis na Copa do Brasil.
- O Vasco hoje é uma equipe competitiva. O Brasileiro não é só isso, claro. Temos duas frentes de atuação: fortalecer o trabalho e o modelo de jogo e seguir reformulando e fortalecendo o elenco. Acho que a gente entra competindo. Temos que lembrar que, estatisticamente, o número de times que sobem da Série B e voltam é muito grande. Mas hoje a gente é competitivo e temos de melhorar para ser mais do que isso – analisou Barbieri.
Pontos a melhorar
O sistema defensivo, em um balanço geral, também deixou boa impressão e fez alguns bons jogos contra os principais rivais. Falhas individuais, no entanto, custaram caro. Contra o Flamengo, por exemplo, foram muito erros, o que resultou em seis gols do adversário em dois jogos. É algo que precisa ser trabalhado.
Assim como a efetividade ofensiva da equipe. O time cria, mas perde muitos gols. Pedro Raul é artilheiro e foi quem mais balançou as redes pelo Vasco nesta temporada, com sete gols, mas demonstrou abatimento ao perder três pênaltis. Vai precisar recuperar a confiança no Campeonato Brasileiro.
Até por isso ficou claro que o clube precisa de um jogador para disputar posição com o camisa 9. Hoje, a única alternativa no elenco é o jovem Eguinaldo, que não começou bem a temporada e tem característica bem diferente de Pedro Raul.
Mercado
Um centroavante para disputar posição não é a única carência do elenco. Para o setor ofensivo, além de Pedro Raul, o clube contratou apenas Orellano até o momento, e o argentino vem encontrando dificuldades para ter sequência. Por conta disso, o setor ofensivo ainda depende excessivamente da garotada, que naturalmente oscila.
Por isso, o setor ofensivo é a prioridade do Vasco nesta janela de transferências, que fecha em 4 de abril. Volante, centroavante, atacantes de lado e um homem de criação são as principais carências do elenco. No meio-campo, Andrey fica em São Januário somente até o fim de junho.
O Vasco já deixou claro que está no mercado e quer se reforçar antes do Campeonato Brasileiro. O clube tem negociações em andamento com o volante colombiano Campuzano, que pertence ao Boca Juniors. O mercado sul-americano é um dos principais alvos.
Time-base
Apesar das carências, o Vasco se aproxima do Campeonato Brasileiro com uma base formada. Foram 13 contratações até o momento. O sistema defensivo tem três titulares em bom momento: Pumita, Léo e Lucas Piton. O recém-chegado zagueiro Capasso mostrou firmeza, mas cometeu erros decisivos nas semifinais contra o Flamengo.
No meio-campo, Jair ainda não encontrou o ritmo ideal, especialmente na recomposição, mas é peça fundamental com a bola no pé. No setor ofensivo, além dos garotos de qualidade, Alex Teixeira recuperou o bom futebol, e Pedro Raul assumiu papel-chave para a equipe, ainda que ouça questionamentos.
Está claro que o Vasco precisa encorpar o elenco, dar mais qualidade e experiência em alguns setores, mas há uma base formada para o restante da temporada.