Um processo movido pela ex-administradora do Maracanã virou o exemplo mais recente do quão difícil é a vida financeira do Vasco e que mandar jogo no estádio não é garantia de melhor resultado na comparação com São Januário. Por cinco partidas disputadas em 2018 e 2019, a empresa Complexo Maracanã Entretenimento cobrou pouco mais de R$ 1 milhão em aluguel e serviços não pagos pelo clube.
A informação foi publicada inicialmente por Ancelmo Gois, colunista do jornal O Globo, e confirmada pelo ge. A administração do presidente Alexandre Campello, responsável pelos acordos feitos para levar as partidas ao estádio, contestou o valor. A ação corre na 24ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e ainda não foi julgada.
Conforme os documentos apresentados pela ex-administradora do Maracanã (geriu o estádio até 18 de abril do ano passado, quando o governo estadual rompeu a parceria público-privada), o valor do débito inicialmente era de R$ 867.749,04. Por conta do atraso e incidência de multa e juros, subiu para R$ 1.040.655,26 (veja o detalhamento abaixo). Um acréscimo de 20%.
O Complexo Maracanã Entretenimento entrou na Justiça em 5 de setembro de 2019. Inicialmente, o Vasco questionou a comprovação da cobrança de valores dos confrontos com Resende e Fluminense pois a empresa "não juntou os contratos que teria firmado com o réu, nem qualquer outra prova que seja capaz de comprovar que faz jus ao recebimento das importâncias destacadas". Por isso, o clube alegou "não reconhecer qualquer cobrança realizada" no que diz respeito a esses dois eventos.
No transcorrer da defesa, apresentada em 21 de janeiro de 2020, ao reconhecer ter débito a pagar pelos jogos contra Santos, Flamengo e Bangu, o Vasco questionou os valores. Mostrou entender dever basicamente o aluguel, respectivamente, dos três duelos: R$ 128.348,70, R$ 150.000,00 e R$ 150.000,00. E classificou como "estratosféricas" as cifras reivindicadas.
A partida contra o Fluminense, aliás, foi um caso a parte. Ao contestar a defesa do Vasco, a ex-administradora do Maracanã apresentou, no recente 21 de julho, a última movimentação do processo, uma troca de e-mails na qual entende comprovar que houve uma combinação entre as partes para cobrar apenas 50% do valor do aluguel do estádio para o referido jogo. Isso porque, na época, a final da Taça Guanabara de 2019 foi parar na Justiça por conta da disputa entre os clubes sobre qual torcida deveria ocupar o Setor Sul do estádio. Sem entendimento, por decisão judicial, o confronto iniciou sem público. Torcedores, majoritariamente vascaínos, só puderam ingressar no intervalo, após nova decisão judicial. O Vasco alegou ter sofrido prejuízo na venda de ingressos e, por isso, o desconto foi acordado.
Anteriormente, em nova contestação, datada de 1º de julho, a ex-administradora do Maracanã mostrou a resposta do Vasco à notificação extrajudicial - a primeira tentativa de acordo entre as partes. Conforme o documento, o Vasco reconheceu dever R$ 792.749,04 e propôs pagar em 48 parcelas de R$ 16.516,60. Por isso, no entender da empresa, a contestação de valores não é um argumento que se sustenta.
O juíza Flavia Gonçalves Moraes Alves não se manifestou nenhuma vez sobre o mérito do caso. Não há prazo para a sentença.