A decisão judicial que determinou a realização de novas eleições no Vasco travou o clube financeiramente, de acordo com o presidente Alexandre Campello, e fez com que o pagamento de algumas dívidas contraídas nas gestões passadas fosse adiado. Duas delas estavam na mesa que se reuniu na Sede Náutica da Lagoa para anunciar a pacificação vascaína e pedir que a Justiça reconsiderasse o parecer da juíza Gloria Heloiza Lima da Silva. Jorge Salgado e José Luiz Moreira, grandes beneméritos, estavam lado a lado no evento. Os dois possuem para receber, juntos, cerca de R$ 7 milhões.
A dívida com Salgado é antiga, de 2014, quando Roberto Dinamite encerrou seu segundo mandato com sérias dificuldades financeiras. O pedido de empréstimo de R$ 3 milhões veio acompanhado da promessa de pagamento rápido. A palavra não foi cumprida e até hoje o empresário tem o dinheiro para receber - ele tem evitado entrar na Justiça para receber o montante.
Questionado se a dificuldade da diretoria atual em obter recursos prejudicava também os sócios com dinheiro a receber do Vasco, Salgado admitiu que sim.
- Você sabe que sim, essa decisão prejudica todo mundo. Se o Julio Brant quer ser presidente, o que é legítimo, que ele espere, se prepare, veja o que errou da última vez. Ele daria uma grande contribuição ao Vasco se retirasse a ação. Uma vez ele me disse que não tinha muito o que fazer em relação ao processo, mas acho que pode fazer muito mais.
José Luiz Moreira, com montante muito maior para receber, não teve a mesma paciência que Salgado e foi à Justiça para ganhar os R$ 8 milhões que o Vasco lhe deve. Em agosto passado, ele chegou a um acordo com a diretoria para receber parceladamente R$ 3,9 milhões, acerto costurado por Adriano Mendes, vice-presidente do departamento de controladoria do clube. Àquela altura, as partes já contavam com o empréstimo de R$ 38 milhões para a quitação de dívidas, o que incluía parcelas referentes ao passivo com o ex-vice-presidente de futebol.
Com a decisão judicial que anulou a eleição passada e marcou a nova para o próximo dia 8, o empréstimo subiu no telhado, assim como a expectativa de Moreira de receber parte do que tem direito.