Não é a primeira vez nos últimos anos que o torcedor do Vasco ouve o clube falar em auditoria da dívida do clube. Em 2008, pouco depois de assumir, Roberto Dinamite e seus pares também contrataram uma empresa de auditoria. O trabalho foi encomendado à KPMG, uma das gigantes neste tipo de serviço, e custou cerca de US$ 80 mil - na cotação do dólar da época, o correspondente a R$ 120 mil. Agora, sete anos e uma troca de administração depois, Eurico Miranda, alvo daquela auditoria, vira o canhão de vez para Dinamite.
O atual presidente do Vasco disse que Dinamite, sua diretoria, parceiros e fornecedores lesaram o clube de maneira "quase criminosa". Para fazer novo trabalho de auditoria, o clube deve desembolsar cerca de R$ 200 mil. O trabalho deve ser demorado e talvez só fique pronto para o ano que vem, mas deve redimensionar a dívida vascaína novamente. Hoje, de acordo com os últimos balanços patrimoniais 2013 e 2014 - o primeiro sem auditoria externa - a dívida total é de R$ 688,6 milhões.
- Não acredito que vá diminuir (a dívida). Acredito que vá haver espécie de compensação. Alguns casos vamos conseguir. Não vai fugir muito deste valor - disse Eurico, referindo-se a processos que o Vasco contesta na Justiça e que poderiam levar a soma total de débitos para baixo.
Horas depois da entrevista coletiva do presidente Eurico Miranda, o GloboEsporte.com tentou contato com o ex-jogador e ex-presidente Roberto Dinamite. Em alguns momentos, o telefone só tocava, em outros estava desligado.
Na auditoria concluída em 2009, depois de sete meses de diligências, análises de contratos, de documentos contábeis e administrativos do clube e ainda entrevistas com gestores do Vasco, houve ajustes consideráveis. A dívida, que no balanço de junho de 2008 de Eurico era de R$ 206,2 milhões, pulou em julho para R$ 368,2 milhões - um aumento de 78,5%.
A auditoria contratada apontou diversas falhas contábeis e de gestão, considerando "superavaliados" alguns ativos que estavam no balanço entregue pela gestão Eurico e aprovadas pelos conselhos fiscais e deliberativos do clube. Numa das observações, a KPMG citou as debêntures da Vale contabilizadas no valor de R$ 35,8 milhões, sendo reduzida para R$ 313 mil. Segundo a auditoria, também não havia a projeção de contingências de valores referentes as ações movidas contra o clube - à época totalizavam R$ 103,7 milhões. Só de processos em fase de execução - com trânsito em julgado - foram lançados no balanço R$ 33 milhões.