Futebol

Vasco e Bangu foram ícones da luta contra o preconceito racial

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O duelo de hoje entre Vasco e Bangu, às 16h, em São Januário, com transmissão em tempo real pelo LANCENET!, tem uma importância histórica para o futebol nacional que a equipe de São Januário irá resgatar com uma justa homenagem. O time cruz-maltino entrará em campo com o novo terceiro uniforme, todo preto, em alusão à equipe de 1923, primeira a se sagrar campeã carioca com negros em seu elenco. No entanto, o primeiro clube no Rio a aceitar afro-descendentes em seu plantel foi o alvirrubro da Zona Oeste.

Os pioneirismo de Vasco e Bangu permitiu com que, por exemplo, os ícones das duas equipes sejam hoje dois negros, como o zagueiro Dedé e Marcão, hoje técnico banguense.

– É motivo de orgulho ter sido revelado pelo clube que abriu as portas para os negros – disse Marcão, que começou no alvirrubro.

No início do século, futebol era considerado um esporte de elite. Por isso, os jogadores de futebol da época eram membros e descendentes da alta hierarquia carioca. Mas, em 14 de maio de 1905, em um amistoso contra o Fluminense, o Bangu colocou em campo um time formado por estrangeiros da Itália, Inglaterra e Portugal. O único brasileiro era Francisco Carregal, filho de um português e uma brasileira negra. Este foi o primeiro registro de um jogador negro em uma partida de futebol no Rio.

De acordo com relatos da época, Francisco era muito vaidoso e procurava se vestir de maneira impecável, justamente para minimizar o preconceito racial, que era grande no meio futebolístico. O pioneirismo do Bangu abriu as portas para outros negros nos gramados. No entanto, eles ainda eram minoria e defendiam clubes menores.

As equipes com afro-descendentes não ameaçavam a hegemonia dos principais clubes da época (Flamengo, Fluminense e Botafogo). Isso só foi acontecer em 1923, quando um time recém-promovido da Segunda Divisão fez uma campanha impecável no Carioca. Com camisas negras e maioria dos atletas de origem mestiça, o Vasco foi o primeiro campeão que acabou com a então superioridade branca no futebol.

Indignados com a vitória dos vascaínos, Fla, Flu, Bota e América tentaram eliminar os negros do futebol, alegando que estes, por serem humildes, se sustentavam do esporte e seriam profissionais. Com medo de represálias, o Bangu se adequou à determinação. Já o Vasco lutou por seus atletas e não aceitou expulsar os afro-descendentes do elenco. Com isso, ficou fora do Carioca de 1924.

O ato cruz-maltino foi reconhecido em 1925. Vendo que o Vasco ganhou grande popularidade por conta de sua luta contra o preconceito, os grandes acabaram com a determinação de excluir os negros e a equipe vascaína foi reintegrada ao Carioca.

– Fico feliz por representar um clube que teve uma grande importância nesta luta contra o racismo – afirmou o zagueiro Dedé.

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)

Fonte: Jornal Lance
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