Primeiros que apostaram na nova realidade para salvarem-se dos muitos anos de penúria e times aquém de suas histórias, Vasco e Botafogo se enfrentam pela primeira vez desde que venderam o futebol para um grupo estrangeiro. O clássico das SAFs desta quinta-feira, às 20h30 no Maracanã, pelo Campeonato Carioca, marca o confronto entre dois projetos que estão em momentos e planos distintos, mas com o mesmo objetivo: voltar ao protagonismo.
Em comum, tanto a SAF do Vasco quanto a do Botafogo tiveram que fazer ampla reformulação em elencos e nos departamentos, além de alto investimento em contratações e melhora da infraestrutura, em especial dos CTs, bem como nas equipes de scout. Tudo para implantar a filosofia dos novos donos do futebol dos clubes.
Vasco e Botafogo fazem alto investimento
Como a SAF do Glorioso começou antes - em março de 2022 -, o número de reforços é bem maior: foram 22 no ano passado e mais três em 2023, alguns vindos da Europa. Cerca de R$ 80 milhões foram gastos, incluindo a maior compra da história do clube: Patrick de Paula por R$ 33 milhões à época. Fora o pagamento de mais R$ 70 milhões em dívidas.
Para o Cruz-Maltino, a SAF chegou em setembro, mas a montagem de elenco começou neste ano, à exceção de ajuda em contratações para a Série B. E assim, 11 jogadores já chegaram, a um custo de cerca de R$ 108 milhões, em 2023. O maior investimento foi em Lucca Orellano: cerca de R$ 20 milhões. E mais virão, numa aposta em jovens com experiência, e foco no futebol sul-americano.
A partir daí, os dois projetos passam a ter diferenças. A começar pelos donos. John Textor, que comprou 90% das ações do Botafogo, é presença constante, com postagens nas redes sociais e participações em lives de influenciadores digitais. Ele fez do clube um projeto pessoal.
Já os sócios da 777 Partners, Steven W. Pasko e Josh Wander, donos de 70% do futebol do Vasco, são mais reclusos e não aparecem tanto, nem têm muita interação com os torcedores. Os nomes de maior visibilidade por enquanto são do diretor de futebol, Paulo Backs, e do CEO, Luiz Mello.
Na gestão, os dois clubes também apresentam muitas diferenças. A Eagle Football Holdings, do empresário americano, apostou mais em intercâmbio entre os seus clubes e assim, o Glorioso recebeu jogadores do Inter Miami e Crystal Palace, e mandou outros sete para o RWD Molenbeek, assim como Jeffinho para o Lyon.
O Cruz-Maltino, por enquanto, não teve trocas por jogadores com Genoa, Sevilla e outros que fazem parte do portfólio da 777. Tanto que a única venda, de Andrey, foi para o Chelsea. A principal parceria foi o apoio da equipe de scout para mapear o mercado.
Textor também apostou em renegociar todos os patrocínios e o fornecedor de material esportivo, conseguindo o maior valor da história do clube com uma empresa (cerca de R$ 55 milhões pagos pela Parimatch). Já no Vasco, os acordos anteriores foram mantidos.