Há muito tempo, Eurico Miranda diz que o clássico com o Flamengo é um campeonato à parte para o Vasco. A declaração sempre teve ar fanfarrão e era tratada como piada por jornalistas e torcedores, mas de uns anos para cá, a bravata virou mantra dos seguidores do dirigente, que passaram a acreditar que o time se tornará forte outra vez por levar a melhor sobre o maior rival e vencer o Campeonato Carioca seguidamente. Resultados como o deste sábado, na derrota para o CRB por 2 a 1, mostram que não.
Não é preciso apresentar cálculos, teorias ou algo do tipo. De abril do ano passado para cá, a marca contra o rubro-negro é impressionante, com seis vitórias, três empates e nenhuma derrota. Números grandiosos, em se tratando de qualquer dérbi no mundo. Além disso, a equipe se sagrou bicampeã estadual, com direito a troféu erguido de forma invicta em 2016.
Só que, nesse mesmo recorte de tempo, ou seja, no último ano e meio, o Vasco caiu para a Série B, muito por causa de um primeiro turno catastrófico, com 13 pontos - seis deles conquistados nos clássicos contra Flamengo e Fluminense, aliás. Agora, a tragédia é o returno na segundona, com apenas 15 pontos obtidos em 36 disputados. Houve derrotas em casa para Vila Nova e CRB, tropeços em Tupi e Sampaio Corrêa, dois últimos colocados da competição, e por aí vai.
O clube de São Januário não se fortalecerá, nem tomará seu lugar de "locomotiva", como também gosta de dizer Eurico Miranda, com vitórias em clássicos, nem mesmo com títulos estaduais apenas. É preciso dar uma guinada, mudar a gestão, se modernizar, deixar de ser um feudo obscuro. Após três rebaixamentos e incontáveis vexames, ocorridos sob o comando de mais de um presidente, é preciso renascer como instituição.
O Vasco voltará a ser grande como outrora quando parar de cair de divisão, quando lutar por títulos nacionais em sequência, quando figurar na Taça Libertadores. É hora do cruz-maltino parar de se contentar com migalhas, com provocação barata nas redes sociais, com inauguração de lavanderia e com vencer o Flamengo, tudo isso enquanto passa vergonha em outros confrontos. Pois, pensar pequeno também ajuda a diminuir o Gigante da Colina.