Nos últimos dias, a dança dos técnicos no Campeonato Brasileiro se intensificou. Renato Gaúcho deixou o Atlético-PR, Joel Santana foi demitido do Cruzeiro, René Simões teve seu contrato com o Bahia rescindido. Somente oito dos 20 participantes da Série A ainda não trocou de técnico. O Santos é um deles. Os outros são Corinthians, Vasco, Botafogo, Flamengo, Palmeiras, Figueirense e Ceará. O Vasco ainda mantém Ricardo Gomes como treinador, mas é improvável que o técnico volte a trabalhar por enquanto, pois sofreu um acidente vascular encefálico e segue internado na UTI, no Rio.
O técnico alvinegro Muricy Ramalho afirma que deveria haver uma legislação específica para evitar a instabilidade dos técnicos no Brasil. Assumindo um discurso de defesa da classe, o comandante santista afirma que os dirigentes deveriam assumir os seus erros em vez de jogar tudo nas costas dos técnicos. No entanto, admite que sua posição não passa de uma utopia. Não acredita que essa situação um dia possa mudar.
Muricy usa alguns exemplos de medidas que poderiam ser adotadas para evitar tantas mudanças. Um eles: o técnico não poderia dirigir dois times de uma mesma divisão em uma mesma edição de campeonato.
- Deveria haver alguma lei nesse sentido, mas é o tipo de coisa que jamais pegaria no Brasil. Outra coisa: o clube deveria ser obrigado a pagar o contrato todo do treinador caso o mandasse embora, mas isso dificilmente acontece. Só quando há multa rescisória no contrato - afirma.
O treinador diz que as diretorias costumam errar na escolha de técnicos e que isso ajuda a manter a ciranda rodando sem parar.
- A diretoria erra na avaliação, pois não analisa bem o perfil. Tem muito técnico que serve para um determinado time, mas não faz bom trabalho em outro. É preciso saber avaliar muito bem antes de se contratar um profissional. Só assim essa coisa (dança de técnicos) vai começar a diminuir. Só que eu acho difícil que essa situação mude. Faz parte da cultura do futebol brasileiro.