A vocação ofensiva está no DNA do Vasco da Gama. Nenhum outro clube do país possui tradição maior na formação de artilheiros. O Cruzmaltino, entretanto, não vem se destacando nas categorias de base apenas pelo poderio do seu ataque. Os números das equipes sub-11 e sub-12 no Campeonato Metropolitano são expressivos e mostram que o clube vem se tornando referência também na formação de zagueiros.
Juntando as duas categorias, o Gigante da Colina sofreu apenas 12 gols em 32 jogos disputados, obtendo assim a melhor média dentre os clubes grandes do Rio de Janeiro. O rendimento espetacular foi fruto do excelente trabalho desenvolvido por alguns jogadores, em especial dos zagueiros Igor, Lyncon e Kayque, titulares da retaguarda vascaína durante a importante competição estadual.
Um clássico que significou mudança de status em São Januário
Descoberto pelo Cruzmaltino há dois anos, quando defendia a equipe de futsal do Instituto Mangueira, Igor Toledo, de 11 anos, não tem motivos para reclamar de 2017. Foi no atual ano que o jovem se tornou titular da talentosa Geração 2006. A mudança de status ocorreu por acaso, curiosamente numa partida contra o Flamengo. O defensor foi escalado de última hora, em virtude da ausência de um companheiro de posição.
- Eu comecei o ano no banco, estava na reserva, mas segui me dedicando e treinando muito forte. Foi quando num jogo contra o Flamengo, lá na Gávea, o Wanyson teve um problema familiar e não conseguiu ir. O treinador me chamou e disse que seria titular com a camisa 4. Cheguei lá, dei o meu melhor, o máximo que pude e no treino seguinte estava de titular. Era um clássico, fiquei nervoso, mas depois entrei no campo e passou - contou o jovem.
A personalidade demonstrada durante o "Clássico dos Milhões" fez Igor Toledo conquistar não só a confiança da comissão técnica, mas também assumir um papel de liderança dentro do sub-11. E o senso de coletividade fica evidente nas palavras do zagueiro, que estuda no Colégio Vasco da Gama e também defende as cores do clube no futsal. Ao falar sobre o excelente rendimento defensivo, o garoto fez questão de dividir o mérito com os companheiros.
- Eu não gosto de dar chutão, procuro sempre chegar firme. Eu era atacante e só virei zagueiro depois que cheguei no Vasco, por isso gosto de sair tocando, ajudar na saída de bola. Nosso time foi a melhor defesa porque todo mundo trabalhou e se ajudou. Gosto de jogar com o Wanyson, a gente é amigo também. Sempre vou para a casa dele para jogar videogame, brincar - disse Igor, referindo-se ao parceiro de posição Wanyson.
Uma dupla afinada que garante a segurança da Geração 2005
O entrosamento dentro e fora das quatro linhas não é algo exclusivo da dupla de defensores da Geração 2005. Companheiros de zaga desde o ano passado, quando se sagraram campeões do Campeonato Metropolitano sub-11, Lyncon e Kayque fazem a mesma série no Colégio Vasco da Gama e alimentam sonhos parecidos: ambos almejam conquistar títulos importantes pelo profissional e chegar à Seleção Brasileira com a camisa cruzmaltina.
- Eu quero conquistar muitos títulos pelo Vasco, principalmente a Libertadores e o Brasileiro. Vou me dedicar muito e procurar aprimorar algumas coisas para realizar esse sonho. Meu ponto forte é a velocidade, também marco bem, mas tenho que melhorar o cabeceio e o passe. O pessoal sempre fala que é preciso trabalhar muito para chegar no profissional. É isso que vou fazer, até porque também quero chegar na Seleção pelo Vasco - afirmou Lyncon.
Até lá, porém, muito caminho ainda precisará ser percorrido. E para não se perderem durante a caminhada, os jovens se espelham em atletas que possuem status de ídolo com a torcida vascaína. Lyncon se espelha em Anderson Martins por sua tranquilidade e simplicidade. Kayque, por sua vez, tem como principal referência Mauro Galvão, de quem costuma assistir vídeos para aprender coisas que ajudem na melhora de sua performance.
- Meu pai sempre me falou do Mauro Galvão. Assisti alguns vídeos e gostei de ver ele jogando. Ele era muito seguro, sabia sair jogando, marcava bem, tinha um bom passe e antecipava bem os atacantes. O mais importante é ter foco e concentração ali atrás, procurar sempre estar falando e orientando o time. Esse foi o nosso segredo. Nosso grupo é muito unido, forte, tem muita qualidade. Sai um, entra outro, mas o nível fica o mesmo. Ano que vem, se Deus quiser, teremos muitas conquistas - declarou Kayque, destacando a homogeneidade do sub-12.