A cobertura retrátil e os painéis de Led da Arena da Baixada, um dos estádios mais tecnológicos da América do Sul, simbolizam um pouco da modernidade que o Vasco sonha para São Januário e si mesmo nos próximos anos. Neste domingo, às 16h, contra o Athletico, fará sua estreia no Brasileiro na casa do adversário, um convite para tentar entender o que o Furacão fez para transformar seu estádio de bairro em arena de Copa.
De um extremo ao outro, foram 16 anos. A primeira grande intervenção no Estádio Joaquim Américo Guimarães foi finalizada em 1999, depois de o Furacão viabilizar com recursos próprios a construção da Arena. É aí que entra a primeira opção diante do Vasco.
Para evitar endividamentos, a diretoria cogita uma reforma autofinanciada, em que cada parte remodelada geraria novas receitas a serem investidas na etapa seguinte. Um processo seguro, mas lento, que não condiz com a pressa que o Vasco possui. No melhor dos cenários, o presidente Alexandre Campello gostaria de ver a obra iniciada no primeiro semestre do ano que vem.
— Já se fizermos o estádio por conta própria, imaginamos que esteja pronto em dez anos.
Mesmo já moderna, a Arena da Baixada precisou passar por novas obras para se adequar aos padrões da Fifa e ser uma das sedes da Copa de 2014. Dessa vez, o Furacão não teve como bancá-las sozinha e, cinco anos após reinauguração, até hoje sofre.
No fim do ano passado, execuções judiciais condenaram o clube a pagar cerca de R$ 500 milhões pela obra. Mário Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo, alega que o custo deve ser dividido com município e estado. Segundo ele, a dívida do Athletico é de, no máximo, R$ 115 milhões.
— Temos garantias suficientes, mas o risco de o estádio ser leiloado sempre existe, a questão está na Justiça — admitiu o dirigente.
Vascaínos otimistas
Em São Januário, a esperança de que a reforma possa sair rapidamente, sem que o Vasco assuma dívida que não possa pagar, cresceu após estudo de viabilidade econômica. Nele, estipulou-se que com 50% da capacidade comercial do novo estádio será possível pagar em 20 anos a obra bancada por terceiros.
— Estamos animados, com conversas encaminhadas com fundos imobiliários. Teremos bilheteria, camarotes, áreas de publicidade. O melhor é que o clube não ficaria totalmente privado da receita gerada. Em dois anos o estádio ficaria pronto.
Petraglia, de Curitiba, lembra que os prognósticos nem sempre se concretizam. Segundo ele, o investimento na arena ainda não deu retorno devido a imprevistos. O dirigente reclama da crise econômica, do baixo preço do ingresso e da média de público ruim do futebol brasileiro para justificar prejuízos.
A política do Athletico colaborou para a evolução da Arena. Desde 1995 que Petraglia, principal cacique do clube, atua a favor das obras. Campello, sempre alvo da oposição, espera que a reforma fique acima dos atritos.
— Não acredito que a política será um problema. Tudo tem que passar pelo Conselho e acho que um São Januário novo é desejo de todos.