Vasco enfrenta carência antiga por pontas goleadores

Desde o retorno à primeira divisão do Brasileirão, o Vasco teve três janelas de primeiro semestre bem diferentes, mas em todas encarou a mesma dificuldade: encontrar um atacante de lado titular. Em 2023 e 2024, foi protagonista no mercado e gastou muito nos dois primeiros anos de SAF, mas não contratou um jogador com esse status. Em 2025, sem ter feito ainda grandes investimentos, o clube sofre com a mesma sina.

A derrota para o Fluminense reforçou a necessidade de contratar pontas goleadores. O time entrou em campo com cinco meias, nenhum com características de rapidez e agilidade para furar linhas, ou com grande poder de definição.

Nesta quinta-feira, o Espião Estatístico publicou um levantamento no qual mostra os times que mais investiram na janela de transferências. Depois de estar entre os que mais gastaram em 2023 e 2024, o Vasco contratou apenas cinco reforços para a temporada — nenhum ponta. Todos os reforços chegaram sem custos aos cofres do clube.

Com as baixas médicas de David e Adson no setor, o Vasco tem Alex Teixeira, Jean David, Maxime Domínguez e Rayan como opções para o ataque. Enquanto nenhuma delas empolga ou garante uma sequência com destaque, Carille já utilizou Puma Rodríguez e Paulinho improvisados na posição — que em 2024 também foi solucionada com improvisações e jogadores da base.

O problema nas pontas do Vasco dura há anos. O time sofre para encontrar atacantes de lado com altas médias de participações em gols e teve cinco negociações frustradas nesta janela com jogadores desse status. Nos últimos dez anos, somente cinco jogadores desta característica tiveram mais de cinco gols por temporada.

São eles: Yago Pikachu (2017, 2018 e 2019), Gabriel Pec (2021 e 2023), Marrony (2019), David (2024) e Morato (2021).

Jogadores do Vasco com mais de cinco gols por temporada nos últimos 10 anos

Na era SAF

2023 - Frustração com Orellano, solução com Pec e Rossi

Em 2023, primeiro ano da SAF à frente do futebol, o Vasco investiu na contratação de um ponta com esse status: Luca Orellano. O atacante chegava com holofotes voltados para ele, depois de uma boa passagem pelo Vélez, da Argentina, e pelo preço de US$ 3,5 milhões (R$ 15,8 milhões).

Não deu certo. Ele sofreu com lesões e com a adaptação ao futebol brasileiro e foi vendido para o Cincinatti, dos Estados Unidos.

Na Série B, com o dinheiro da 777 Partners, o Vasco já havia contratado Palacios, que também sofrera com a adaptação ao futebol brasileiro e não rendeu como esperado em 2022. No ano seguinte, o jogador sequer atuou pelo clube carioca e foi emprestado ao Colo-Colo, do Chile.

A urgência no meio do ano foi tão grande que o Vasco contratou um velho conhecido para o setor que estava sem clube: o atacante Rossi. Ele foi importante na reta final de 2023 e teve cinco participações em gols em nove rodadas, nas quais o clube lutava contra o rebaixamento. Em 2024, passou longe de ser importante e deixou o clube após o fim do contrato.

Serginho também foi contratado de graça pela direção e chegou para ser titular, em uma das principais carências do time. Não se firmou, mas fez gols importantes para a permanência, nas vitórias sobre Atlético-MG, no Maracanã, e Bragantino, em São Januário, no último jogo do campeonato. Deixou o clube no início de 2025, também sem deixar saudade.

2024 - David e Adson ajudam, mas se lesionam; Jean David e Maxime não empolgam

O Vasco entrou em 2024 com a necessidade de contratar pontas titulares. Apesar de Gabriel Pec ter vivido o melhor ano dele no profissional, ainda enfrentava desconfiança da torcida na ponta direita, e a esquerda precisava de um titular absoluto.

David foi contratado com o status de um jogador para compor elenco, tanto pela ponta quanto para o ataque. Sem a chegada de outro atleta para a posição, o atacante se tornou o titular e se firmou sendo útil ao elenco.

Logo no início da temporada, Pec foi vendido, e o Vasco comprou Adson para substituí-lo por cerca de R$ 26 milhões. O atacante sofreu para se firmar no início com Ramón Díaz, mas encaixou com Rafael Paiva e se tornou um dos melhores do time na temporada passada. As lesões de David e Adson foram um duro golpe na equipe, que não soube suprir a ausência da dupla.

Jean David (R$ 8 milhões) e Emerson Rodríguez foram contratados para aumentar a concorrência na esquerda do ataque, mas não se firmaram e se revezaram no fim da temporada no time titular, até que os dois perderam espaço e não foram utilizados, sendo preteridos por Leandrinho improvisado. Maxime (R$ 9 milhões), que chegou para substituir Adson, tampouco se firmou no time titular.