No futebol a vitória tem o poder de curar praticamente todas as feridas. A que incomoda o Vasco atualmente é a aberta entre jogadores e diretoria. Nesta quinta-feira, às 21h30, o time da Colina entra em campo para enfrentar o ABC, pela segunda fase da Copa do Brasil, no Maracanã, atrás de um resultado que evite um problema mais grave.
O desconforto veio à tona com a reprovação do presidente Alexandre Campello do protesto que os jogadores fazem há duas semanas, sem dar entrevistas por causa do atraso no pagamento dos salários. O dirigente afirmou que “respeita, mas discorda” da iniciativa dos jogadores, uma vez que os atletas sabem que o clube tem se esforçado para acertar o passivo o quanto antes. Disse ainda que a ação pode ter sido incitada por alguém de dentro do elenco.
As palavras do dirigente não foram bem digeridas pelo grupo na última terça-feira. A declaração se junta ao fato de os jogadores terem ficado chateados com o pagamento de uma parcela do 13º salário, quando o combinado havia sido que o pagamento seria integral.
No meio do climão entre diretoria e elenco está o técnico Abel Braga. O treinador tenta manter o vestiário motivado e afirma que o ambiente de trabalho está bom. Questionado sobre como vê o protesto, foi sincero:
— Foi a maneira que eles encontraram. O problema (atraso de salários) não vem de duas semanas. Eles estão dizendo “estamos aqui, mas o problema continua”.
A dívida do Vasco com os jogadores é de dois meses, mais parte do 13º, férias e seis meses de direitos de imagem. Funcionários que são contratados como pessoa jurídica estão há cinco meses sem receber, casos de profissionais do departamento de futebol, como o diretor executivo André Mazzuco, o gerente de futebol André Souza e a equipe médica do profissional.
Nas conversas com André Mazzuco, ao confirmar o protesto, os jogadores afirmaram que voltariam a conceder entrevistas depois que uma folha salarial inteira fosse paga para todos, não apenas a do elenco. Isso inclui um mês de direito de imagem e os funcionários que recebem como pessoa jurídica.
A esperança imediata do clube da Colina para amenizar a dívida com jogadores e funcionários é a ação do Sindicato de Empregados de Clubes do Rio, que tenta liberar via Justiça R$ 5 milhões referentes ao antigo patrocínio da Caixa.