Sônia Andrade estava acompanhando a repercussão do caso da menina de 10 anos, estuprada pelo tio no Espírito Santo, que fez um aborto para interromper a gravidez de risco, quando se perguntou o que o Vasco poderia fazer a respeito. Depois de conversas com o presidente Alexandre Campello e torcedores, nasceu a adesão do clube à Campanha do Sinal Vermelho, que combate a violência contra mulher. Um gesto que talvez só tenha sido possível pela presença de um olhar feminino em meio ao mundo ainda machista do futebol.
Contra o Atlético-GO, quinta-feira, em São Januário, os dois traços vermelhos cruzados em forma de “X” que marcam a campanha dividirão espaço no estádio com a cruz de malta. Nas redes sociais, o clube vai lançar a campanha e nas arquibancadas da Colina as bandeiras que as organizadas estendem nos dias de jogos estarão cobertas com o símbolo do “X” vermelho.
Em campo, ficou acertado que, durante o minuto de silêncio que a CBF estabeleceu como protocolo antes das partidas em homenagem às vítimas da Covid-19, os jogadores erguerão a palma da mão. Nela, o “X” vermelho pintado marcará o repúdio à violência contra a mulher.
— Os jogadores toparam na hora e afirmaram que, além de serem contra a violência, tem o fato de o Vasco ter uma mulher na vice-presidência — afirmou Sônia.
O gesto dos jogadores será o mesmo que a campanha estimula que mulheres façam caso estejam em situação de violência, para denunciar seus agressores. Idealizado pelo Conselho Nacional de Justiça, o Sinal Vermelho conta com o apoio de mais de 10 mil farmácias em todo o país, cujos atendentes, ao verem o “X” vermelho na mão, são instruídos a acionar as autoridades policiais.
Responsável por trazer a campanha para dentro do Vasco, Sônia é a primeira mulher da história a ocupar uma das vice-presidências do clube. Em 31 de dezembro, pode se despedir da função na diretoria, caso Campello não seja reeleito presidente — o dirigente ainda não oficializou a candidatura a um segundo mandato, o que deve acontecer. Até lá, ela segue tentando mostrar a importância de o futebol estar próximo das causas sociais.
— Essa é uma semente que eu espero ter deixado plantada aqui no Vasco — afirmou Sônia Andrade.