Desta vez nem São Januário nem a torcida que lotou o estádio foram suficientes para o Vasco vencer, liquidar um adversário direto e ganhar uma gordura na Série B. Mais do que frustrar, o empate por 1 a 1 com o Londrina fez os vascaínos temerem que seu maior pesadelo se torne, novamente, realidade. Receio que afeta a arquibancada, mas também dentro de campo. Embora os discursos sejam de total confiança no acesso, foi nítido que o nervosismo contagiou a equipe e atrapalhou em momentos chaves da partida.
O Vasco entra na reta final da Série B em seu momento mais turbulento na competição e com uma enorme dificuldade em pontuar. Esbarra em suas limitações como grupo, depende excessivamente do talento de Andrey e parece estar perdendo a força mental que talvez tenha sido seu maior pilar em casa ao longo da campanha. Erra em demasia. Ofensivamente e defensivamente. Individualmente e coletivamente.
São Januário, que vinha sendo seu porto seguro, nesta quinta teve um cenário diferente. Houve sim apoio do torcedor durante a maior parte do jogo. Mas também vaias e cobranças. Essa instabilidade não poderia acontecer em momento pior. O Vasco ainda está no G-4, mas vê os adversários se aproximarem. A probabilidade de acesso ainda é grande. Mas a campanha que se desenhava tranquila entra em sua reta final prometendo emoções até o fim. Mais do que a pontuação, o desempenho preocupa. Hoje o Vasco não passa confiança ao torcedor. Com apenas mais seis jogos, não há mais espaço para erros.
Pontaria descalibrada
A chuva que atingiu o Rio de Janeiro durante toda quarta-feira no Rio de Janeiro teve reflexo no jogo. Embora seja bom o estado do gramado de São Januário, que resistiu bem e não formou poças, o campo estava bastante molhado, escorregadio, e a bola viva. Tudo isso aumentou ainda mais a tensão de um jogo naturalmente tenso.
A primeira grande chance foi do Londrina, mas Thiago salvou um chute à queima-roupa de Gabriel Santos. Foi então que o protagonismo e a estrela de Andrey apareceram mais uma vez. Aos 11, ele deixou Raniel na cara do gol, mas o centroavante chutou para fora. Foi o primeiro erro do camisa 9, que teve uma noite infeliz. No minuto seguinte, no entanto, Andrey marcou em um golpe sorte após o goleiro do Londrina deixar a bola molhada escapar de suas mãos.
A torcida explodiu em São Januário, e o Vasco, com a vantagem, tentou se impor. Não conseguiu, mas em um jogo muito pegado e com a vantagem, o time de Jorginho encontrou espaços nas costas da defesa do Londrina, em jogadas de profundidade, e teve chances de ampliar duas vezes com Eguinaldo. Individualmente, no entanto, poucos estavam bem. As boas atuações de Andrey e Marlon Gomes contrastavam com a partida apagada de Nenê, por exemplo.
Embora tensa, a partida parecia controlada diante da aparente falta de poder de fogo do Londrina, que não havia mais incomodado após o gol de Andrey. Aos 38, no entanto, a equipe paranaense aproveitou a fragilidade da defesa vascaína e empatou. Paulo Victor perdeu a dividida, Anderson Conceição deixou Caprini girar e marcar. Antes do fim do intervalo Andrey desperdiçou uma chance clara após passe de Raniel.
Mudanças na frente, trocação e vaias
O Vasco ouviu as primeiras vaias da noite na saída para o intervalo, mas que logo foram abafadas pelos gritos de incentivo. Quem também não gostou da atuação no primeiro tempo foi Jorginho, que voltou com duas novidades. Figueiredo e Edimar entraram nas vagas de Eguinaldo e Paulo Vitor. O treinador justificou a saída do atacante pelo fato dele ter cartão amarelo.
Um lance, no primeiro minuto da etapa final, poderia ter mudado todo cenário. Raniel foi lançado nas costas da defesa, surgiu livre para marcar, mas tentou uma cavadinha fraca, que parou nas mãos do goleiro. Imediatamente o centroavante foi xingado e vaiado. Ficou sem clima para continuar após mais uma falha decisiva.
Pouco depois Jorginho trocou toda linha ofensiva. Primeiro saíram Nenê e Raniel. Logo depois Marlon Gomes. Erick, Alex Teixeira e Gabriel Pec entraram. O Vasco lutou, tentou partir para cima e, apesar de desorganizado, criou chances. Alex Teixeira e Erick tiveram oportunidades.
Ao mesmo tempo, no entanto, a equipe de Jorginho ficou excessivamente exposta. O Londrina teve várias chances em contra-ataques. Tivesse um pouco mais de qualidade, o time paranaense poderia ter virado. Os minutos finais foram de pura trocação entre os dois times.