Em relação à reportagem publicada no site de O Globo, no dia 21 de agosto, acerca da situação financeira vivida pelo Club, a Diretoria do Vasco entende por bem prestar os seguintes esclarecimentos:
Em janeiro deste ano, quando a nova Diretoria Administrativa assumiu, já era notória a realidade econômica desafiadora para o triênio 2018/2020. Tendo em vista o cenário adverso, iniciou-se um extenso trabalho de mapeamento de todo o quadro financeiro do Club visando à formulação de um planejamento de recuperação para curto, médio e longo prazos.
O Club contratou, para tanto, algumas das melhores e maiores empresas do mercado em seus respectivos ramos de atuação, como KPMG, Grant Thorton, BDO e Totvs. Com estas medidas, a Diretoria Administrativa buscou estabelecer sólidos fundamentos para a execução das diversas ações de recuperação necessárias.
O planejamento tem por premissa que a recuperação sustentável do Club necessita, obrigatoriamente, contemplar diversas frentes interligadas: (i) credibilidade frente ao mercado e aos credores, (ii) reestruturação administrativa, (iii) eficiência de processos, (iv) investimentos nas infraestruturas do Club, inclusive fortemente em TI, e (v) PRINCIPALMENTE a aproximação com os torcedores e sócios, nosso maior patrimônio e razão de existir.
Diversas ações estão em andamento e as primeiras consequências deste processo de recuperação já podem ser observadas. Assim, em relação à reportagem de O Globo assinada pelo prestigioso jornalista Rodrigo Capelo, alguns reparos são importantes, a saber:
Recebíveis do Campeonato Carioca
As cotas de TV relativas ao Campeonato Carioca foram adiantadas até 2019, não estando onerados, até o momento, os anos subsequentes;
Recebíveis da Rede Globo de Televisão
O Club possui contrato assinado para o televisionamento do Campeonato Brasileiro e do Campeonato Carioca até 2024. Entre 2018 e 2020, a previsão de recebimento líquido desta fonte de receita é de aproximadamente R$ 130 milhões, sendo apenas R$ 7 milhões em 2018 (as projeções incluem os R$ 26 milhões do empréstimo solicitado com garantias em recebíveis da rede Globo, totalizando R$ 33 milhões). Por outro lado, para o período de 2021 a 2024, há a previsão de recebimentos líquidos de mais de R$ 400 milhões (R$ 285 milhões de 2021 a 2023), também em um cenário com a tomada do empréstimo solicitado ao Conselho Deliberativo em 17/08/2018. Como se pode notar, há um comprometimento relevante de receita para o primeiro triênio.
Em todo plano de recuperação, de qualquer instituição, há que se observar a melhor maneira de gestão dos ativos de forma a gerar um equilíbrio no fluxo de caixa ao longo do tempo. A proposta de tomada de empréstimo solicitada pela Diretoria Administrativa, no valor de R$ 38 milhões busca gerar um fluxo de caixa na medida para fechar o ano de 2018 com todas as contas em dia e visando ao mínimo comprometimento das receitas futuras. Um dos objetivos perseguidos é quebrar o ciclo estrutural de necessidade de antecipação de receitas, que geram um custo financeiro relevante.
Adicionalmente, há que se notar que, ao final de 2018, haverá uma redução do endividamento bruto do Club em mais de R$ 175 milhões, entre dívidas fiscais, trabalhistas, cíveis e bancárias. Essa redução contempla análises e renegociações para extinção de R$ 70 milhões, uso de mais de R$ 40 milhões de depósitos judiciais, pagamento de R$ 80 milhões descontados diretamente de recebíveis da Rede Globo (Ato Trabalhista e empréstimos bancários) e R$ 25 milhões diretamente de outras receitas do Club. Isto, ressalte-se, mesmo com a eventual captação dos citados R$ 38 milhões de novos empréstimos.
Por fim, é equivocada a noção de que a tomada do empréstimo solicitado irá aumentar o endividamento do Club. O déficit de caixa será financiado por alguém. A pergunta que deve ser feita é: o endividamento será feito frente a uma instituição bancária mediante parâmetros de mercado, pré-estipulados e de acordo com uma previsão orçamentária equilibrada OU a dívida incorrerá junto aos funcionários, jogadores, credores e fornecedores a custos institucionais, financeiros e esportivos imprevisíveis?
Planejamento Financeiro e Premissas adotadas
Com relação às projeções financeiras para 2019 e 2020, estas são, sim, agressivas em relação ao histórico do Vasco, mas compatíveis com a grandeza do Club e o tamanho de sua torcida, além de serem inferiores a receitas já obtidas por clubes de menor torcida e potencial financeiro. Torná-las realidade é condição necessária para a retomada da saúde financeira da Instituição e uma obsessão da atual diretoria. Não são sonhos, SÃO METAS. O Vasco não pode e não vai se contentar com a mediocridade.
Temos certeza de que podemos incrementar nosso quadro social a ponto de chegar a R$ 30 milhões anuais de receitas em 2020, a título de exemplo volume que corresponde a menos da metade do auferido por Grêmio e Internacional já em 2016. É uma meta, ressaltamos, conservadora dado o potencial de nossa torcida. Nesse momento, a receita com sócios já dobrou seu faturamento mensal em relação ao patamar que era obtido em janeiro desse ano, mesmo considerando o cenário político e financeiro de extrema dificuldade. O patamar de R$ 20 milhões em 2019 é equivalente ao que o Fluminense obteve em 2016. Esse orçamento não pode ser considerado otimista. Ele é realista.
Estamos convictos também que podemos ganhar credibilidade junto ao mercado publicitário e agregar valor à marca Vasco a ponto de termos rendimentos muito mais expressivos do que os atuais em marketing. Temos uma história repleta de glórias e estamos transformando nosso presente e nosso futuro de forma a atrair os melhores parceiros, como já está acontecendo. Um patamar de R$ 40 milhões em 2019 e pouco mais em 2020 é aproximadamente metade do que Flamengo, Corinthians e Palmeiras obtiveram em 2016, e inferior ao que Grêmio, Internacional e São Paulo auferiram ainda no exercício de 2016. Não é otimista ou irrealista estimar que o Vasco possa ter essa receita já no próximo ano.
Em 2018, receberemos R$ 7 milhões dos contratos de televisão, a ser aumentado para R$ 33 Milhões com o empréstimo solicitado ao Conselho Deliberativo. Em 2019, mesmo considerando o pagamento do referido empréstimo solicitado ao CD, esse montante já se elevará para R$ 45 milhões e, em 2020, alcançará algo próximo de R$ 60 milhões.
Também são previstos aumentos em bilheteria, mas, além de serem irrelevantes no Plano de Recuperação Financeira, dado o volume financeiro em jogo, apenas representam que alcancemos patamares próximos ao do Botafogo e Fluminense. Otimista?
Ressalte-se que as menções aqui feitas a outros clubes brasileiros são eivadas de respeito e admiração à história de cada um deles. Não há qualquer referência de caráter institucional e muito menos desportivo nestas citações, mas apenas uma alusão ao potencial comercial de cada clube com base no tamanho de suas torcidas, segundo números consagrados em pesquisas de opinião.
Estimamos R$ 40 milhões com direitos federativos, valor muito menor do que o obtido em 2016 e 2017 e também substancialmente inferior ao arrecadado pelos outros grandes clubes brasileiros nos últimos três anos.
Logo, temos a percepção de que o Plano de Recuperação Financeira envolve aumentos substanciais em relação ao histórico do Club, mas plenamente factíveis quando comparados aos demais grandes clubes brasileiros. De qualquer forma, é inegável que processo de recuperação do Club estará em curso, ainda que num ritmo mais lento, se as premissas não vierem a ser plenamente atingidas.
Conclusão
Um ponto de preocupação evidente, abordado na reportagem de O Globo, é o conturbado ambiente político que o Club vive atualmente. Contudo, temos firme convicção de que, como representantes da imensa torcida vascaína, sempre acima de seus grupos políticos, os membros do Conselho Deliberativo terão consenso naquilo que for importante para o Club.
Estamos certos de que os resultados do trabalho sério ora executado serão percebidos por nossa torcida. As instituições que buscam conhecer a fundo as mudanças já implementadas, tais como os bancos que se candidatam a credores, têm demonstrado confiança nestes números, o que se reflete em taxas competitivas, inferiores, inclusive, àquelas ofertadas a clubes já em estágio avançado em seus processos de reestruturação.
Por fim, para realizar grandes conquistas, é necessário saber aonde se quer chegar. E o Vasco sabe aonde vai chegar. Para o alcance de nossas metas, estão formulados e em execução planos estratégicos nas diversas frentes citadas. Sabemos "o que", sabemos "como" e sabemos "quando". Não será fácil, mas a raça que pedimos em campo é a raça que temos de ter fora dele. Junto com nossos mais de 15 milhões de torcedores, podemos tudo.
E o que chamam de "otimismo delirante", na verdade, deve ser lido como a força da torcida vascaína. Talvez alguns tenham se esquecido do poder dessa torcida, mas a atual Administração lembra e aposta que essa força estará, como sempre esteve, ao lado do Club quando ele chamar. Isso é Vasco, amigo, há exatos 120 anos!