É como se a Segunda Divisão tivesse ignorado a ordem de despejo e permanecido em São Januário por mais tempo que deveria. A conquista da competição, em dezembro do ano passado, não significou para o Vasco o fim do convívio com as críticas de que o time poderia ter subido, mas que ainda possuía a cara da Série B.
O começo ruim na temporada e pior ainda no Brasileiro só aumentaram o bombardeio, combatido com a contratação de reforços de nome e uma arrancada impressionante na tabela. Hoje, finalmente, a Série B parece ter ficado definitivamente para trás.
Ano passado, nós tínhamos um time bem mais jovem. As chegadas de Felipe e Zé Roberto melhoraram muito isso. A Série A é diferente. As equipes são mais fortes e temos de tomar mais cuidado. O comprometimento tem de ser um pouco maior.
No início, estávamos nas últimas posições e a chegada do PC mudou praticamente 100% afirmou o volante Nilton, com conhecimento de causa, já que é um dos remanescentes do elenco campeão ano passado.
A sorte ou o mérito que o jogador teve não foi compartilhado por outros nomes que foram, durante boa parte de 2009, destaques do time de São Januário. O exemplo mais claro é o de Élton. O atacante, artilheiro da Segunda Divisão, teve a permanência comemorada pela diretoria. Este ano, porém, ele trocou o brilho pela condição de coadjuvante e foi emprestado ao Sporting Braga (POR) sem que sua saída fosse considerada um desfalque.
Com a cara e o custo mais parecidos com o de um time da Série A a folha salarial subiu de R$ 1,1 milhão para R$ 1,7 milhão, aproximadamente, o Vasco se reconhece de forma diferente da do ano passado.
Pelas contratações, nosso elenco é um dos melhores do país disse o volante Rafael Carioca.
Estratégias de marketing mudaram após o acesso
Não apenas em campo que o Vasco tem passado a impressão de que a Segunda Divisão se tornou definitivamente algo do passado. Fora dele, o clube trabalha para mostrar uma imagem diferente daquela que ficou marcada durante todo o ano de 2009.
O tom das ações do departamento de marketing mudou, é o que conta Marcos Blanco, diretor do setor.
Trabalhamos sempre em cima da paixão do torcedor. Ano passado, nos preocupamos muito com a questão da autoestima, da mobilização dos torcedores, e os vascaínos abraçaram o clube e lotaram os estádios.
De fato, as campanhas que apelavam para o vascaíno resgatar o clube, em crise financeira e técnica, se multiplicaram. O programa de sócios O Vasco é Meu buscou instigar a torcida neste sentido, assim como os vídeos institucionais que saíram na internet às vésperas de jogos importantes na Segunda Divisão.
Este ano, o departamento de marketing tenta valorizar os ídolos que o Vasco possui atualmente no elenco. Foi assim com Carlos Alberto, que inspirou trancinhas para os torcedores, e será assim com Fernando Prass, que também ganhará miniatura personalizada.
O torcedor gosta de comprar uma camisa do Felipe, de ter um boneco de um ídolo como Carlos Alberto, assim ele vai consumindo explicou Marcos Blanco.
\"Não dá para montar elenco só em janeiro\"
Rodrigo Caetano, diretor executivo de futebol
Sabíamos que teríamos de fazer essas contratações pontuais para qualificar o elenco.
Antes, fizemos o que podíamos. Atualmente, não dá para montar um elenco somente em janeiro. É preciso utilizar também a janela de transferências no meio do ano, foi o que o Vasco fez. Nosso planejamento foi o de manter praticamente todo o grupo da SérieB, contratar jogadores no cenário nacional que acreditávamos ser úteis e depois realmente qualificar o elenco. Acho que hoje temos um grupo bom e qualificado.
(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)