A lenha na fogueira da rivalidade entre Fluminense e Vasco, em 2015, é a disputa pelo lado direito das cabines de rádio no estádio do Maracanã. Se hoje as duas equipes brigam entre si, há quase 100 anos, as coisas eram um pouco diferentes. Precisando de um local para realizar suas partidas em seu primeiro ano na elite do futebol carioca, em 1923, o Cruz-Maltino viu a mão estendida do Tricolor como alento.
O restante da história os vascaínos e amantes do futebol podem completar. Naquele ano, o Vasco sagrou-se campeão estadual do Rio em 1923 e repetiu a dose em 1924.
Fundado em 1898, o Gigante da Colina surgiu no futebol em 1916. A estreia, uma goleada acachapante para o extinto Paladino FC, foi apenas um dos percalços do clube em sua caminhada. Último colocado do torneio, o clube foi alçado à Série B em uma reformulação na forma de disputa do Estadual. Após vencer a segunda divisão em 1922 e empatar em 0 a 0 uma partida extra com o São Cristóvão, lanterna da Série A, a equipe de São Januário se classificou para a elite.
Mas o regulamento exigia um estádio, coisa que Eurico Miranda, atual presidente do clube, cansa de reclamar na atualidade. E sem poder mandar seus jogos no campo da Rua Morais e Silva, o Cruz-Maltino recorreu ao já gigante Fluminense, que podia ceder o estádio ao clube de regatas. Importante lembrar que alguns anos antes, o Flamengo, clube formado pela dissidência de jogadores tricolores também recebeu o apoio do Flu e atuou nas Laranjeiras.
Anos depois, isso se inverteu. Em 2005, com o Maracanã fechado para obras para o Pan-Americano de 2007, o Fluminense atuou em algumas partidas em São Januário, como a final da Copa do Brasil daquele ano, em que o Tricolor acabou derrotado pelo Paulista de Jundiaí.
De mãos dadas ou lados separados, Fluminense e Vasco possuem pontos de conflito e de parceria em sua trajetória, que apenas engrandecem clubes e o futebol carioca e brasileiro.