O Vasco apresentou uma lista na Justiça de todos os credores que já têm execuções contra o clube. Da relação, constam jogadores como Romário, Wendel e Eder Luís e técnicos como Dorival Junior e Cristóvão Borges. No total, o valor do débito vascaíno nas Justiça trabalhista e cível é de R$ 223 milhões.
A estratégia do Vasco foi usar a Lei do clube-empresa para que todos os seus débitos judiciais fossem cobrados de forma centralizada. Pela legislação, o clube terá de destinar 20% de sua receita para quitar as dívidas trabalhista e cíveis. A expectativa da diretoria vascaína é quitar tudo em seis anos.
A lista de credores do Vasco foi apresentada à Justiça cível e trabalhista, que tem de aprovar a forma de pagamento. Há alguns critérios para a ordem da fila de credores para receber suas dívidas.
"A lei é nova e vai ser a primeira aplicação. Não tem precedente, vão surgir dúvidas. A lei diz que o pagamento das obrigações privilegiará os créditos trabalhistas. E cumprirá o plano apresentado aos credores. A lei outorgou aos clubes de ordenar os pagamentos. Pelo plano do Vasco, será destinado 75% trabalhistas e 25% para as cíveis", afirmou o vice-presidente Jurídico do Vasco, José Carlos Bulhões.
Pela lei, a prioridade para pagamento segue a seguinte ordem pela fila: 1) idosos com mais de 80 anos 2) idosos a partir de 60 anos 3) pessoas com doença grave 4) pessoas com crédito trabalhista até R$ 66 mil 5) gestantes 6) credores que deem desconto de pelo menos 30% ao clube.
No total, a lista tem 255 processos trabalhistas que somam R$ 152 milhões em créditos. Pelo levantamento do blog, o Vasco deve mais de R$ 1 milhão a 38 pessoas. O maior débito é com o ex-jogador Wendel que soma R$ 14,8 milhões. Além dele, outro valor alto é a pendência com Dorival Jr, em um total de R$ 8,5 milhões.
Na Justiça cível, são 70 execuções contra o Vasco. O maior credor é o escritório de advocacia Barreira de Oliveira Consultoria Jurídica e Empresarial, com um total de R$ 11 milhões.
O ex-jogador Romário, que se despediu do Vasco há mais de 10 anos, ainda é credor de R$ 8,360 milhões. Como sua dívida é na Justiça cível, por meio de sua empresa, e ele não se encaixa em outras prioridades, pode demorar mais a receber. Há um fator que o favorece: débitos mais antigos entram na frente dos novos.
O Vasco já tem uma lista com as prioridades da fila de pagamento. Mas a lista obtida pelo blog está em ordem alfabética. São casos em execução, o que significa que devem entrar novas dívidas que tem processos em curso. Ainda assim, o Vasco, que já começou a depositar 20% das suas receias, é otimista sobre o prazo para quitar os débitos.
"A gente estima em seis anos para pagar. A lei permite em dez anos. Nos seis anos, temos que pagar 60% das dívidas. Como as receitas são variáveis, a lei não prevê um prazo fixo. O pagamento é com base na receita. Isso se adapta à variação das peculiaridades do futebol", completou Bulhões.
Assim, se ficar na Série B, o Vasco terá de pagar menos dinheiro porque suas receitas serão menores. Mas, ao mesmo tempo, o clube levará mais tempo para quitar os débitos.
"Tendo essa previsibilidade, podemos captar empréstimo (para quitar a dívida). Temos quinta maior torcida do país. A gente tendo previsibilidade, pode ir ao mercado", disse Bulhões.
Nesta segunda-feira, o Vasco anunciou também um acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda para suas dívidas tributárias. Obteve, em média, 50% de descontos nas dívidas. O clube ainda divulgará as condições do pagamento desses débitos.