Entre as "mudanças radicais" que Eurico Miranda planeja para sua gestão, duas já estão definidas: o elenco profissional vai voltar a treinar em São Januário, e as categorias de base do clube vão mudar de endereço. Reinaugurado em setembro de 2012, após obras realizadas pela gestão Roberto Dinamite, o centro de treinamento de Itaguaí abriga as categorias inferiores do futebol do clube há cinco anos. O terreno de 100 mil m² pertence ao empresário Pedrinho Vicençote, que já recebeu comunicado de que o Vasco não vai mais alugar seu centro de treinamento a partir do fim do contrato - dia 31 de dezembro.
Até o fim do ano, os juniores - única categoria que não estará de férias em dezembro, pois se prepara para a disputa da Taça São Paulo de Juniores - seguem treinando normalmente em Itaguaí. Mas a nova administração já analisa alternativas para a troca de endereço da base. Vicençote já tem proposta de parceria com a prefeitura de Itaguaí e outras sondagens para aluguel de seus campos para 2015.
A base vascaína deve passar por reformulação grande. A primeira análise é de que há excesso de funcionários por categorias, que devem ser reduzidos. Um dos filhos de Eurico, Álvaro Miranda deve assumir como coordenador das categorias de base, acumulando função que hoje é exercida por mais de um profissional no clube.
Entre as opções que aparecem mais viáveis, há três possibilidades. O centro de treinamento do Tigres, que fica em Xerém, vizinho ao CT do rival Fluminense. Mais próximos, o CT do Artsul, em Nova Iguaçu, e do Audax (ex-Sendas), em São João de Meriti, estão em análise também. A ideia é, porém, reativar a concentração em São Januário, com a garotada dormindo e estudando dentro do clube e saindo para treinar de ônibus para esses locais.
Outra estrutura em fim de contrato, as instalações de Zico, no Centro de Futebol Zico, onde hoje treina o profissional, também serão estudadas e podem atender à base. Essa decisão tem a ver com uma visão da nova diretoria de que os jogadores precisam conhecer mais o próprio estádio, sem temer pelo desgaste excessivo do gramado, pois leva em conta a pequena quantidade de treinos com dois jogos por semana. O contrato com o ídolo do Flamengo termina no fim desse ano. O aluguel de R$ 35 mil é considerado viável. Em Itaguaí, por exemplo, o Vasco paga - apesar dos constantes atrasos e uma dívida próxima a R$ 2 milhões - quase o dobro.
O alojamento que era usado pela garotada em São Januário, que havia sido interditado a pedido do Ministério Público em 2012, hoje serve ao futebol feminino. Outra estrutura que havia sido montada para concentração dos profissionais foi desativada na gestão Dinamite e hoje é um canteiro de obras. Com pressa para resolver a situação - boa parte dos garotos estavam matriculados em colégios próximos ao CT de Itaguaí, que fica a 70 km do Rio -, a diretoria tem interesse em viabilizar uma parceria para pegar uma estrutura pronta.
Promessas antigas
Durante a campanha, Eurico prometeu que em três anos vai construir um centro de treinamento para o Vasco. Sem indicar em qual local seria esta construção, o novo presidente quer aprovar leis de incentivo para tocar a obra. Em sua passagem anterior pela presidência do Vasco, Eurico queria a construção de um CT em Duque de Caxias, mas esbarrou em problemas ambientais e ações do Ministério Público Federal. O terreno é uma cessão da União da década de 1970, em contrapartida à perda de outra área do Vasco na Avenida Presidente Vargas, que foi destruída para obras do metrô carioca.
Em 2013, o Vasco recebeu a cessão por 50 anos de um terreno da prefeitura do Rio em Vargem Grande. À época, Dinamite disse que acreditava em rápida construção dos campos para o clube, com o CT pronto em um ano.
Em situação semelhante, Dinamite anunciou em 2011 que o Vasco recebia um terreno de 148 mil metros quadrados da prefeitura de Maricá. O clube chegou a divulgar imagem do projeto e fez cerimônia de lançamento do CT, que atenderia as categorias de base. Porém, estudos mostraram que a lagoa ao lado do terreno avançava para a área do espaço e o clube logo desistiu. Um ano depois, sem obras iniciadas, a cessão de terreno foi suspensa pela prefeitura de Maricá.