Foi numa noite difícil para o futebol em São Januário. Pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro, Vasco e Atlético-MG se enfrentaram na última quarta-feira e protagonizaram poucos momentos de lucidez. Os maus minutos em campo, porém, custaram mais para o Cruz-Maltino, que perdeu a segunda em dois jogos no Brasileirão - desta vez, sob vaias da própria torcida.
A verdade é que pouco se viu de qualidade em campo em São Januário. Principalmente no primeiro tempo, Vasco e Atlético-MG apresentaram pouca velocidade, pouco interesse e pouca profundidade. Depois do intervalo, o Cruz-Maltino melhorou, mas as oscilações dentro dos próprios 45 minutos finais foram cruciais para a derrota.
Pouca profundidade e poucos passes verticais
O Vasco, mesmo jogando em casa, foi pouco efetivo no campo de ataque. Quando tinha a bola, trocava passes perto da área do Atlético-MG, mas sem conseguir toques em profundidade, jogadas verticais em direção ao gol. Até por isso, o primeiro tempo deu até sono para quem assistiu ao confronto.
A entrada do volante Andrey no lugar de Fellipe Bastos, já na etapa final, mudou um pouco do ritmo do Vasco. O garoto, que terminou 2018 como um dos principais da posição e perdeu muito espaço em 2019, costuma chegar mais ao campo de ataque e abrir espaços na defesa adversária, o que permitiu ao Cruz-Maltino criar mais chances de gol.
Maxi López isolado
O que se viu também durante quase toda a partida contra o Atlético-MG foi o atacante Maxi López isolado no ataque. Pikachu, pela esquerda, e Marrony, pela direita, não conseguiram tabelar com o centroavante para abrir espaços na defesa adversária. Muitas vezes, o argentino recebia passes entre os zagueiros, completamente cercado e tendo de se virar sozinho.
Mesmo assim, Maxi López voltou a balançar as redes, o que não acontecia com a bola rolando desde 14 de outubro do ano passado (em 2019, já havia feito dois gols, mas de pênalti). O atacante mostrou oportunismo ao aproveitar rebote depois de chute travado de Pikachu. Ponto para ele, mas a falta de companhia atrapalha a equipe.
Ricardo Oliveira quase anulado
Um ponto positivo em meio à inoperância do primeiro tempo foi a atuação da defesa. Principalmente Werley conseguiu praticamente anular o atacante Ricardo Oliveira. Os dois já se conhecem há tempos: jogaram juntos no Santos, em 2015, e se enfrentaram diversas vezes em treinos. O zagueiro mostrou qualidade para parar o adversário.
Na base da empolgação
Depois do intervalo, o Vasco melhorou - o próprio técnico Marcos Valadares admitiu que a conversa no vestiário surtiu efeito depois do primeiro tempo ruim. O crescimento, porém, ficou muito na base da empolgação e pouco com jogadas trabalhadas e chances criadas para assustar o goleiro Vitor.
Com as mexidas, as entradas de Valdivia e Rossi, o Vasco naturalmente ganhou velocidade pelos lados para buscar o segundo gol depois de empatar com Maxi López. Faltou, porém, qualidade técnica no meio de campo para saber onde colocar a bola. Bruno César, armador de origem, ficou no banco de reservas.
Apesar de ter mais velocidade com Valdivia e Rossi, a dupla não conseguiu demonstrar grandes coisas contra o Atlético-MG. O primeiro acabou de chegar ao clube, enquanto o segundo está recém-recuperado de lesão. Compreensível que ainda estejam abaixo do esperado, mas o baixo desempenho pode atrapalhar o Vasco.
Falta de energia
Seria injusto dizer que faltou vontade ou algo do tipo ao Vasco contra o Atlético-MG, mas a sensação é de que os jogadores "desligaram" um pouco no fim da partida. Talvez por questões físicas, também destacadas por Marcos Valadares na entrevista coletiva, o Cruz-Maltino não teve pernas para pressionar o adversário até o fim e acabou perdendo.