O gol irregular de Márcio Araújo não tirou do Vasco apenas o título carioca de 2014 - sem falar no fim do jejum e ainda da incômoda sequência de derrotas para o Flamengo em decisões (reveja o lance no vídeo ao lado). Após a partida, a diretoria cruz-maltina já fazia contas para analisar o prejuízo do cruz-maltino com a perda do título. E a conclusão do diretor geral Cristiano Koehler é de os problemas financeiros do clube vão crescer ainda mais após o vice-campeonato estadual. Segundo ele, a estimativa de perda após o revés na decisão beira a casa dos R$ 20 milhões.
- Nosso prejuízo por causa da perda do título deve chegar à R$ 20 milhões. Falo do dinheiro que a Ferj tirou da cota de TV de Vasco e Flamengo antes mesmo do estadual, da premiação pela classificação para a decisão que sequer recebemos, da premiação pelo próprio título, de perdas com o lançamento do novo plano de sócio torcedor que sairia agora em caso de conquista, das vendas nas lojas oficiais, do aumento da renda das partidas, da natural valorização dos jogadores... É só fazer as contas. Nosso prejuízo financeiro é enorme - afirmou Koehler em entrevista ao GloboEsporte.com.
O diretor foi além e enumerou os valores. A redução na cota de TV foi de R$ 2,8 milhões. A premiação pela classificação para a final, de acordo com o clube, era de R$ 700 mil. Segundo Koehler, a Ferj alegou uma dívida antiga do Vasco não efetuar o pagamento da bonificação. "Nos tiraram quase R$ 3 milhões e não querem que tenhamos dívidas?", indaga ele. A premiação pelo título seria de R$ 3,5 milhões. A expectativa do novo plano de sócio torcedor, que agora será lançado mais para a frente, era atrair pelo menos 15 mil associados ao preço mensal de R$ 40. Faltando mais oito meses para o fim do ano, seriam quase R$ 5 milhões a mais para os combalidos cofres vascaínos. O aumento da receita por vendas em lojas oficiais era estimado em mais R$ 1 milhão. Somados todos esses valores, sem contar com o aumento de público nas partidas e a valorização dos atletas, já se chega perto da casa de R$ 15 milhões.
Ação civil e criminal por perdas e danos
- De forma geral, o torcedor que acompanha, que escuta o rádio, que lê jornal, já encheu o saco. Meu próprio porteiro me falou isso após o jogo, disse que largou. É sempre a mesma coisa. O Vasco sendo prejudicado e os caras ai comemorando. Não dá para ficar assim. Vamos protestar, fazer nota oficial, mas estamos cansados. Estivemos na Ferj durante a semana, participamos de uma reunião, mas não dá mais. Toda a estrutura está de saco cheio. O que há por trás disso tudo? Gostaríamos de pensar que é apenas erro humano, mas já chegamos a conclusão de que existe alguma coisa que não conseguimos ver e nem entender. Errar uma vez, duas, tudo bem. Mas ser prejudicado jogo a jogo, escandalosamente da forma vergonhosa como foi na final, não dá mais. O futebol perdeu a credibilidade. Não conseguimos encontrar uma solução. As reivindicações são feitas, discutimos, fazemos ponderações... Mas em campo somos sempre prejudicados - desabafou.
O sentimento em São Januário é de total indignação e revolta após o final do Campeonato Carioca. Tanto que a diretoria promete medidas drásticas. Segundo Cristiano, o Vasco vai se posicionar judicialmente diante do erro que decidiu o título. Os caminhos ainda não foram decididos, mas o diretor geral prevê ações nas esferas cível e criminal contra o bandeira Luiz Antônio Muniz de Oliveira e a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj).
- Posso adiantar que vamos nos posicionar juridicamente diante dessa situação. Sabemos que depois do fim do jogo não é possível qualquer reversão, mas não podemos ficar calados. Ainda vamos definir tudo, mas provavelmente vamos acionar civilmente e criminalmente o bandeirinha e a Ferj. É preciso reparar o dano e a perda desse ato. Quem vai pagar essa conta? Estamos fazendo enormes esforços financeiros. Colocamos recentemente os salários em dia mesmo com todos os problemas. O Flamengo tem uma capacidade de captar recursos muito maior. O clube ganhou a Copa do Brasil no ano passado, disputou a Libertadores em 2014... Para o Vasco era o momento de consolidar o trabalho sério que vem sendo feito - encerrou.