Aparentando nervosismo, Franck Assunção pouco falou em sua apresentação como novo diretor executivo do Vasco. Mas nas conversas que precederam sua contratação, vendeu uma ideia que encheu os olhos dos dirigentes cruz-maltinos. Está depositada naquele que é ex-empresário de jogadores e que se apresentou como alguém que atuou como dirigente em clubes inexpressivos da Europa a esperança de que o Vasco consiga deixar de depender do patrocínio da Eletrobras e realizar o sonho de firmar contrato com uma empresa internacional para salvar suas finanças.
O Vasco tem até o fim de 2013 um contrato com a Eletrobras que atualmente rende R$ 16 milhões anuais. Mas como não detém as certidões negativas de débito com a União obrigatórias num vínculo com uma estatal , precisa conseguir na Justiça o pagamento das cotas. Essa asfixia tem causado constantes atrasos de salários, e o clube enxergou em Franck Assunção, que viveu por 18 anos na Europa, um caminho para conseguir um patrocinador master de peso capaz de dar fim ao problema.
Mandarino, vice de futebol (à esquerda), e presidente Roberto Dinamite (à direita), apostam em Franck Assunção (centro) como captador de patrocínio (Foto: Gustavo Rotstein / GLOBOESPORTE.COM)
Assunção assinou contrato com o Vasco até o fim do ano. No acordo, ficou estabelecido que sua atuação no clube será quase que exclusivamente no campo econômico, deixando o dia a dia e o relacionamento com os jogadores com o agora diretor de futebol Daniel Freitas. O último continuará a tratar de contratações, mas os dirigentes cruz-maltinos acreditam que Franck Assunção poderá viabilizar a chegada de nomes internacionais. Em sua conversa com os comandantes vascaínos, ele disse ter relação próxima com Leonardo e Marco Branca, homens-fortes de Paris Saint-Germain e Internazionale de Milão, respectivamente. No entanto, acabou por não mencionar isso em sua coletiva de apresentação.
Nome de atacante Jô foi cogitado
Aliás, Franck Assunção deixou de falar muito do que pretendia. Ele esqueceu na sala de imprensa de São Januário algumas folhas de papel com o discurso planejado em sua chegada ao clube. Num dado momento, usaria a expressão ousadia controlada para definir sua maneira de atuar. Um outro trecho ensaiava até mesmo o gestual a ser utilizado enquanto se dirigia aos jornalistas. Uma das últimas frases era: Posso bater no peito e falar ALTO, hoje sou Vasco... E digo isso com muita emoção!!! Mas o que acabou por prevalecer foram respostas pouco enfáticas e nada específicas.
Segundo pessoas ligadas à diretoria, os responsáveis pelo futebol do Vasco acreditam que Franck Assunção pode ser o nome do que consideram um projeto ambicioso para turbinar as finanças do clube com a chegada de parceiros comerciais de peso. A necessidade de estabilidade econômica é tão grande que decidiram relevar sua atuação pouco expressiva no mercado e o fato de ser mais conhecido como o homem que prometeu levar o atacante italiano Christian Vieri para o Botafogo-SP e depois para o Boavista-RJ.
Em relação à chegada de reforços, o Vasco pensa em usar os supostos contatos de seu novo diretor executivo para facilitar a negociação de jogadores que, por exemplo, têm direitos ligados a grupos empresariais estrangeiros. Um nome falado em São Januário nos últimos dias e que está incluído neste caso foi Jô, reserva do Internacional. Ele substituiria Carlos Tenorio, que se machucou e tem volta prevista para daqui a seis meses. Mas a hipótese, de início, foi descartada pelo fato de o atacante estar inscrito na Libertadores e, por isso, não poder defender o Vasco na competição.