Um duro teste carregado de altíssíma voltagem aquele realizado ontem pela equipa do Interclube diante do tetra-campeão brasileiro Vasco da Gama. O resultado apertado (2-1) ajuda muito bem a perceber a história de um jogo de carácter amistoso dominado por períodos de disputa intensa, do principio ao fim.
Diga-se, sem mais rodeios, que os campeões nacionais terão conseguido nesse confronto aberto com o também tri-campeão sul-americano o que mais desejaram: colocar a prova a capacidade defensiva e ofensiva da equipa, bem como tirar novas ilações sobre a movimentação colectiva e individual do conjunto.
Magalhães e Túbia voltaram a povoar o seu meio-campo das suas melhores unidades (Zé Augusto, Daniel, Messi, Benvindo e Mingo), incumbiram a Pedro Henriques, unidade mais avançada da equipa, a missão de procurar fazer o maior número de golos e convidaram Joãozinho, Kito, Samuel e Victor para formarem a importante muralha defensiva que pudesse evitar calafrios à equipa.
A jogar desta forma e, com Tsherry entre os postes, a máquina ganhou pernas para andar, mas mostrou-se ainda pouco oleosa, capaz de funcionar sem obrigar aos técnicos recorrer aos constantes de necessários puxões de orelhas. Os primeiros 20 minutos do futebol dos polícias foram de alguma inoperância atacante, tendo os donos da casa tomado conta da partida, assumindo as despesas do jogo e submetendo os campeões angolanos a períodos de calafrios na defesa.
O Vasco da Gama manteve o seu ataque persistente e fruto da enorme pressão a que esteve sujeito o Interclube na primeira parte, foi com alguma naturalidade que Tsherry sofreu o primeiro golo, decorridos 28 minutos. Mas a equipa angolana teve uma pronta resposta e não tardou para que restabelecesse a igualdade, na sequência de um golo de Samuel, que partiu de um livre muito bem cobrado por Messi, à entrada do bico esquerdo da área adversária. As duas equipas partiram para o intervalo com o resultado em 1-1.
Inversão de pápeis
A segunda parte trouxe um Interclube menos afoito a jogar no meio-campo e mais determinado a assumir o papel atacante. Foi graças a esta postura, que os campeões angolanos surgiram várias vezes na cara do guarda-redes do Vasco. Ainda que tivessem surgido algumas jogadas mal ensaiadas e passes extraviados, pertenceu aos polícias o maior volume de jogadas de perigo nesse período.
Terão contribuído igualmente para a subida de rendimento as mexidas efectuadas pela equipa-técnica do Interclube nos últimos 45 minutos. Paty, Fissi, Gaúcho, Minguito, Pitchou, Cadima e Jojó entraram a render Kito, Victor, Daniel, Joãozinho, Benvindo, Messi e Mingo. O jogo dos polícias teve momentos de futebol emotivo, embora faltasse sempre a objectividade e clarividência necessária na hora do ataque dar a machadada final. Pedro Henriques e Daniel tiveram duas boas oportunidades soberanas para marcar.
E como quem não marca sofre, lá diz o velho adágio desportivo, os polícias voltaram a sofrer novo golo, aos 77 minutos, na sequência de um penalti duvidoso assinalado na área de Tsherry. Minguito não acabou o jogo devido a um estiramento no musculo inferior da coxa esquerda. Do Interclube ficou a imagem daquele futebol promissor, apesar de não ter sabido aproveitar as inúmeras ocasiões de golo que dispôs, ao passo que o Vasco da Gama, que vive tempos de crise (voltou a perder no campeonato carioca), pode aproveitar a vitória para ganhar confiança.
José Martinez elogia atitude da equipa na segunda parte
José Martinez, presidente do Interclube, elogiou ontem, no final do jogo de carácter amigável que a equipa realizou diante do Vasco da Gama, a atitude e o empenho espelhado pelos jogadores na segunda parte do desafio. Ao nosso jornal, o número um dos polícias afirmou ter visto uma equipa menos atrevida nos primeiros 45 minutos, considerando uma situação própria do começo de pré-temporada. A equipa entrou tímida nos primeiros 45 minutos, mas na segunda parte soltou-se mais e gostamos da entrega e do empenho dos jogadores.
Acho que a nossa equipa está, ainda, um pouco presa nos movimentos, mas na segunda metade do jogo evoluiu mais e colocou de parte a timidez. Sabemos que o Vasco da Gama viria para esse jogo com a máxima força, apesar de que os que jogaram hoje(ontem) contra nós serem jogadores que ainda não evoluíram no seu campeonato, por não estarem inscritos, começou por frisar o presidente dos polícias, reafirmando estar satisfeito com as condições do estágio da equipa no Brasil, país onde acredita haver mais condições para cumprir pré-épocas.
Regressamos ao Brasil porque tivemos uma boa experiência da primeira vez que cá estivemos a cumprir a pré-época para o Girabola do ano passado. Conseguimos identificar as condições de trabalho que esse país nos oferece; desde o clima, acomodação e a alimentação dos jogadores. Estas foram, segundo José Martinez, as condições que motivaram a direcção a apostar numa nova pré-temporada no Rio de Janeiro, completamente melhores em relação a África do Sul, anterior local de estágio da equipa.
Inicialmente o nosso estágio era feito na África do Sul, mas tivemos que mudar para o Brasil porque saíamos do frio para o calor. Independemente disso, temos a vantagem de fazer um número maior de jogos de preparação aqui no Brasil e melhorar os nossos índices motivacionais e competitivos.
Estágio dos polícias termina no Lubango
O ciclo de estágio de preparação que está a efectuar na cidade brasileira de Rio de Janeiro vai encerrar na província do Huíla, soube ontem o Jornal dos Desportos de José Martinez. O responsável máximo da direcção da equipa da Polícia fez questão de assegurar que a comitiva dos campeões nacionais regressa ao país apenas no próximo dia 10 de Fevereiro, ao contrário do que estava inicialmente previsto, e daí partirá para a fase derradeira de trabalhos na cidade do Lubango.
A decisão visa manter a equipa dentro dos níveis desejados para encarar a competição, que apenas inicia em Março, sem quaisquer sobressaltos. A equipa vai para Angola no dia 10 e em relação ao inicio da competição há um espaço ainda longo e que poderá tirar, de certa forma, algum rendimento ganho pela equipa nesse estágio no Brasil.
Sabendo que os estágios têm como objectivo a concentração e efectivação da coesão da equipa, acreditamos que no país vamos prosseguir com a realização de mais um curto ciclo de preparação, de forma a compensarmos o tempo que nos separa do início da competição, assegurou o líder dos campeões nacionais, sublinhando haver essa intenção de rumar ao Lubango.
Acredito que vamos ficar dez dias no Lubango, e a partir do dia 24 regressarmos a Luanda, tendo em conta também a nossa Gala de homenagem aos campeões do Girabola de 2010, agendada para o próximo dia 26. É nossa intenção concentrarmos novamente o grupo a partir do dia 15 de Fevereiro, para conseguirmos unir os jogadores outra vez e manter os níveis dos trabalhos realizados aqui, no Brasil, em perfeitas condições.