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Vasco recebe 35 milhões a menos que o Fla no contrato de TV

O Brasileiro por pontos corridos tem o status de ser um campeonato justo e que premia as equipes mais regulares. Mas para alcançar essa estabilidade na competição, os clubes costumam investir em planteis qualificados, treinadores valorizados e estrutura física, fatores que geram gastos elevados. E justamente no quesito financeiro é que o torneio perde o caráter de justiça e as cifras ganham espaço. Na tabela de classificação do Brasileirão deste ano, os 11 primeiros colocados são equipes que recebem mais que os outros concorrentes em cotas de transmissão. A única exceção foi o rebaixado Palmeiras, que não ocupou o 12º posto, vaga preenchida pelo Náutico.

Nesta temporada, o campeão Fluminense teve, mais uma vez, o apoio da Unimed, empresa que é parceira do clube e responsável por arcar com grande parte da folha de pagamento e contratações. Porém, na comparação das cotas de TV, o Tricolor carioca está no mesmo patamar de Atlético, Cruzeiro, Internacional, Grêmio e Botafogo, que recebem valores anuais estimados em R$ 55 milhões, e bem abaixo dos times que possuem as duas maiores torcidas do Brasil.

Os “campeões” de arrecadação dos direitos de transmissão são Flamengo e Corinthians. Os clubes embolsam importâncias acima de R$ 110 milhões. Numa segunda faixa estão São Paulo, Palmeiras, Vasco e Santos, com contratos estimados em R$ 75 milhões.

Para o especialista em marketing e gestão esportiva, Amir Somoggi, a discrepância de arrecadação entre os clubes tornará o futebol nacional cada vez mais concentrado nas mãos dos times mais ricos e a distância pode aumentar nos próximos anos.

“Se você pegar a concentração de riqueza dos clubes que mais arrecadam no Brasil, eles representaram 65% da lista de tudo que foi gasto no futebol do país no ano passado. Cada vez o topo da pirâmide deve faturar mais. O nosso modelo é tropical. Em outros lugares do mundo ninguém ganho tanto da TV e a diferença não é tão grande. Os clubes só querem faturar. Ninguém briga para que Figueirense e Goiás recebem mais, por exemplo”, explica Amir.

Segundo Somoggi, uma maneira de tornar a disputa mais equilibrada seria uma modificação na distribuição das cotas de transmissão. O especialista cita o exemplo do futebol inglês como fórmula de sucesso.

“Na Premier League eles têm cotas muito mais equilibradas que em qualquer lugar. O Manchester recebe o dobro do Wigan, mas a diferença não está nos direitos da TV, e sim em outros meios que o Manchester tem. Posso dizer que a Liga de clubes só controla o seu papel na Inglaterra. A diferença deles é que as cotas representam 85% das receitas para um e 32% para outros. O sucesso da Liga Inglesa está no equilíbrio das divisões de TV, mesmo que os campeões sejam sempre os mesmos”, frisou,

Na divisão dos valores de transmissão, o futebol inglês tem uma maneira particular de separação. Os clubes ingleses controlam a Liga que negocia os direitos, e 56% do montante é dividido de forma igualitária, 22% são conforme a classificação do campeonato anterior e os outros 22% são repartilhados de acordo com os índices de audiência.

A desigualdade financeira do campeonato reflete na parte de baixo da tabela. Além dos clubes rebaixados, Atlético-GO, Figueirense, Palmeiras e Sport, equipes como Bahia, Portuguesa, Ponte Preta, Coritiba e Timbu sofreram para se manter na Primeira Divisão. Em média, esses times recebem menos que R$ 30 milhões nas cotas de transmissão, além de terem ganhos menores com publicidade. Os dados não são confirmados pelos clubes devido a contratos de confidenciabilidade firmados com a detentora dos direitos.

Patrocinadores

Para estampar o nome na camisa do Corinthians, a Caixa Econômica Federal, que é um banco estatal, pagará a quantia de R$ 31 milhões por temporada. O acordo é o maior da história do futebol brasileiro e gerou polêmica pelo fato de o patrocinador ser vinculado ao governo, maior credor dos clubes locais devido a dívidas fiscais. Flamengo e Vasco também foram alvos de críticas pelo mesmo tipo de contrato.

Com cifras mais modestas, Atlético e Cruzeiro ganham cerca de R$ 12 milhões do Banco BMG, patrocinador master. Os times da capital mineira usam outros espaços do uniforme para aumentar a arrecadação. A medida é comum em vários clubes do país.

Nos últimos anos, as estratégias de marketing para arrecadar mais com publicidade evoluíram nos clubes brasileiros. O Corinthians foi um dos que se beneficiou com a chegada de Ronaldo Fenômeno, em 2009, e aumentou o valor de sua marca. O Galo pretende majorar os ganhos com a permanência de R49 e o Cruzeiro já usou o nome de Montillo, principal destaque do elenco, para atrair novos sócios.

Bilheterias


Apesar de não ter o mesmo peso nas finanças que os outros elementos, as bilheterias ajudam as agremiações no aumento das receitas. Programas de sócio-torcedor rentáveis, casos de Internacional e Grêmio, são medidas importantes para a arrecadação. Em outras regiões, principalmente com menor poder aquisitivo, os ingressos são mais baratos e a receita não tem o mesmo efeito nas finanças.

Em relação aos valores fechados somando todas as receitas de 2011, apenas o Botafogo não completa a lista dos 12 primeiros colocados deste ano. O time carioca perdeu posições para Coritiba e Atlético-PR, respectivamente.

Fonte: Superesportes
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