Na Série B, o Vasco conseguiu reduzir em R$ 95 milhões a sua dívida líquida graças a um superávit obtido em 2021. O número está registrado no balanço do clube divulgado nesta segunda-feira. Com isso, o clube já atinge o patamar de débito combinado para efetivar a venda da SAF para a 777 Partners.
A dívida líquida vascaína ficou em R$ 709 milhões em dezembro de 2021 (o valor é obtido com todo o passivo menos o ativo circulante e recebíveis a longo prazo). Ao final de 2020, esse montante era de R$ 804 milhões.
"O ponto principal é que o Vasco está arrumado e enxuto para rodar bem. Isso fez muita diferença na negociação com 777. O trabalho de longo de tempo de redução de custos ocorreu, mas o problema é a receita. Equilibrar um clube desse tamanho com R$ 150 milhões a R$ 200 milhões é difícil", diz o vice-presidente de Finanças e Estratégia, Adriano Mendes. "O Vasco vai crescer organizado."
Para chegar a essa redução, o clube obteve um superávit de R$ 122 milhões no primeiro ano da gestão do presidente Jorge Salgado. A diminuição ocorreu principalmente por uma renegociação de dívida com o governo federal em acordo com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Houve um ganho de R$ 108 milhões em desconto do débito.
"A gente já teria lucro através só pela negociação com a PGFN, mas ainda assim realizamos ajustes estruturais que impactaram no resultado. Focamos em maximizar receitas. Aumentamos as receitas de marketing, tamanho do valor da camisa, Vasco TV, venda de atletas, por exemplo no ano passado foram mais de R$ 60 milhões.", contou o CEO do Vasco, Luiz Mello, que ressaltou a redução de despesas. Em 2022, houve aumento do investimento no futebol na folha salarial.
Ele ressaltou que o clube já teria um resultado operacional positivo mesmo sem o acordo com o governo. Esse número foi de R$ 33 milhões. Ressalte-se que o Vasco, assim como outros clubes, recebeu no ano passado receitas de TV referentes a 2020. Mas, mesmo retirando essa renda, a agremiação estaria em equilíbrio.
O acordo com o 777 Partners foi feito para que o grupo se comprometesse com uma dívida de até R$ 700 milhões. "A SAF assume o pagamento de dívidas até R$ 700 milhões, atualizados pela taxa Selic", diz o balanço. O CEO do Vasco explica que o clube acetou esses termos porque calculava que o débito líquido chegar neste valor no final do ano.
"No balanço de outubro, a dívida já havia sido reduzida para R$ 732 milhões, por isso que o teto de R$ 700 milhões em relação a dívida tem como objetivo facilitar a negociação com o investidor", contou o dirigente. O empréstimo de R$ 70 milhões está sendo usado para pagar débitos em salários e fornecedores, além de alguns investimentos no futebol.
Vasco e 777 Partners estão em fase de due diligence (auditoria). Há uma expectativa da diretoria vascaína de que o acordo possa ser aprovado pelo Conselho Deliberativo do clube em junho.
Há dois pontos que pesam sobre as contas do Vasco. 1) As receitas continuam bastante reduzidas por conta da Série B. Fecharam em R$ 185 milhões 2) Há um total de R$ 183 milhões em dívidas onerosas, bancos, antecipações, entre outros itens. Esse valor aumento em 2021 porque o clube pegou empréstimo de R$ 34 milhões.
"A dívida bancária sempre possui uma maior dificuldade de negociação, mas sempre estamos conversando com os credores para maximizarmos o uso dos recursos. A Lei de SAF, traz possibilidade de negociação das dívidas dos credores inscritos no RCE (Regime Centralizado de Execuções)", completou Mello.
Em relação à receita, o Vasco é otimista no balanço sobre o seu potencial futuro de arrecadação. Ser voltar à Série A, o clube prevê que uma renda entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões. A longo prazo, se voltar a ser protagonista no futebol brasileiro, o Vasco entende que pode ter receitas superiores a R$ 600 milhões.
O número está registrado no balanço do clube. Com isso, o Vasco já atinge o patamar de débito combinado para efetivar a venda da SAF para a 777 Partners.