Após a desembargadora relatora Márcia Alvarenga Ferreira, da 17ª Vara Cívil do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, decidir por suspender provisoriamente a liminar que anulava a eleição do Vasco de novembro do ano passado, o clube retomou as negociações para obter um empréstimo já aprovado pelo Conselho Deliberativo na ordem de R$ 31 milhões.
Presidente do clube, Alexandre Campello e seus pares alegavam que a TV Globo não dava mais garantias para a verba em função de não ter segurança jurídica após o cancelamento do pleito de novembro de 2017 e a marcação de uma nova votação para 8 de dezembro de 2018.
A operação já estava desenhada junto ao banco, mas teria travado com o posicionamento da emissora. Ao UOL Esporte na semana passada, a Globo preferiu manter sigilo sobre o tema por intermédio de sua assessoria de imprensa: "Não vamos comentar, já que o assunto diz respeito à relação contratual com o clube, sujeita à confidencialidade".
A reportagem, porém, conseguiu confirmar com pessoas da diretoria vascaína que as negociações foram retomadas e que há um aguardo da análise jurídica da Globo para dar o aval.
O empréstimo é visto como primordial pelo clube para honrar seus compromissos até o fim desta temporada com jogadores e funcionários. Atualmente, o Cruzmaltino está entrando no segundo mês de salários atrasados. Somente os funcionários que recebem até R$ 4 mil estão em dia.
Na entrevista coletiva da última segunda-feira junto a outros caciques da política vascaína, incluindo o ex-presidente Eurico Miranda, Alexandre Campello garantiu estar buscando alternativas mesmo diante do atual impasse em relação ao empréstimo.
"Não estamos parados. Estamos trabalhando para procurar alternativas, embora com muitas dificuldades. Com certeza a direção está trabalhando muito para que o futebol continue funcionando com salários em dia e todas as condições necessárias", declarou.
Votação do empréstimo virou "novela"
Depois de Campello levantar a necessidade do empréstimo, uma reunião do Conselho Deliberativo foi convocada para tratar do tema que, inicialmente, tinha juros mais vantajosos que permitiam a obtenção de R$ 38 milhões.
Porém, grupos de conselheiros de oposição não ficaram satisfeitos com as justificativas apresentadas pela atual diretoria e decidiram pelo adiamento da votação para dar tempo a novos detalhamentos.
Somente na nova reunião, um mês depois, já com as taxas de juros alteradas - o que ocasionou uma redução para R$ 31 milhões - o empréstimo foi aprovado.
O recuo da TV Globo, de acordo com a diretoria, aconteceu quando já havia se iniciado o processo burocrático para obtenção da quantia. Além das cotas da emissora, o Vasco havia dado como garantia ao banco cotas da Ferj (Federação de Futebol do Rio de Janeiro).