Em clima de fim de festa, o Vasco voltou a Conselheiro Galvão para enfrentar o Madureira depois de 10 anos. O time de São Januário havia feito o último confronto contra o Tricolor suburbano em fevereiro de 2003 - vitória de 3 a 1 do Vasco. Naquele ano, o clube cruz-maltino seria campeão Carioca pela última vez. Mas a realidade desse sábado, com o Vasco já eliminado, só não foi mais melancólica graças aos reencontros e ao carinho do retorno vascaíno no estádio Aniceto Moscoso.
Dentro de campo, Elder Granja, que jogou pelo Vasco na temporada de 2010, tentava segurar os avanços do peruano Yotún. Fora da partida, lesionado, o zagueiro Fernando, campeão da Copa do Brasil de 2011 na reserva de Dedé e Anderson Martins, assistia ao jogo bem abaixo da comissão técnica vascaína. Durante toda a partida, conversava e brincava com os integrantes do seu ex-clube. Ricardo Gomes, muito assediado, trocava ideias com René Simões e Clovis Oliveira. O filho de Ricardo, Diego, também foi a Conselheiro Galvão. Da diretoria, apenas o vice-presidente geral, Antônio Peralta, e o vice de patrimônio, Manoel Barbosa, sofriam com a má atuação vascaína.
A torcida visitante até tentou apoiar o time, principalmente no primeiro tempo. Em dois prédios atrás do campo, ao lado do estacionamento, uma família gritava e tentava incentivar os vascaínos, mas não conseguiram se animar muito. Perderam para o casal vizinho que torcia para o Tricolor suburbano. Quando o Madureira fez o gol de pênalti, os torcedores do time da casa, maioria nas cadeiras sociais, brincavam e pediam mais um, mais um.
No fim, houve protesto e xingamentos direcionados ao presidente Roberto Dinamite, que não estava no estádio. O presidente do Madureira, Elias Duba, conversava com integrantes da comissão técnica do Vasco e oferecia:
- Diz quem vocês querem que a gente empresta - avisava Duba, antigo parceiro do time de São Januário.
Apesar da má qualidade do futebol, a saudade dos moradores de Madureira em ver o Vasco de perto superou o resultado dentro de campo. Pequenos torcedores, pais e avós pediam para tirar fotos com os jogadores do Vasco e com o técnico Paulo Autuori. No salão de cabeleireiro, que não parou de funcionar na tarde do jogo, as clientes queriam chegar próximo a alguns jogadores, mas sentiam falta do zagueiro Dedé.
- Ele é lindo, tem olhos maravilhosos - disse Fernanda Ataíde, torcedora do Flamengo.
Com menos de mil pagantes, o jogo serviu também para crianças conhecerem melhor os desconhecidos atletas vascaínos.
- Yotún, Yotún, tira uma foto comigo - gritava uma criança com a camisa do Madureira que confundiu o peruano com Elsinho, o lateral-direito.
O Vasco volta a entrar em campo apenas no dia 26 de maio, na estreia do time no Campeonato Brasileiro, contra a Portuguesa, em São Januário.