Talles Magno está, a partir desta quinta-feira, um pouco mais perto de renovar seu contrato com o Vasco. Quando entrar em campo para enfrentar o Avaí, às 19h15, na Ressacada, terá deixado os antigos empresários para trás e transferido seu destino definitivamente para as mãos de Carlos Leite. É com o agente e parceiro que o clube espera resolver o presente e pavimentar o futuro, tanto o do atacante quanto o próprio.
A troca era ensaiada desde maio e esperava-se apenas sua confirmação para que os termos da renovação fossem finalizados. Concluída a mudança, Talles Magno e Vasco devem assinar novo contrato até a semana que vem. Com ele, o jovem terá direito a reajuste salarial, vínculo ampliado por mais dois anos (até 2023) e nova multa rescisória de € 50 milhões (cerca de R$ 225 milhões).
A mudança dá maior segurança ao presidente Alexandre Campello de que a crise financeira não terá como consequência a perda de seu principal ativo. O Vasco chegou aos três meses de salários atrasados e, com isso, pode ficar sem jogadores que solicitarem a rescisão via Justiça. A estreita relação do dirigente com Carlos Leite, recorrente credor do clube, é um trunfo para manter o atleta de 17 anos — pelo menos até a chegada de uma proposta milionária que possa trazer o dinheiro que o Vasco tanto precisa para quitar suas dívidas com funcionários, jogadores, e com o próprio empresário. Não está descartada a venda já na próxima janela, em dezembro, com o garoto deixando São Januário em julho de 2020, quando terá 18 anos.
Apesar do receio de perder jogadores na Justiça, o Vasco mantém todos do elenco com a mesma dívida, sem priorizar o pagamento dos jogadores considerados mais valiosos do grupo, casos de Ricardo Graça, Andrey e Marrony, além de Talles. A promessa é de que ao menos uma folha será paga em breve. O departamento de futebol considera o nível de comprometimento do elenco controlado, apesar da crise. A falta de fluxo de caixa é tão grande que no começo de setembro a Light, empresa que fornece energia elétrica na cidade do Rio, chegou a cortar a luz de São Januário por falta de pagamento.
Troca polêmica
O contrato de Talles com a Lifepro, empresa que intermediou a vinda de Maxi López, Leandro Castan e Bruno César para o Vasco, se encerrou na quarta-feira em meio a turbulências e insinuações por parte dos antigos representantes de que o presidente Alexandre Campello teria trabalhado para que a principal joia vascaína assinasse com o empresário que efetuou as duas vendas mais caras da história do clube: Douglas Luiz e Paulinho.
O dirigente nega e outra versão conta que Carlos Leite teria entrado no caminho de Talles Magno por intermédio de Bruno Lopes, que dá suporte à carreira do jogador desde o início e que teria sido excluído pela Lifepro na assinatura do primeiro contrato profissional da joia com o Vasco, ano passado. Ao descobrir o fato, Lopes teria acionado a família de Talles, com quem já tinha longo contato, e explicado o ocorrido. Com os pais de Talles ao seu favor, teria buscado Carlos Leite para substituir a Lifepro.
Atualmente a relação entre os agora ex-representantes de Talles Magno e o Vasco é das piores. O caso foi a cereja do bolo em um processo de desgaste que começou na resistência de Alexandre Campello em renovar o contrato de Maxi López, no início da temporada. Posteriormente o argentino deixaria o Vasco e acionaria a Justiça para cobrar o pagamento dos atrasados.