Da derrota por 1 a 0 do Vasco para o Resende, na primeira rodada do Carioca de 2011, até o revés cruz-maltino deste domingo, contra o Athletico, uma década do futebol carioca virou História. O fato do primeiro e último jogo do período terem sido derrotas vascaínas não significam, porém, que não houve evolução, seja para o time de São Januário ou para os rivais. A década que se encerra oficialmente na próxima quinta foi de altos e baixos intercalados para os principais times do Rio, com um claro “outro patamar” de um deles, conquistado na segunda metade do segundo tempo dos anos 10, apesar de construído com boa gestão financeira desde a primeira metade.
Clube que mais jogou nos últimos anos (677 jogos) entre os quatro grandes do Rio, o Flamengo é o que mais venceu partidas (352, contra 294 do Fluminense), menos perdeu (151 derrotas, na frente do Vasco, com 182), único que fez mais do que mil gols na década — foram 1.063 — e o que menos sofreu.
Se a quantidade de títulos conquistados, principalmente em 2019 e 2020, dão uma noção mais clara de que o período foi melhor para o torcedor do Flamengo, o dado de que o clube da Gávea foi o único com mais vitórias do que derrotas e empates somados da década mostra que, no dia a dia, os últimos dez anos foram mesmo mais vermelho e preto por aqui.
Um tom acima, o Flamengo teve 60,5% de aproveitamento nos últimos 10 anos. Fluminense (52,9%), Vasco (52,7%) e Botafogo (50,8%) tiveram números parecidos. Contudo, apesar do Vasco ter tido dois rebaixamentos na década, o torcedor do Botafogo, que vivenciou um, sofre um pouco mais no detalhamento dos números e dos troféus. O alvinegro é o único carioca sem um título importante na década. Fora isso, é o time que menos venceu (268 vezes, contra 294 do Fluminense), menos fez gols (837, contra 884 do Vasco) e, graças à derrota de ontem para o Corinthians, o que mais perdeu, empatado com o Fluminense (205 derrotas).
O reflexo disso aparece na lista dos artilheiros da década dos clubes. O do Botafogo ainda é Loco Abreu, que teve seu principal ano de brilho no alvinegro na década passada, e mesmo com apenas uma temporada e meia em 2011 e 2012, se manteve no topo. Além de Gabigol, Fred e Nenê, artilheiros de Flamengo, Fluminense e Vasco na década, outros cinco jogadores marcaram mais que ele por outros clubes cariocas nos últimos dez anos.
Uma das únicas estatísticas em que o Botafogo não aparece em último é no número de gols sofridos — foi o segundo menos vazado, com 690 gols, atrás só do Flamengo (668). Grande parte graças aos bons goleiros que o time teve no período, a começar por Jefferson, quem mais vestiu a camisa alvinegra. Comparado com os líderes dos rivais, os contestados Willian Arão, Martín Silva e Cavalieri, dispensado das Laranjeiras, dá para cravar que o Botafogo construiu a mais sólida relação com um ídolo da década, um de seus poucos pontos positivos.
Trocas exageradas
Ao mesmo tempo, só o goleiro fez mais de 200 jogos pelo clube desde 2011. O Flamengo teve seis jogadores nessa condição, contra cinco do Fluminense e dois do Vasco.
Em comum aos quatro clubes está o excessivo número de troca de treinadores. Dirigir o time por apenas 50 jogos, menos de uma temporada, faz um treinador entrar no top 5 de quem mais esteve à beira do campo na década. Sem deixar marcas históricas em nenhum deles, Zé Ricardo está na seleta lista em Botafogo, Flamengo e Vasco.
Só três treinadores atingiram a marca de 100 jogos por um dos clubes, e, mesmo assim, só um deles teve uma única passagem pelo clube — Oswaldo de Oliveira, no Botafogo, em 2012 e 2013.
Aproveitamento
Artilheiros da década