Uma curiosidade interessante marca presença no mar de estatísticas do Clássico dos Milhões. Em apenas uma oportunidade as equipes se enfrentaram em um dia 14 de julho. Neste domingo, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, as equipes voltam a se enfrentar na data oitenta e quatro anos depois. Pois é... Oitenta-e-Quatro... As coincidências não param por aí. Pois não calha de esse ser o nome de um dos craques vascaínos do período (final da década de 1920 e início da de 1930) e, em especial, do time que posteriormente conquistou o título, embora não tivesse sido titular nessa partida contra o Flamengo (em algumas partidas, jogava no lugar dele Pepico)?! A partida, vencida de virada pelo \"Time da Virada\", terminou com o placar de 3 a 2. Era apenas o começo da história recheada desse grande clássico, que começou no dia 29 de abril de 1923 (com vitória vascaína por 3 a 1 no estádio da Rua Paysandu).
A partida disputada em 14 de julho de 1929 foi válida pelo Campeonato Carioca - organizado pela AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Athleticos). A partida, ainda sem os milhões de torcedores de hoje e com um futebol ainda sem a mesma profusão que possui atualmente na sociedade brasileira (embora estivesse em expansão, contando com isto com o pioneirismo vascaína na luta contra a elitização do esporte bretão), foi realizado no majestoso Estádio de São Januário, à época o maior estádio da América do Sul. Isto mesmo! Este posto duraria até o ano seguinte, quando foi inaugurado o Estádio Centenário, em Montevidéu, no Uruguai. O estádio vascaíno seria o maior do Brasil até a inauguração do Pacaembu, em 1940, e o maior do Rio de Janeiro até o surgimento do Maracanã, em 1950.
Neste ano, o Vasco foi campeão estadual, logrando \"apenas\" seu terceiro título da competição - já havia conquistado em 1923 e em 1924, logo um bicampeonato para \"começar os trabalhos\". Tendo debutado no certame em 1923 (oriundo da segunda divisão e já sendo campeão, mesmo com todos os preconceitos raciais e de classe), o Vasco fechava a década de 1920 com três canecos. O Vasco seria campeão vencendo o terceiro jogo da final contra o América, nas Laranjeiras por 5 a 0. As duas partidas anteriores, também no estádio do Fluminense, terminaram empatadas: 0 a 0 e 1 a 1. A campanha do Vasco, que ainda usava como uniforme principal a camisa predominantemente negra, foi espetacular. Apenas uma derrota: para o Fluminense por 2 a 1, em São Januário. Fora isto, diversas goleadas, com os atacantes Mário Mattos, Santana, Oitenta-e-Quatro e Russinho fazendo a festa sobre as defesas adversárias. No gol, Jaguaré passava segurança, embora não tivesse jogado essa partida contra o Flamengo em 14 de julho de 1929.