Vaias, xingamentos a Abel Braga e Alexandre Campello e um mau futebol. Este foi o retrato da derrota do Vasco por 1 a 0 para o Goiás, na última quinta-feira, em São Januário, porém o cenário poderia se aplicar a outras partidas do time em 2020. A diferença é que esta pode ter sido a última partida da terceira passagem de Abel pelo clube.
Primeiro tempo muito ruim, e Goiás dominante
O primeiro tempo foi para lá de desanimador. O Vasco criou pouquíssimo. Finalizou apenas quatro vezes e só construiu uma bela jogada, protagonizada por Vinícius e Andrey. O volante parou no goleiro rival, e Cano, de mão, botou para dentro na sequência do lance e levou cartão amarelo.
Como Abel afirmou em coletiva, o time se limitou a "correr atrás do Goiás". O adversário teve o dobro de finalizações, além de ter obrigado Fernando Miguel a duas grandes defesas em chutes de Rafael Moura e Keko. Ficou barato para o Vasco, e o time foi para o intervalo sob forte vaia e xingamentos a Abel Braga.
- Comentei com os jogadores: você não pode chegar em uma partida de tamanha importância como essa, com estádio lotado e incentivo abismal do torcedor, e nós termos a atitude que tivemos no primeiro tempo. Simplesmente corremos atrás do Goiás no primeiro tempo. O primeiro tempo, de repente, foi o pior (do ano). Com todo aquele incentivo da arquibancada? Deplorável, cara. Saí com vergonha. Nunca falei com eles da maneira que falei - analisou Abel.
Vasco muda postura, mas fica sem gás
No intervalo, enquanto os reservas aqueciam, Abel chamou Ribamar, Juninho e Benítez para o vestiário. Sinal de que o time voltaria com mudanças. Os dois primeiros entraram, respectivamente, nos lugares de Vinícius e Guarín logo no início do segundo tempo. O argentino entrou aos 16 minutos no lugar de Raul.
O Vasco voltou melhor. Ainda muito desorganizado, pouco inspirado, mas com vontade, conseguiu pressionar o Goiás por 20 minutos. Teve algumas boas chances para empatar com Castán e Raul. Além disso, não levou mais sustos, após correr atrás do time goiano durante todo primeiro tempo.
- No segundo tempo, fizemos um grande jogo? Não, mas a atitude foi totalmente diferente. A primeira bola chutada pelo Goiás foi aos 41 ou 42 do segundo tempo. Também não criamos muita coisa, mas estivemos em cima do adversário. No segundo tempo, teve atitude do tamanho do Vasco e da torcida – analisou Abel.
Benítez tem estreia apagada
A melhora, no entanto, não foi suficiente. Apesar do intenso apoio das arquibancadas, o gás acabou, e o Vasco voltou a ser inofensivo. Rotina de um time que tem muita dificuldade para criar e ainda mais para marcar gols. Foram apenas oito em 13 jogos na temporada.
Benítez não deu a qualidade ao time que Abel esperava. Fora de ritmo, jogou centralizado no meio de campo, pouco apareceu e perdeu a maioria das dividias. Foi uma estreia apagada.
Clima tenso e Abel em xeque
Com o time sem forças em campo, o torcedor perdeu a paciência. Campello e Abel foram xingados, e uma briga entre torcedores, nas arquibancadas, chamou mais atenção do que o que ocorria em campo nos minutos finais.
Resultado que aumentou ainda mais a pressão no caldeirão de São Januário e colocou o trabalho de Abel Braga em xeque. Ao ser perguntado, o treinador não descartou a possibilidade de entregar o cargo. Algo que também é avaliado pela direção do Vasco, e uma definição deve acontecer nesta sexta.
- Eu não tomo decisões de cabeça quente. Se eu tiver que pedir demissão, amanhã ou depois eu peço, falo com o presidente - disse o treinador.