Pedro Raul e Gabigol são a prova viva de que no futebol, por mais que você faça, sempre haverá algo pendente a provar. Os atacantes chegam ao clássico desta noite, às 18h, no Maracanã, no olho do furacão. Por motivos parecidos, contextos diferentes, mas uma coisa exatamente igual: a cobrança pesada sob os ombros.
A falta de gols é o que faz a carga sobre cada um deles. É forte dizer isso a respeito de um jogador com sete gols no ano e o outro com nove. Mas é assim que as coisas são.
O camisa 9 vascaíno, uma das principais contratações da SAF para 2023, atravessa momento difícil e é alvo de muitas críticas. Os três pênaltis que já desperdiçou no ano se somam à quantidade de chances que perdeu nas noites das melhores atuações do cruz-maltino, quando os lances perigosos eram criados em profusão.
Nos últimos jogos, o time de Maurício Barbieri ficou menos criativo — foram 14 finalizações em média nas cinco partidas mais recentes, contra uma média na temporada de 18 por jogo. As bolas passaram a chegar menos para Pedro Raul arriscar, mas a pecha de atacante que vacila na hora H já havia pego entre parte da torcida, a despeito do fato de ter sido o vice-artilheiro do Brasileiro em 2022.
Do outro lado do clássico, haverá um atacante com nove gols na temporada e mesmo assim tendo de lidar com notícias sobre o jejum de cinco partidas sem marcar. É o efeito colateral que Gabigol tem de administrar depois de estabelecer um patamar tão alto desde que chegou ao Flamengo. De fato, a última vez que havia marcado tão pouco nos primeiros 13 jogos de uma temporada foi em 2019, então recém-chegado ao clube.
Mas o que tem feito falta mesmo ao atacante este ano são os gols decisivos, algo que se tornou uma marca do jogador que já figura entre os maiores ídolos da história rubro-negra. Ele passou em branco na semifinal do Mundial de Clubes, na decisão da Recopa Sul-Americana e nos clássicos que disputou pelo Carioca. Fez dois no Palmeiras, na final da Supercopa, que não foram suficientes para evitar a derrota por 4 a 3.
A atual temporada tem tudo para ser das mais importantes das carreiras de Pedro Raul e Gabigol, ambos aos 26 anos. O atacante do Vasco é experimentado pela primeira vez em um clube de massa não com o status de aposta, como era no caso do Botafogo, em 2020, e sim com a expectativa de que tenha regularidade, ganhe partidas, leve o nível de jogo do Vasco e o próprio para outro patamar.
Gabigol, por sua vez, tem com a troca de técnico na CBF a melhor chance para iniciar um ciclo dentro da seleção brasileira, se firmar dentro dela, e quem sabe, realizar o sonho de disputar a Copa do Mundo, algo que não foi possível ano passado, com Tite.
Quebra-cabeça de Barbieri
O Vasco vive a expectativa sobre que time Maurício Barbieri colocará em campo depois da eliminação na Copa do Brasil, quinta-feira, para o ABC. O treinador coloca na balança a condição física dos titulares, que partirão para o quinto jogo em 14 dias, e também o fato de que precisará buscar o resultado no Maracanã para ir à final.
O treinador tem a possibilidade de analisar as duas partidas contra o Flamengo este ano, pela Taça Guanabara e no jogo de ida da semifinal, para descobrir a melhor maneira de tentar vencer o rival. No primeiro jogo, o Vasco jogou com uma estratégia mais voltada para os contra-ataques e conseguiu a vitória.
Na última vez que as equipes jogaram, Barbieri soltou mais o Vasco, que chegou a marcar dois gols, mas teve dificuldades para conter o Flamengo e sofreu três.
Arrascaeta é dúvida
O Flamengo chega à partida contra o Vasco em um misto de sentimentos. Teve semana de trabalho tranquila, depois da vitória por 3 a 2 na partida de ida. O resultado deu a vantagem do empate no jogo de hoje.
Por outro lado, o time corre o risco de ter desfalque de Arrascaeta. Ele sentiu dores no púbis durante o treino de ontem e virou dúvida. O uruguaio tem histórico de problemas no local. Ele foi o melhor em campo na partida passada, com um gol e uma assistência. Caso não jogue, Everton Ribeiro será titular.
Outro pepino nas mãos de Vítor Pereira é a definição do substituto de Matheuzinho. O lateral-direito sofreu lesão contra o Vasco e Varela, titular, ainda está em processo de transição, com poucas chances de estar à disposição do português esta noite.
A solução do técnico deve ser improvisar Everton Cebolinha na direita. O atacante costuma avançar pela esquerda.
Gerson deve retornar à equipe titular e com isso um dos volantes que começaram a partida passada terá de ir para o banco de reservas. Por mais que tenha tido boa atuação na vitória sobre o Vasco, Arturo Vidal deve ser o escolhido para sair da equipe.
Outro reforço será a volta de Léo Pereira, zagueiro que deve entrar no lugar de Pablo na linha de três.