Tadeu Correia da Silva, 61 anos, é coronel reformado do Exército. Dono de nacionalidade portuguesa, é sócio do Vasco há 44 anos e vai disputar as eleições pela primeira vez como candidato. Entre 1991 e 2003, trabalhou como voluntário e funcionário das categorias de base do clube. Entrou na política cruz-maltina em 2004. Desde então, ocupou cargos de conselheiro, diretor de esgrima, xadrez, futebol de mesa e futebol feminino. Mais recentemente, foi o vice-presidente do Infanto Juvenil até ser demitido no fim da gestão Roberto Dinamite. O presidente alegou conflito de interesses, pois Tadeu é candidato à presidência e liderava a Comissão de Sindicância, que investigou as denúncias da adesão em massa de sócios no início do ano passado. Em sua defesa, Tadeu lembra que se tornou candidato porque foi escolhido num grupo de conselheiros da atual administração.
Os três mil sócios que entraram em abril de 2013 configuram o caso conhecido como "mensalão". A prática beneficiaria as campanhas de Eurico Miranda e Roberto Monteiro. O relatório aponta participação dos candidatos e de outros grupos políticos em menor escala. Segundo a Comissão, Eurico assinou 201 fichas como proponente e o seu grupo político tinha 1.757 ao todo dos novos sócios. Monteiro, ainda de acordo com o relatório, assinou 351 fichas como proponentes, num total de 727 novos associados. A Cruzada Vascaína e a organizada Guerreiros do Almirante, que também participaram da associação em massa no mês de abril, entraram com 178 e 37 sócios, respectivamente. O presidente Roberto Dinamite, no entanto, não acatou as determinações da Comissão de Sindicância. O relatório foi entregue também à Polícia.
Sem fazer campanha durante todo o processo eleitoral, Tadeu não descarta uma aliança às vésperas da eleição. Em debate realizado no domingo pela Rádio Globo, ele chegou a sugerir uma aproximação com Nelson Rocha e Julio Brant. A entrevista com o candidato da chapa "Vasco Passado a Limpo" foi realizada por e-mail.
Candidatura
Tenho experiência como funcionário do clube, como político do clube e me preparei para isso também academicamente. Principalmente na área de esporte e gestão, fiz mestrado, doutorado e MBA. Luto para ver o Vasco saneado em aspectos éticos e morais. Vejo o clube caindo vertiginosamente em vários aspectos, hoje é a 10ª marca do país, após um somatório de problemas e de perda de valores. Quero resgatar isso dentro do clube com muito trabalho.
Modelo de gestão
A administração atual do Vasco é baseada em uma proposta linear e setorial. Cada vice-presidência se porta como um feudo formando ilhas de ações, onde, sem exceções, não existem critérios claros e definidos em seu modo operacional, caracterizando desta maneira uma verdadeira administração do tipo “apaga fogo”. A exemplo disto citamos o departamento financeiro, que não define critérios de fluxo de caixa por centro de custo. Por sua vez, esses centros de custos não são balizados por vice-presidências. Logo, não existe por parte dos departamentos do Vasco metas claras e indicadores precisos que definam um centro de custo autossuficiente. Por outro lado, o Vasco não tem um plano de cargos e salários por mais básico que seja. A solução para esse caos administrativo das 14 vice-presidências é formatar um planejamento estratégico para o Vasco (com seus níveis tático, operacional e de legado) que deverá ser aprovado pelo Conselho Deliberativo, sendo que o mesmo só poderá ser modificado pelo conselho em situações especiais ou na mudança da gestão estatutária. Por sua vez, cada vice-presidência fará seu planejamento estratégico cujas metas serão as metas definidas pelo planejamento tático do Vasco.
Planos para o futebol
O futebol precisa ser pensado como uma linha de montagem, no qual está sendo formatado um produto de qualidade que é o atleta talentoso. As categorias de base necessitam de mudanças em sua estrutura de recursos humanos com profissionais especialistas na área da ciência do esporte e da gestão esportiva. É significante transformar o atual projeto de núcleos de futebol em franquias aumentando a arrecadação para fazer a autossuficiência do futebol amador. O Colégio Vasco da Gama será reestruturado para orientar pedagogicamente suas metas estratégicas em ações que auxiliem, nas aulas de educação física, o desenvolvimento dos princípios táticos do futebol. Para alcançarmos tais objetivos essa grade curricular vai se apoiar na pratica do jogo de xadrez.
O futebol amador necessita um planejamento estratégico com seus indicadores (estratégicos, de produtividade, de qualidade, de efetividade e de capacidade) bem delimitados nos vieses dos treinamentos físico, tático e técnico. Os salários dos profissionais e atletas deverão ser por produtividade. A relação com empresários deverá também ser definida por indicadores estratégicos e táticos.
Desta forma, o futebol amador naturalmente cederá para o futebol profissional melhores atletas e em quantidades suficientes e com excelente qualidade. Para cada categoria deverá existir um diretor estatutário, no total de cinco, e mais um Diretor Geral da Divisão de Futebol Amador – definindo assim o principio da governança.
Para desenvolver esse projeto no futebol amador a proposta é construir o CT das Categorias de Base em Caxias – terreno do Vasco. Essa construção deverá ser modular e gradativa a medida que forem disponibilizados recursos. Uma das formas de recurso é o aluguel de parte do terreno para empresas de logística; como também aluguel de outdoor voltado para a via principal, transformando o projeto em autossustentável. Essa construção deverá obedecer os parâmetros da CBF para certificar o Vasco como clube formador, e assim permitir abatimentos na divida fiscal do Vasco.
No futebol profissional, é fundamental que as metas e indicadores apontem para o numero máximo de atletas levando em consideração o calendário de competições. Além disto vai ser definido um plano de cargos e salários para os jogadores, o qual será balizado por uma linha de mínimo e outra de máximo definidas por metas de produtividades a serem alcançadas, favorecendo que esses salários não atrasem. O CT do futebol profissional, em uma primeira fase, será em São Januário, pois já existe uma infraestrutura de academia, de fisiologia, de saúde (médica, nutricional e psicologia do esporte). O campo, de tamanho oficial, será construído no atual campo de grama sintética de São Januário. Essa ação trará economia no aluguel de CT para os profissionais. Em uma segunda fase, vamos viabilizar a construção de outro CT em área a ser determinada.
Esportes olímpicos
Os esportes olímpicos serão divididos em dois universos: o Departamento de Infanto Juvenil - com escola de formação para a prática multiesportiva favorecendo o aumento do vocabulário motor; e estrategicamente os esportes olímpicos serão divididos por vice-presidências de esportes coletivos, de combate, individuais e de salão - com um programa de desenvolvimento de talento para os diversos esportes. Todavia, esses esportes serão instalados a partir do momento em que se tornem autossuficiente administrativa e financeiramente. A exemplo disso cito o futebol feminino que criei em 2009 tendo em sua estrutura todas as categorias de base. Hoje ele é autossuficiente e referencia a nível mundial, desde que conquistou em 2012 o primeiro campeonato mundial de clubes na Categoria Sub 17. Em minha proposta, os esportes paraolímpicos são prioritários. Esses esportes serão organizados, na primeira fase, em uma Divisão do Departamento de Infanto Juvenil. Na segunda fase, depois de desenvolvido e estruturado os esportes paraolímpicos serão alçados à categoria de vice-presidência.
Dívidas
Embora as estratégias estejam muito amarradas pelos comprometimentos das verbas, aponto três ações básicas: internamente precisamos realizar cortes planejados nos setores de recursos humanos e de estrutura física; também precisamos criar um fundo de negócios e/ou investimento para fazer frente aos gastos do futebol profissional; além de ampliar e incentivar o Projeto Vasco Divida Zero para viabilizar os diversos centros de custos; transformar o Centro de Memória do Vasco em uma área de negocio rentável para o Vasco; incentivar os esportes olímpicos e paraolímpicos para, de acordo com a Lei Pelé, abater as dividas fiscais. Outro ponto: externamente equacionar e renegociar, depois de muito bem planejado, as dividas fiscais, de licenciamento - em especial cotas de TV.