O Vasco é um clube plural? Como o vascaíno negro está participando das discussões políticas em véspera de eleições? E as mulheres? E o vascaíno LGBT+? O blog fez estas perguntas às principais chapas concorrentes ao pleito. A boa notícia é que, sim, na maior parte dos grupos, o incentivo à diversidade é, no mínimo, discutido, situação que não se viu nas últimas eleições do clube, nem nas disputas eleitorais dos outros grandes do Rio.
Na Mais Vasco, que tem como candidato à presidência o empresário Jorge Salgado, 73 anos, há 19 grupos de trabalho para discussão técnica dos pilares da chapa. Três dos grupos são dedicados às pautas de representatividade: o Feminino, o de Valorização da História e o LGBTQIA+.
No Feminino, há cerca de 20 mulheres e entre as metas que o grupo tenha pelo menos 35 mulheres na composição da chapa. A mudança na forma de se comunicar com os eleitores, que privilegia termos como "torcida vascaína" e "sócio/a", em detrimento de substantivos e pronomes apenas masculinos, são vistos como avanços pelo grupo. Recentemente, a chapa anunciou o apoio da ex-jogadora Pretinha. A ideia é que ela faça parte da gestão do futebol feminino e que também contribua no desenvolvimento de ações voltadas à justiça social.
No de Valorização da História, é onde se pretende levar adiante o resgate da história do negro no clube, que tem passado pioneiro no combate ao racismo. Para as discussões de como os vascaínos gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros devem ser representados, o grupo chamou vascaínos gays, lésbicas e identificados com as pautas LGBTs para ajudar a discutir o combate a discriminação nesta temática. É a única chapa que tem grupos de trabalho separados para as diferentes minorias e que tem um núcleo voltado somente para a inclusão de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros.
A chapa que tem o advogado Leven Siano, 52 anos, como candidato afirmou que pretende ter na sua composição entre 30% e 50% de negros e mulheres, o que dá um mínimo de 48 pessoas. Além disso, afirmou que pretende adotar "políticas de combate ao assédio nas arquibancadas, incentivando a presença maciça de Vascaínas em nossos jogos", implementar uma " cultura organizacional em que o respeito às minorias seja tratado como prioridade por todos os quadros do clube", executar " projetos de acessibilidade em todo o clube" e "integrar as minorias por meio de projetos esportivos".
"A inclusão social foi adotada em nosso projeto SOMAMOS como pilar de identidade organizacional", informou o grupo por nota.
A Sempre Vasco, grupo de apoio ao pré-candidato Júlio Brant, 43 anos (Júlio ainda não lançou a chapa oficialmente) informou ao blog que não há núcleos individualizados para as temáticas de representatividade por uma questão de filosofia:
"Queremos que todos os setores e áreas do clube tenham estes princípios. De combate a todos os tipos de racismo, contra o negro, o nordestino, o imigrante, o preconceito estético, financeiro contra o pobre. Temos uma mulher conselheira (Claudete Azevedo), mas pretendemos aumentar este número. Pra dar um exemplo, não vamos fechar com uma marca que não tiver estes mesmos valores", disse o coordenador da campanha ao blog, Marcelo Macedo.
A assessoria da chapa do professor Luís Manuel Fernandes, 62 anos, disse que:
“A minha candidatura tem um forte compromisso com a luta contra o racismo e todas as formas de discriminação, por entender que isso constitui a própria essência do Vasco. Isso, evidentemente, se traduzirá em variadas ações de gestão visando o resgate dessa essência e a promoção da participação ativa de grupos vítimas de preconceito e/ou assédio em todas as atividades e instâncias do clube. As correntes que apoiam a minha candidatura se destacam, precisamente, pela participação ativa de negros, mulheres e outros grupos alvos de preconceito na vida política do clube. Essa característica se expressará na representatividade na chapa a ser inscrita no processo eleitoral.”
A chapa encabeçada pelo empresário Fred Lopes, 44 anos, se posicionou dessa forma:
"O Grupo Avante apoia todas essas causas, e não poderia ser diferente por se tratar do Club de Regatas Vasco da Gama. Uma instituição que tem a sua essência voltada para a inclusão. Lutaremos para que o Club se mantenha na linha de frente de combate por qualquer preconceito. O Avante, inclusive, vai instituir ações que estimulem essas campanhas".
A campanha de Alexandre Campello, 60 anos, atual presidente, disse que "continuará fomentando a participação de Mulheres e Negros nos Conselhos e na gestão do CRVG, vale lembra que a atual gestão tem na pessoa da Sra. Sônia Maria Andrade dos Santos, a primeira vice-presidente da história do clube."
A chapa No Rumo Certo disse ainda que "entendemos que o Vasco não pratica qualquer tipo de preconceito e que a maior participação de todos os grupos é compatível com a tradição do clube pioneiro em responsabilidade social.
A chapa ainda está sendo construída, mas se limita ao universo de elegíveis. Trabalhamos para dar condições de ter cada vez mais representatividade no corpo de sócios elegíveis".