Veja mais detalhes do caso Bernardo

Um domingo traumático. Sequestrado e diante de traficantes fortemente armados, o meia Bernardo esteve com sua vida em risco no último dia 21. O motivo? A suposta relação com Dayana Rodrigues, de 23 anos, namorada do chefe do tráfico do Complexo da Maré Marcelo Santos das Dores, o “Menor P”.

De acordo com investigações da polícia, o jogador e a jovem teriam ficado nus, sofrido agressões e sessões de choque dentro da favela da Vila do João. Dayana teria levado cinco tiros nas pernas e Bernardo estaria sob ameaça de morte. O lateral-direito Wellington Silva, do Fluminense, e o volante Charles, do Palmeiras, que são oriundos da Maré, foram acionados. O palmeirense teria convencido os bandidos para que não o matassem.

A Secretaria Municipal de Saúde confirmou que a jovem foi atendida num hospital da Ilha do Governador, onde passou por duas cirurgias. Ela sofreu uma fratura na tíbia da perna esquerda, mas já recebeu alta e está em repouso.

Quanto a Bernardo, as versões são mais brandas e trazem detalhes conflitantes com os da polícia. De acordo com um amigo do jogador, o caso ocorreu na tarde de domingo e ele não sofreu agressões físicas, somente ameaças para que confessasse o relacionamento com Dayana. Ainda segundo esse companheiro, o apoiador só admitiu a relação por temer pela vida, fato que imediatamente fez com que a jovem fosse baleada.

Mãe de Bernardo, Joelma também garante que seu filho não foi vítima de violência.

– Estamos todos nervosos. Falei com meu filho pelo telefone já e ele disse que não está machucado. Essas coisas que saíram na imprensa, que ele foi amordaçado e que sofreu choque em partes íntimas, não aconteceram. O Bernardo me contou que teve uma conversa lá... Disse que não foi torturado – contou a mãe, que vive em Sorocaba (SP).

Bernardo relatou o ocorrido ao Vasco somente na quinta-feira. O clube promete apoio ao atleta, tanto na esfera jurídica quanto nas desportiva e psicológica.

Após a grande repercussão, o jogador deixou o Rio. No entanto, ele é aguardado na próxima semana para prestar depoimento junto com Wellington Silva e Charles e também para realizar uma cirurgia no ligamento cruzado do joelho esquerdo na quarta.

Delegado da 21ª DP (Bonsucesso) que investiga o caso, José Pedro Costa da Silva confirmou o episódio, mas ainda não deu maiores detalhes.

– Sobre o caso, de fato ele existe, mas só vou me pronunciar na quinta, quando ouvir todas as partes envolvidas – disse.

Esteve em boate domingo

As versões da polícia e do jogador ainda não batem. Enquanto as investigações apontam que Bernardo foi torturado na madrugada de domingo para segunda, outros relatos alegam que o caso foi na tarde de domingo e sem violência física.

A reportagem do LANCE!Net, porém, apurou que por volta das 22h de domingo, Bernardo esteve na boate “021”, na Barra (RJ), no show da cantora de funk Anitta. Por lá permaneceu até o início da madrugada acompanhado de seu amigo Marquinhos Júnior e de outros colegas. Não carregava muletas, estava sem hematomas, não consumia bebida alcoólica e aparentava normalidade.

Na segunda-feira, gravou uma reportagem para a TV Globo, exibida na terça, quando também não mostrava ferimentos.


Clubes protegem os envolvidos


Citado no caso Bernardo, e já intimado a depor, Wellington Silva conversou ontem com a diretoria e com a comissão técnica do Fluminense sobre o ocorrido. Ele negou estar envolvido no caso, apesar de ter participado de um churrasco na Maré, onde residem seus familiares.

– Ele disse que estava na comunidade com a mãe, não no local da confusão. Foi chamado para prestar depoimento, a investigação está em curso, confio no meu jogador e no que ele me falou. Não tenho mais nada a declarar – disse Abel Braga, técnico do Fluminense, em entrevista coletiva.

No caso de Charles, outro atleta envolvido no caso, a diretoria do Palmeiras disse que não vai se pronunciar.

– O Palmeiras não vai se pronunciar, o jurídico está ao lado dele – explicou José Carlos Brunoro, diretor do Alviverde.

O conflito de versões entre a polícia, Bernardo e os envolvidos



Horário do crime


De acordo com investigações da polícia, o crime aconteceu na madrugada de domingo (21) para segunda. A Secretaria Municipal de Saúde informou que Dayana Rodrigues deu entrada num hospital da Ilha do Governador por volta das 3h. Já pessoas próximas a Bernardo garantem que o fato aconteceu na tarde de domingo. À noite, entre 22h e 0h, o jogador foi visto na boate “021”, na Barra, sem hematomas e aparentando normalidade.



Agressão


Segundo as investigações, Bernardo e Dayana foram sequestrados, ficaram nus e foram torturados à base de choques. A jovem, então, teria levado cinco tiros nas pernas. Pelo lado de Bernardo, o jogador não sofreu agressões e foi apenas ameaçado pelos traficantes até confessar o relacionamento com a namorada de “Menor P”. Tanto na noite de domingo quanto na entrevista para a TV Globo na segunda, o apoiador não apresentava sinais de violência.



Tiros


Versões policiais apontam que Dayana levou cinco tiros. O pai da jovem não sabe precisar, mas alega ter visto sete furos nas pernas de sua filha.



Relacionamento


Policiais apontam Dayana como namorada do traficante “Menor P”. O pai da jovem confirma que já houve um relacionamento, mas garante que isso ocorreu no passado.



Wellington Silva e Charles


De acordo com a polícia, Wellington Silva, do Flu, e Charles, do Palmeiras, que são oriundos da Maré, estiveram no churrasco na comunidade domingo. Ainda segundo investigações, o palmeirense que teria dialogado para Bernardo não ser assassinado. O tricolor confirma ter visitado o local, mas garante não estar presente no episódio, assim como Charles.


Trajes


Na última sexta-feira, Marquinhos, amigo de Bernardo, postou foto em uma rede social alegando que o jogador estava bem. Pessoas que estavam na “021”, relatam, porém, que os trajes da dupla eram os mesmos da boate, gerando, assim, desconfiança da data da foto.