A participação dos nadadores vascaínos no Rei e Rainha do Mar marcou o fim da temporada 2018, um ano de retomada dos Esportes Aquáticos no Club de Regatas Vasco da Gama.
No domingo anterior, dia 16 de dezembro, já havia sido realizado um festival interno, para comemorar os resultados alcançados e integrar os alunos das Escolinhas com os profissionais e atletas das equipes cruzmaltinas.
O Vice-Presidente de Desportos Aquáticos, Tiago Lezan Sant'Anna, que também disputou a maratona aquática deste último final de semana e conquistou o 3º lugar na sua categoria, na prova Sprint, comenta o ano de 2018 e a expectativa para 2019.
Qual o seu destaque em relação ao seu primeiro ano à frente do Departamento?
O Parque Aquático do Vasco foi reinaugurado em 30 de junho de 2017. No entanto, somente este ano voltou a receber competições oficiais, já sob a minha gestão. Esta, para mim, foi a principal conquista deste primeiro ano. Motivo de orgulho para todo vascaíno.
Entretanto, tivemos outras razões para comemorar.
Na natação, ao todo foram 5 troféus: o primeiro foi levantado em 11 de junho, pela 4ª etapa do Circuito Estadual Máster, que foi disputada em nosso Parque Aquático.
Depois, também na nossa piscina, vencemos os Campeonatos Estaduais de Inverno e de Verão da categoria Máster.
Além disso, no mar conquistamos um título por equipes na Maratona Aquática, que foi a VII Travessia Praia do Canto, disputada no dia 30/09, em Búzios, que fazia parte do Circuito organizado pela Faberj, e dia 11 de novembro nossa equipe de ultramaratona conquistou o vice-campeonato por equipes da Fuga da Ilha Grande, evento que faz parte do calendário de provas especiais da Maratona Aquática Sem Fronteiras (MASF).
Isso por equipes. Em termos de resultados individuais, foram diversos destaques e não vou me arriscar aqui a listar os principais do ano, para não cometer alguma injustiça. Hoje, vou destacar a Gabriela Alves, que foi a campeã geral do Sprint e ainda conquistou o ouro na categoria dela na prova Challenge:
Outro destaque vascaíno no Rei do Mar foi o Erilandi Machado, que também conquistou duas medalhas de ouro, vencendo o Sprint e o Classic, na categoria dele:
As outras medalhas de ouro conquistadas pelo Vasco da Gama no Rei e Rainha do Mar foram na categoria 20/24 anos do Sprint: Marcos Vinicius de Oliveira venceu no masculino e Ana Beatriz de Melo no feminino.
Nosso Coordenador Técnico, Márcio Santos está levantando com nossos principais atletas as conquistas que cada um teve neste ano e traçando as metas para 2019. Em breve teremos novidades na página da natação (http://www.vasco.com.br/site/home/natacao).
Também não posso deixar de destacar o trabalho do Marcos Neves. Assim que fui nomeado Vice-Presidente, o Marreco, como é conhecido, assumiu a diretoria da divisão de Saltos Ornamentais e de Polo Aquático.
Ele promoveu a reinauguração da plataforma de Saltos do Vasco e, com apoio do Ministério dos Esportes, temos desde meados deste ano um professor da modalidade. Dia 13 de outubro, começamos a nossa preparação para 2019 com o primeiro festival interno da nossa gestão, realizado em parceria com a Confederação Brasileira do Pentatlo Moderno, que na mesma ocasião promoveu uma prova de biatlo em São Januário.
Durante o nosso primeiro festival foi selecionado um atleta que representou o Vasco na única etapa do circuito estadual de saltos ornamentais disputada em 2018, dia 20 de outubro, no Fluminense.
Agora, no festival realizado dia 16 de dezembro, a procura pelos Saltos Ornamentais foi grande e a expectativa é muito boa para 2019.
O Polo Aquático também já começou a ser retomado e nosso parque aquático já recebeu partidas organizadas pela FARJ, a Federação Aquática do Estado do Rio de Janeiro. Também tivemos atividades da modalidade nos nossos festivais internos, além de coletivos e aulas de iniciação.
O Marreco me indicou para diretor da divisão de Polo Aquático outro grande vascaíno, Paulo Cesar Di Blasi, que já foi nomeado e é quem vai ter a responsabilidade de conduzir os trabalhos em 2019. Ele é irmão do Marco Aurélio Di Blasi Cunha, que conquistou a prata na categoria dele, na prova Classic do Rei do Mar e também é jogador de Polo Aquático.
Apenas o Nado Artístico ainda não foi retomado, mas também está no nosso planejamento.
O nosso objetivo é que o Vasco volte a ter equipes e escolinhas de todos os esportes aquáticos: não só aqueles hoje previstos no seu Estatuto. O Vasco hoje já tem atletas disputando Maratonas Aquáticas e estamos correndo atrás de parcerias que viabilizem a participação da nossa equipe nas principais competições nacionais.
Também temos recebido ofertas de parcerias para viabilizar a participação do Vasco em campeonatos de Surf, que é uma nova modalidade Olímpica.
Além dos esportes, também já fomos procurados por escolas de mergulho, interessadas em oferecer cursos e montar grupos de mergulhadores vascaínos e nossas piscinas já foram utilizadas este ano para filmagens e realização de treinamentos de guarda-vidas.
O Vasco venceu os Estaduais de Inverno e de Verão Máster deste ano, mas não conquistou nenhum título nas demais categorias. Por que optar por fortalecer o Máster?
A Natação Máster propicia a inclusão social especialmente dos mais idosos, para quem o esporte permite a integração e a elevação da auto-estima, sem falar nos benefícios à saúde.
Na natação, a categoria máster se inicia na idade de 25 anos e não tem idade limite, sendo dividida por faixas etárias, a cada 5 (cinco anos).
A dificuldade nas demais categorias é que não havia definição em relação à situação do Vasco. Embora a reforma do Parque Aquático tenha terminado em 2017, somente a atividade do paralímpico havia sido retomada.
Não havia uma definição em relação a retomada da natação e os atletas acabaram se federando por outros clubes.
Na base, as categorias são por ano de nascimento, do mini mirim (até 6 anos) até o sênior (20 em diante). No máster, havia um grande contingente de ex-atletas do Vasco que não estavam federados por outros clubes e que voltaram a competir este ano, animados pela retomada das atividades no nosso Parque Aquático.
Em breve estaremos fortes também nas demais categorias.
As constantes disputas políticas internas afetam os esportes aquáticos do Vasco?
O senhor Walter Ramos, que era o Vice-Presidente na reabertura do nosso Parque Aquático, ainda na última gestão do senhor Eurico Miranda, já nos visitou diversas vezes, sempre disposto a ajudar. Salvador Perrella, que é ligado ao Identidade Vasco e foi quem trouxe o Márcio Santos de volta, mas acabou renunciando ao cargo de Vice-Presidente, em maio, é meu amigo pessoal e se fez presente também em uma das competições que recebemos.
Aliás, naquela ocasião tirei uma foto com os dois Vice-Presidentes que me antecederam, o que demonstra que no nosso Departamento as disputas políticas que tanto prejudicam o Vasco não acontecem.
O modelo de gestão profissional e autossustentável que estamos implantando tem um objetivo que muitos podem achar utópico, mas realmente pretendemos que o nosso setor tenha seus próprios mecanismos de geração de recursos, captação, desenvolvimento e manutenção de talentos.
A maior dificuldade dos esportes olímpicos é a recorrente falta de recursos, mas estamos conseguindo, em pouco tempo, começar a implementar a ideia de autosustentabilidade que o Campello prega desde a campanha e estamos caminhando para garantir a continuidade das atividades do departamento, independentemente da situação do futebol. Isso é fundamental para que os profissionais tenham tranquilidade para trabalhar.
Por enquanto o departamento sobrevive, basicamente, da receita gerada pelas escolinhas e pelas competições que recebemos em nosso Parque Aquático. No entanto, estamos caminhando para fechar parcerias que garantam não só a continuidade das atividades, mas, aí sim, a possibilidade de termos equipes representando bem o Vasco nas principais competições.
Você aceitou o convite do presidente Alexandre Campello avisando que ocuparia o cargo de forma interina. Já decidiu se permanecerá em 2019?
Recebi o convite com alegria e é uma grande honra pra mim poder ajudar desta forma o meu Vasco. O problema é conciliar esta atividade com o trabalho e o doutorado. Além disso, este ano eu também tive a honra de participar da fundação do Instituto Compliance Rio, que em pouco tempo vem se tornando uma referência no tema.
Todos que me conhecem sabem do meu amor pelo Vasco, mas cheguei a comunicar ao Presidente que não permaneceria no cargo em 2019. Ele me pediu para reconsiderar.
Depois da conversa com o Presidente, tivemos uma reunião interna no Departamento Aquático. Os meus diretores, em especial o Marcos Neves, tem sido muito mais atuantes do que eu. Sem eles, não teria possibilidade de eu dar conta do trabalho. Ainda estou avaliando a permanência, mas tenho certeza que o trabalho seguirá seu rumo, independentemente de mim.
Como é a divisão do trabalho no seu Departamento?
Temos hoje, na Diretoria do Departamento, um responsável para cada modalidade prevista no Estatuto – natação, saltos ornamentais, polo aquático e nado artístico. Todos são vascaínos e atletas do Vasco e, além de conhecerem bem os esportes, vivem o dia a dia do Clube. Todos estão trabalhando com muita dedicação para dar condições aos profissionais de desenvolverem um trabalho de qualidade.
Na minha visão, a organização e o planejamento são fundamentais para o sucesso e é essa cultura que estamos implantando. Essa é a função dos diretores e do Vice-Presidente, todos não remunerados.
De que forma tem sido captadas receitas para a manutenção das atividades?
Várias conversas foram e estão sendo realizadas e algumas parcerias em breve serão anunciadas. Neste Rei e Rainha do Mar, por exemplo, alguns de nossos atletas, inclusive eu, levaram não só o nome do Vasco, mas também de assessorias esportivas, como a Equipe 15 (caso da Gloria Ribeiro, que foi vice-campeã geral da prova Classic) e a T4 SPORTS (caso do triatleta Octavio Cunha, que nadou a prova Super Challenge, de 10km).
A Camila Alves, minha colega de BNDES, que ganhou a prata na categoria dela, na prova Challenge, de 3,5km (na mesma prova o Vasco da Gama conquistou outra prata, na categoria M60/64, com Paulo Afonso de Menezes), a Dayse Polisseni, que também ficou em 2º lugar na categoria, mas na prova Classic, de 2km (chegando com o mesmo tempo da Carmen Borges, também do Vasco da Gama, que ficou em 3º lugar na categoria) e mais alguns atletas optamos por levar o nome do Instituto Renascer das Águas, do nosso colega Salomão Petra Bittencourt, que está de volta ao nosso Vasco para a temporada de 2019.
As competições que recebemos têm sido muito importantes para atrair patrocínios e gerar receitas, mas também estão ocorrendo contatos, por exemplo, de agências de viagem interessadas em associar suas marcas às nossas equipes ou especificamente a alguns atletas, sobretudo de maratona aquática.
No entanto, até o momento, a maior parte dos recursos com que contamos são oriundos das mensalidades dos alunos e atletas. Já são cerca de 400, em média.
Diariamente, na secretaria do departamento, atletas e pais nos procuram oferecendo ajuda.
É grande a procura por maiôs, sungas e toucas do Vasco. No entanto, quando iniciamos não havia ainda o licenciamento desses produtos, embora já houvesse negociações em curso. Concluímos o licenciamento de sungas e agora estamos buscando ter também maiôs, biquínis e toucas licenciados, que possam ser vendidos para a imensa torcida vascaína, espalhada pelo Brasil.
Contamos com nossos atletas e alunos e estamos abertos também a receber apoio de todos os vascaínos e mesmo dos que não torcem pro Vasco, no futebol, mas que sabem da importância do esporte olímpico.
Estamos preparando uma campanha de arrecadação, visando levantar recursos para a reforma do Parque Aquático e buscando parceiros que queiram patrocinar nossas equipes e anunciar nos espaços publicitários que temos em nosso Parque Aquático, que em breve voltará a receber grandes eventos.
Aliás, qualquer interessado pode desde já nos contatar, pelo email parqueaquatico@crvascodagama.com.
Em relação aos rivais cariocas, qual a situação do Vasco hoje nos esportes aquáticos?
No geral ainda estamos um pouco abaixo dos rivais, que vem com um trabalho feito há mais tempo. Mas estamos subindo rapidamente e com responsabilidade, para permanecermos no topo quando chegarmos lá.
Temos uma vantagem, que é possuirmos um Estádio Aquático que já recebeu Ian Thorpe, em uma etapa do Mundial de Natação de 1998.
O veterano campeão Djan Madruga (1958), que conquistou seu último título de Troféu Brasil, em 1988, nadando pelo Vasco, bateu, este ano, um recorde mundial da sua categoria máster na nossa piscina e fez muitos elogios ao nosso Parque Aquático.
Semana passada tivemos a honra de receber novamente em nossa piscina o Leonardo Santos, um dos nadadores que participou da equipe que acaba de conquistar o ouro no mundial, estabelecendo novo recorde nos 4 x 200m livre. Ele começou a nadar no Vasco e, de férias, aproveitou para visitar o Club onde hoje o irmão dele, Lucas Santos, é um dos nossos treinadores.