A eleição do cineasta Cacá Diegues para a Academia Brasileira de Letras causou frustração em quem torcia pela escritora Conceição Evaristo. O ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, aprovou a escolha. Já o ex-ministro da Igualdade Racial Eloi Ferreira gostaria de ver mais negros na ABL.
Foi justa a eleição de Cacá Diegues?
Sérgio Sá Leitão - Em sua vasta obra cinematográfica, ele usou e valorizou com maestria a língua portuguesa. Sua eleição para a ABL se justifica plenamente. É preciso respeitar a autonomia da ABL e o papel de Cacá como intelectual.
Eloi Ferreira - É um dos mais brilhantes intelectuais da atualidade. A ABL ganha com sua presença.
Por que a campanha por Conceição não emplacou?
Sérgio Sá Leitão - Por diversas razões, os acadêmicos entenderam que era a vez de Cacá.
Eloi Ferreira - A invisibilidade da comunidade negra promove a sua inviabilidade. Conceição Evaristo, por mais brilhante que seja, é invisível aos olhos da elite intelectual branca.
Falta negro na ABL?
Sérgio Sá Leitão - Não me cabe avaliar. É natural e positivo que haja cada vez mais negros na ABL e em todas as áreas e instituições culturais do Brasil.
Eloi Ferreira - A ABL é um centro de homens brancos. As honrosas exceções de gênero e do único negro membro Domício Proença só confirmam a regra. É imprescindível que a Casa se abra a autores negros e negras.