As primeiras cortadas de Riad foram dadas na pequena e apertada quadra da Gávea, com a camisa do Flamengo, mas a caravela vascaína pendurada no teto da entrada da casa de seus pais, em Brás de Pina, no subúrbio carioca, mostra que as cores preferidas do central do Rio de Janeiro definitivamente não são o vermelho e o preto. O amor pelo clube de São Januário vem de berço, mas os 11 anos longe de casa acabaram afastando o brasileiro mais vitoroso do vôlei europeu dos estádios.
Embora reconheça que o fanatismo não é o mesmo de antes, a zoação sofrida quase que diariamente pelos amigos de time, em especial o botafoguense Bruninho e o rubro-negro Dante, não são capazes de fazer o camisa 15 apagar da memória seu passado como torcedor de arquibancada.
- A última vez que fui assistir a uma partida em São Januário deve ter uns dois anos. Mas eu sempre fui aos jogos decisivos do Vasco no Maracanã. Estava lá nas finais do Brasileiro de 1997 e do Mundial de 2000, por exemplo. Mas no momento está duro de aturar. Sou muito sacaneado pelos caras em razão da má fase do Vasco. Eles me zoam o tempo inteiro com aqueles vídeos e montagens que são postados na internet. O Bruninho e o Dante, então, não me perdoam - afirmou o jogador.
No alto de seus 2,05m, Riad tentou a sorte no futebol e era presença constante nos rachas disputados no campinho \"rala-coco\" da Praça Anhangá, em Brás de Pina. Mas a intimidade do central com a bola sempre veio das mãos. Com os pés, em vez de gols, o jogador colecionou topadas e machucados.
Por isso, talvez as melhores lembranças de Riad sejam todas como torcedor. O primeiro jogo que vem na memória do central certamente não é o do título mais importante da gloriosa história do clube da Cruz de Malta, mas talvez seja o mais inesquecível para a maioria esmagadora da torcida vascaína.
- Não tem como ser outro, foi Vasco x Palmeiras pela final da Mercosul de 2000. Eu estava concentrado com meu time na época, em São Paulo, e lembro que assisti ao jogo sozinho. Depois que o Palmeiras fez 3 a 0, só escutava os gritos e os fogos da torcida deles pela janela do quarto. Pensei em desligar a televisão e ir dormir. Mas como não dava para piorar, decidi assistir e felizmente vi aquela virada inacreditável. Acho que até hoje é a mais incrível da história. Gritei e comemorei que nem um louco, e, assim que o jogo acabou, liguei para minha mãe e pedi que ela comprasse todos os jornais esportivos no dia seguinte - lembrou Riad, que aponta seus grandes ídolos vascaínos.
- Sempre admirei o Edmundo e o Juninho Pernambucano. O Romário jogou muito também, mas esses dois foram os caras que mais gostei de ver com a camisa do Vasco. Atualmente eu gosto muito do Dedé - completou.