William César Oliveira não é de reclamar, é de trabalhar para tentar solucionar os problemas. Aceitou o desáfio de treinar o Baraúnas porque conhece a realidade do clube e afirma estar satisfeito e esperançoso em realizar um bom trabalho.
Nesses primeiros jogos a frente do leão mossoroense, ele avaliou o time, falou da expectativa e do importante jogo deste domingo contra o Corintians.
Com não poderia ser diferente, William lembrou dos bons momentos na Seleção Brasileira e principalmente do Vasco com quem admite ter um elo muito forte. Não acredita em Romário treinador, que é uma estratégia de marketing, e revelou o sonho de voltar ao clube carioca agora na condição de treinador.
Confira a entrevista na íntegra:
JORNAL DE FATO – Dois jogos, dois empates. O que faltou ao Baraúnas para alcançar a sua primeira vitória no Estadual?
WILLIAM OLIVEIRA – Faltaram os gols. O time está chegando muito lá na frente e os gols não estão saindo.
JF – Mesmo assim, o começo de campeonato te anima?
WO – Olha, todo começo de temporada é preocupante para montar, preparar e firmar a equipe ainda mais para um campeonato curto como é o nosso. Mas estou motivado principalmente depois desse jogo com o América (empate de 1x1 em Natal) e espero que o meu time consiga um bom resultado amanhã (hoje).
JF – Contra o Coríntians, será um jogo crucial para o Baraúnas né?
WO – Verdade. Temos que vencer para manter as chances de classificação. Não adianta só jogar bem, dominar o jogo e não fazer o gol. O resultado vai ter que vir.
JF – Sobre o meia Pedrinho, contratado como reforço e que está relacionado para a partida, o que você pode adiantar para o torcedor?
WO – É um jogador que tem bastante posse de bola, uma coisa que o time está precisando porque nesses dois jogos errou muito no passe para definir as jogadas e também por não reter a bola, então com ele (Pedrinho) ou com o Igor a gente ganha em qualidade. Pedrinho não está bem fisicamente, mas posso utilizá-lo em 30 ou 40 minutos da partida.
JF – Em termos de condições de trabalho, o Baraúnas está atendendo sua expectativa?
WO – Já conheço a estrutura do Baraúnas. Joguei aqui, fui campeão e agora estou como treinador. Sei das limitações, das virtudes e estou satisfeito. Não adianta apontar os problemas; só me resta trabalha para tentar solucioná- los. Não posso deixar para depois porque futebol é resultado imediato. Também sou grato ao clube por permitir a chance de mostrar o meu trabalho.
JF – O time está pronto ou precisa de mais reforços?
WO – Reforços sempre é bom contanto que venham para jogar e somar, do contrário não serve.
JF – Falar um pouco sobre o Vasco, clube que você conhece muito bem, você aprova Romário treinador/jogador na equipe carioca?
WO – Como jogador indiscutível falar do Romário. Ele conseguiu tudo que quis na carreira e deu alegria a todos clubes que jogou. Como treinador, aí não acredito. É um marketing do Vasco porque o Romário chama investidor e aumenta as cotas, uma estratégia correta. Com certeza, como treinador, o próprio Romário não levará o projeto adiante.
JF – Existiu um contato seu com o Vasco no sentido do clube apoiar seu novo começo no mundo do futebol?
WO – Não só o Vasco, mas gente importante como o Isaias Tinoco (supervisor do Flamengo/RJ), o Branco que é uma pessoa muito influente dentro Fluminense, o Paulo Reis e o Paulo Angioni do próprio Vasco que sempre ligam para me incentivar e também preocupados para saber como estou aqui, então me sinto bastante reforçado nessa parte. Eles estão torcendo porque falaram que é um caminho para eu voltar ao Vasco.
JF – Então você vislumbra essa possibilidade?
WO – Antes de vir para o Baraúnas, eles queriam me levar para o Confiança/SE, de onde veio o Marcelinho (hoje no Botafogo), para fazer um intercâmbio com o Vasco, mas surgiu a proposta do Baraúnas e preferí vir para cá. Mas o Vasco está sempre ligado e não tem como tirar o elo William/Vasco.
JF – O que representou o Vasco para William como jogador?
WO – Tudo que tenho devo a Deus e depois ao Vasco. Sou grato ao clube por todo este espaço que tenho no futebol, por estar trabalhando como treinador e ser conhecido mundialmente como William do Vasco.
JF – Você também defendeu o Flamengo e Fluminense no Rio de Janeiro. Não foi a mesma coisa né?
WO – A identificação não tem jeito, até porque perdí no ano do centenário o título carioca de 95 para o Fluminense com o gol de barriga de Renato que inclusive não gosto de assistir nem pela televisão, e isto ficou marcado
apesar de ter conquistado a Guanabara naquele ano. Seria uma conquista importante porque seria tetracampeão carioca, mas não foi possível.
JF – E a Seleção Brasileira guarda bons momentos?
WO – Graças a Deus. Participei de todas categorias de base possíveis e impossíveis na seleção brasileira. Fui chamado pelo Parreira em 1991, numa convocação do time profissional, e ganhei uma bola de ouro como melhor jogador do Mundial da China de juvenil em 1985. Me sinto uma pessoa realizada porque joguei em grandes clubes sempre como primeira opção e nunca chegando para completar o grupo. Vestí a 10 do Zico, do Roberto Dinamite, grandes jogadores do futebol brasileiro e da história do Maracanã, então sou um cara muito privilegiado.
JF – Qual o time e o título que você que mais se recorda na sua trajetória pelo Vasco?
WO – Todos títulos marcam, mas o Brasileiro de 1989 foi o mais importante por sua projeção. O tricampeonato de 92,93 e 94 também porque fazia anos que o Vasco não era tricampeão. Sobre o time aquele de 89 era muito consistente feito por jogadores que estavam surgindo do Vasco e outros consagrados por outras equipes. Era o Acácio, Luiz Carlos Winck, Quiñones, Marco Aurélio, Mazinho, e depois veio o Mazinho que foi tetracampeão. Zé do Carmo, que já despontava no Santa Cruz, o Boiadeiro, que já tinha disputado o Brasileiro pelo Guarani, eu e o Bismark que éramos revelação do Vasco e o Sorato, que já tinha uma história de fazer gols no Flamengo, e depois veio o Bebeto que foi a maior contratação daquela época. Isto sem falar do Andrade, do Tato, então, um time de opções, mesclado com juventude e experiência, e vencedor.
JF – Futebol mudou muito, mas mesmo assim você acredita que o Vasco possa formar um time igual a este ?
WO – Sabendo trabalhar poderá ser possível. Investir na categoria base e colocar ex-jogadores para comandá-la será o caminho.
JF – Você tem contato com jogadores daquela época?
WO – Tenho mas esporadicamente. Vez em quando converso com o Bismarck, que é empresário de futebol, Boiadeiro, Acácio, Zé do Carmo e Luiz Carlos Winck, esse dois últimos viraram treinador e procuro trocar idéias com eles.
JF – Para finalizar, você cursou dois anos, como foi o aprendizado?
WO – Foi muito interessante apresentar trabalho, se expressar e trocar idéias. Estudar sempre se tira algo e estou provando agora com a execução do trabalho.