O Vasco divulgou um comunicado na manhã desta quinta-feira lamentando a acusação de Hélio dos Anjos, técnico da Ponte Preta, durante a partida entre as duas equipes na noite de quarta, em jogo válido pela quarta rodada da Série B do Brasileirão. Hélio disse ao árbitro que ouviu ofensas raciais por parte da torcida vascaína em São Januário.
O episódio ocorreu logo depois de um desarme de Yuri Lara próximo à linha lateral. Imediatamente os torcedores passaram a fazer barulhos de latido em apoio ao volante, que é considerado o cão de guarda da defesa - esse tipo de manifestação já aconteceu em outras partidas do Vasco.
- Fomos surpreendidos na noite da última quarta-feira (27/04) em São Januário com uma absurda acusação de racismo direcionada a torcida do Vasco vinda de alguns profissionais da A. A. Ponte Preta. Algo sem fundamento algum e que se baseou equivocadamente num canto criado pela torcida do Vasco utilizado para homenagear o volante Yuri Lara, algo já feito, por exemplo, por outras torcidas e em outras praças esportivas - disse o Vasco em nota (veja a íntegra no fim da matéria).
São Januário é a casa do legítimo clube do povo e fazemos questão de que continue sendo assim.
— Vasco da Gama (@VascodaGama) April 28, 2022
NOTA OFICIAL
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Depois da partida, o próprio Yuri Lara comentou o lance na zona mista e disse que explicou o que houve ao volante Ramon Carvalho, da Ponte.
"O Ramon falou comigo sobre isso, falei que não era racismo, não tem nada a ver. Realmente estavam latindo, como latem. Não tem nada a ver com macaco. É inadmissível o racismo, ainda mais com a torcida do Vasco, por tudo que o Vasco representa para a história. Expliquei para ele que não tinha nada a ver com racismo. É o latido", disse.
Árbitro diz que não ouviu
Árbitro da partida, Rodolpho Toski Marques, do Paraná, relatou na súmula o que disse Hélio dos Anjos, mas destacou que não ouviu os "sons de macaco" vindos da torcida do Vasco. A partida ficou paralisada por cerca de dois minutos.
"Aos 39 minutos do segundo tempo, com o jogo paralisado, o atleta de número 40, senhor Ramon Rodrigo de Carvalho, e o técnico, senhor Hélio Cézar Pinto dos Anjos, ambos da equipe Ponte Preta, informaram ao árbitro que ouviram sons de macaco vindos da torcida do Vasco da Gama. Esses sons não foram ouvidos pela equipe de arbitragem e nem pelo delegado da partida", relatou o árbitro.
Confira o comunicado do Vasco:
"Fomos surpreendidos na noite da última quarta-feira (27/04) em São Januário com uma absurda acusação de racismo direcionada a torcida do Vasco vinda de alguns profissionais da A. A. Ponte Preta. Algo sem fundamento algum e que se baseou equivocadamente num canto criado pela torcida do Vasco utilizado para homenagear o volante Yuri Lara, algo já feito, por exemplo, por outras torcidas e em outras praças esportivas.
Ao se fazer uma acusação de racismo, crime gravíssimo, além de se ter certeza do que está sendo dito, é imprescindível se conhecer o histórico dessa luta no país. E não há como falar do combate ao racismo no futebol brasileiro sem que o Vasco da Gama seja o principal protagonista.
Nossa luta não começou agora, mas sim em 07 de abril de 1924, quando escrevemos a “Resposta Histórica”, o maior símbolo da luta contra o racismo no futebol brasileiro. O Vasco da Gama se orgulha de ser um pioneiro nesta luta e um ativo defensor de seus ideais, que não esmoreceram com o passar dos anos. E o estádio de São Januário sintetiza a maior da luta do Vasco da Gama contra a chaga do racismo. Foi construído pelos vascaínos como resposta às elites da época que resistiam a inclusão de pretos, operários e imigrantes pobres no futebol.
Portanto, como não poderia ser diferente, condenamos a atitude e lamentamos que uma pauta tão séria seja utilizada da forma que foi.
São Januário é a casa do legítimo clube do povo e fazemos questão de que continue sendo assim."