Futebol

Zé Love fala sobre negociação com o Vasco e passagem pela Itália

Um ano e meio depois de deixar o Santos rumo à Itália, Zé Eduardo não esconde: quer retornar para o Brasil. Atualmente no Siena, o atacante brasileiro sofreu com contusões, não conseguiu uma boa seqüência de jogos e decidiu que a volta ao país de origem é o melhor para sua carreira. Na mira do Vasco, o jogador admitiu que foi procurado oficialmente pelo clube carioca, mas ressaltou que não tem nada definido ainda.

- Existe o interesse do Vasco, que fez uma proposta oficial. Fico feliz, pois é um clube que tem tradição e uma torcida maravilhosa – declarou Zé Love, em entrevista por telefone ao GLOBOESPORTE.COM. A possível ida para o clube de São Januário seria uma espécie de coincidência para ambas as partes. Afinal, assim como a equipe cruz-maltina tenta se reestruturar após um fim de ano ruim e a saída de diversos jogadores, Zé Eduardo, aos 25 anos, busca o recomeço.

- Tenho o desejo de voltar a jogar no Brasil, recuperar meu futebol, a forma física, ficar mais perto da família. Deus sempre preparou coisas boas na minha vida. Jogo sempre na mão de Deus.

Da Itália, Zé Love guarda diversas decepções. Além dos problemas físicas, foi forçado a sair do Genoa e não gostou de ser deixado em segundo plano pelo Milan. Ao ser questionado sobre o suposto teste no clube rossonero, chega a se irritar e aumentar o tom de voz. Mas, quando o assunto mudou para as aventuras do autointiulado \"jogador mais lindo do Brasil\" na Bota, as risadas voltaram.

- Está bom, viu? Não está ruim, não (risos). Mas meu pensamento agora é voltar a jogar.

Confira na íntegra a entrevista com Zé Eduardo:

GLOBOESPORTE.COM: Muito tem se falado sobre o interesse do Vasco na sua contratação. Como está a negociação?

Zé Eduardo: Existe o interesse, o Vasco fez proposta oficial. Antes eu já havia falado do meu desejo de voltar a jogar pro Brasil, recuperar o futebol, a forma física, ficar mais perto da família. Infelizmente tive um ano de contusões. Nunca tive contusão em oito anos de profissional, mas acabei chegando aqui e me lesionando. Fico feliz pelo interesse, o Vasco é um grande clube, tem tradição e uma torcida maravilhosa.

Como é a proposta? Você viria por empréstimo?

É por empréstimo, pois tenho mais quatro anos de contrato com o Genoa. Estou esperando, tem pessoas trabalhando com isso, domingo estou indo pro Brasil de férias, para passar o Natal e o Ano Novo. Já falei da minha vontade, respeito o Siena, os torcedores, mas meu desejo é jogar. O Brasil vem crescendo muito, agora teve a conquista do Corinthians. Está melhorando muito.  

Outros clubes te procuraram?

De maneira oficial só o Vasco, mas tem um clube de São Paulo e outro de Minas Gerais que me ligaram. Mas é o que eu digo: Deus sempre preparou coisas boas na minha vida. Sempre jogo na mão de Deus.

Você despontou para o futebol no Santos. Ainda acompanha o time?

Acompanho muito o Santos. Eu posso estar em outro clube no Brasil, mas sempre vou ter carinho pelo Santos, que mudou a minha vida. Sempre tive carinho especial pelo Santos, foi onde ganhei títulos, fiz amigos. Sou muito amigo do Neymar, falo com ele direto, mas um cara que sempre foi um pai para mim foi o Edu Dracena. Até hoje eu ligo para ele, peço conselhos. Neste fim de ano ele vai me pagar um churrasquinho, está me devendo (risos).

Caso volte para o Brasil, já imaginou um duelo com o Edu?

Na verdade, ainda não é certo. Tenho que esperar a decisão do clube. Está bem encaminhado, as coisas estão adiantadas. Deus sempre prepara o melhor na minha vida.

Atualmente você está no Siena. Como está se saindo?

Meu grande problema são as lesões. Aqui no Siena, em sete jogos fiz dois gols. Acabei tendo problema de contusão, o departamento médico é um pouquinho difícil, é um modo de trabalhar diferente do nosso. Tenho 25 anos e nunca tive lesão, nunca fiquei fora de um treino, sempre fui reconhecido pela minha forma física, por correr, ajudar, brigar. Aqui, infelizmente, fiquei sete meses parado, quando voltei tive quee operar o apêndice, fiquei mais um mês parado. No meu último jogo, fiz gol contra o Torino, mas acabei sentindo o adutor. O frio também atrapalha.

Qual é a diferença do departamento médico na Itália para o brasileiro?

A maioria dos jogadores brasileiros que se machucam aqui volta ao Brasil para se tratar. No Brasil o departamento médico é bem melhor, mais estruturado. É um trabalho diferente. Aqui acaba que às o jogador volta antes do tempo em que deveria retornar. Isso acaba prejudicando. Mas o treino é mais pesado. Tem bem mais trabalho físico, mais academia.

O Siena está em último lugar no Campeonato Italiano. O que aconteceu?

A gente começou com seis pontos a menos. Se não tivesse isso, estaríamos em 13º lugar (Nota: a equipe estaria na 14ª posição), não é uma campanha tão ruim. O que pegou mesmo foi a punição, atrapalhou também no lado psicológico. O Siena tem um bom time, ganhamos de grandes clubes, como o Inter de Milão no San Siro. O Campeonato Italiano é muito parelho, é muito \"ganha e perde\". Ainda assim, estamos a três pontos de sair da zona de rebaixamento (NR: o Siena está a quatro pontos do Palermo, último time fora da degola).

O estilo de jogo na Itália te atrapalhou?

Aqui é muita tática. O Siena é estruturado, mas não é um grande clube. A gente procura primeiro defender, e depois atacar, é um pouco diferente.Estou jogando numa posição que não é a minha, fazendo coisas que no Brasil eu não precisava, então tenho que me adaptar a isso. Desde que cheguei, fiquei muito tempo parado, e isso acabou me atrapalhando.

Antes de ir para o Siena, você foi contratado pelo Genoa, mas jogou pouco. O que te prejudicou?

Foi a questão das contusões mesmo. Fiz uma boa pré-temporada, em cinco amistosos fiz seis gols, mas eles queriam contratar o Borriello, que é um jogador que tem muito respeito por aqui, e para isso tinham que tirar dois jogadores da folha salarial, e escolheram eu e o Gilardino. O presidente do Genoa, Enrico Preziosi, é muito criticado por fazer muitas negociações, mudar bastante o time...Eu vim para o Siena faltando uma hora pra fechar o mercado de transferências. Eu estava bem no Genoa, fazendo gol, o que despertou o interesse do Milan. Eu não entendi nada. De repente eles chegaram para mim e falaram: “Você vai ter que ir para o Siena. Se não for, vai ficar treinando separado e não vai jogar”. Na hora eu me assustei, porque eu estava bem, estava com moral com a torcida. Para não ficar parado, eu aceitei.

Iria receber do mesmo jeito se só treinasse, mas a gente sempre quer jogar, né?


Tenho 25 anos e nunca tive lesão, nunca fiquei fora de um treino.

Você ficou chateado?

Fiquei muito chateado. Recentemente os dirigentes do Genoa vêm me ligando, e eu não atendo o telefone. Não achei legal a forma como saí. O próprio Gilardino...É um cara que tem nome, foi campeão mundial pela Itália.

Ainda pensa em voltar para lá?

Tenho mais quatro anos de contrato. Mas a minha intenção é, se concretizar a minha volta para o Brasil, é fazer um grande ano para o clube em que eu estiver ter a opção de compra. E assim, ficar no Brasil. Não é que eu não pense em voltar, mas de imediato quero voltar para o Brasil, fazerum grande campeonato, jogar como estava no Santos, fazendo gol, ganhando título...Eu penso em voltar a jogar.

E a história de que você faria um teste no Milan? Foi isso que aconteceu mesmo?

Não tem nada disso de teste. Eu pertenço ao Genoa, um clube de primeira divisão, e, além disso, vim contratado com boas referências. Não tem como, por exemplo, sair do Flamengo e ir para o Vasco fazer um teste. Eles queriam uma coisa que eu, junto com o Genoa, não aceitei, queriam que eu esperasse até o fim da janela de transferências. Respeito o Milan, todo jogador sonha em atuar lá, mas penso no meu caráter, na minha dignidade. Preferi voltar para o Genoa, onde queria ficar. Fiquei muito chateado, mas já passou. Agora penso em jogar bola, voltar à forma física.

Você já se intitulou o jogador mais lindo do Brasil. Já tentou usar esse charme com as italianas?

(Risos) Estou solteiro. Sou o mais novo solteiro do pedaço. Mas está bom, viu? Não está ruim, não. Lógico que o homem pensa sempre em estar com alguém, mas meu pensamento agora é voltar a jogar, dar alegria para o time que eu defender. Eu sou marcado pelo meu bom humor, pelas minhas brincadeiras, estou sempre de bem com a vida. Gosto de chegar no meu local de trabalho, riste e tentar alegrar ao máximo o grupo. No Santos, desde o porteiro até o cozinheiro, o presidente, sempre fui muito querido, sempre tratei todo mundo igual.

Você também chamou a atenção recentemente ao comprar um carro de luxo. Você sempre teve interesse por automóveis?

Na Itália não é difícil ter um carro desse. No Brasil é muito complicado, os preços são um absurdo. Eu tinha esse sonho e acabei comprando. Gosto muito de andar com ele, mas agora não estou andando muito porque está chovendo bastante. Mas não me desfaço do dinheiro, sempre que vou fazer alguma coisa na minha vida procuro conversar com os meus pais. É um baita carro, mas não comprei porque chama a atenção, e sim porque tinha vontade. Quero voltar para o Brasil, mas o carro vai ficar aqui. Tenho mais quatro anos de contrato.

Tirando os problemas de contusão, você gostou de viver na Itália?

É um pais maravilhoso, muito bonito. Siena é uma linda cidade, uma cidade universitária. Roma, então, nem se fala, é maravilhosa. Meu problema não foi adaptação, eu falo italiano, em seis, sete meses eu já estava conversando. A questão foi minha primeira lesão. Não consegui adquirir forma física.

Fonte: ge
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