A 777 Carioca adotou uma nova estratégia para tirar da diretoria associativa do Vasco o controle da SAF antes de o clube promover a recuperação judicial. A ideia da empresa, através do novo escritório de advocacia à frente do processo na Justiça do Rio, é retomar o controle majoritário, priorizar a venda para um novo investidor e evitar que todo o seu investimento seja perdido. No total, a 777 aportou mais de R$ 300 milhões no clube, cujo controle foi retirado através de decisão liminar.
Com a iminência de negociações mais avançadas entre o presidente Pedrinho e investidores estrangeiros, a 777 Carioca entrou com alguns pedidos para que a Justiça, se não revogar a liminar, limite o Vasco de agir como se fosse dono único da SAF. Nos bastidores, o entendimento é que a vitória parcial e não definitiva foi obtida por arranjos políticos e paixões clubísticas. Agora, o processo está nas mãos do desembargador Cesar Cury, que já negou recurso da empresa para derrubar a liminar ano passado, e vai avaliar o pedido novamente.
Desde janeiro, o escritório que toma conta do processo para a 777, o Dickstein Advogados, adotou postura mais proativa e tem o objetivo de deixar claro que a empresa vai postular indenização pelos atos praticados pelo Vasco caso não seja envolvida nas discussões. Já houve pedido de prestação de contas sobre a situação atual do clube e a respeito das negociações por uma venda da SAF, que pertencia a 777 em 70%, contra 30% do Vasco.
Novos aportes sob dúvida
Segundo a empresa alega nos autos do processo, o acordo de acionistas aprovado pelo Vasco deixava claro que não poderia haver decisão isolada de nenhum sócio. Atualmente, o clube associativo conduz a SAF sozinho e toma decisões sobre os recursos aportados até aqui. A 777 admite internamente que caso reverta a decisão novos aportes estariam comprometidos pela insegurança jurídica de todo o processo. E que isso seria um exemplo ruim para as SAFs no Brasil em geral.
Nesse cenário, o maior temor é que os credores colocados de lado retornem, pois a prorrogação das cobranças no Regime Geral de Execuções já está no fim. O pedido de acordo e adiamento foi feito pela SAF, sob liminar, sem participação da 777, que alega estar diante de atos irreversíveis do Vasco, que deveriam estar sujeitos a aprovação da justiça em função do caráter provisório da decisão que mantém a SAF sob o controle do clube associativo.
Arbitragem lenta e acordo no horizonte
O processo de arbitragem, que poderia intervir e decretar o fim da decisão provisória, anda a passos lentos, e não tem perspectiva de ser concluído nos próximos meses. As partes trabalham com a ideia clara de que o Vasco seguirá no modelo atual ao longo de 2025, salvo a liminar seja revogada. Um acordo não é descartado pela empresa para que todo o imbróglio se encerre, de forma que o Vasco e a A-Cap, seguradora que negocia pela 777 no processo de arbitragem, não precisem esperar uma decisão.
Para se ter uma ideia, a perícia pedida após o deferimento da liminar foi provisória, não encontrou documentos conclusivos, e ficou pelo caminho, no aguardo da arbitragem. Sem a nomeação dos três árbitros finalizada, nada pode acontecer. Por outro lado, a diretoria administrativa, que já tomou o clube como um todo, descarta qualquer reaproximação com a 777 e trabalha por uma venda sem pressa, enquanto demonstra força jurídica para seguir no poder.